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KIRCHNER E FERNÁNDEZ: MUITO TRABALHO PELA FRENTE. FOTO: JUAN MABROMATA/AFP
Por AFP
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Peronista
supera Mauricio Macri, mas prevê tempos difíceis
"Alberto
Fernández foi eleito no domingo 27 presidente da Argentina ainda no
primeiro turno. O peronista de centro-esquerda superou o atual
ocupante do cargo, o liberal Mauricio Macri, com 47,99% dos votos,
contra 40,48%.
Mais
de 96% das urnas foram apuradas e 80,1% dos argentinos compareceram
às urnas.
Para
vencer no primeiro turno, Fernández precisava de 45% dos votos ou
40% mais 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Com
o resultado, o advogado de 60 anos, que tem como vice a ex-presidente
Cristina Kirchner (2007-2015), assumirá em 10 de dezembro a
Presidência de um país com 44 milhões de habitantes e que está
mergulhado em uma grave crise econômica.
“Os
tempos que vêm não são fáceis. A única coisa que nos preocupa é
que os argentinos parem de sofrer”, disse Fernández, visivelmente
emocionando diante de milhares de seguidores, no domingo.
Ao
seu lado, Kirchner pediu a Macri que nos últimos dias de seu mandato
“tome todas as medidas necessárias para aliviar esta situação
dramática”. Fernández se reunirá com o atual presidente nesta
segunda-feira 28.
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“Transição
ordenada”
Em
suas primeiras palavras após a eleição, Macri reconheceu a derrota
e cumprimentou Fernández, prometendo realizar uma oposição “sadia
e construtiva”.
“Cumprimentei
o presidente eleito Alberto Fernández. Acabo de falar com ele sobre
a grande eleição que fizeram. Convidei-o a tomar café-da-manhã
amanhã (segunda) na Casa Rosada porque tem que começar um período
de transição ordenada, que leve tranquilidade aos argentinos”,
disse, em seu centro de campanha em Buenos Aires.
O
engenheiro, de 60 anos, termina sem mandato com um país mergulhado
em sua pior crise econômica desde 2001, com uma inflação elevada
(37,7% em setembro) e aumento da pobreza (35,4%). O presidente se
defende afirmando que precisou fazer ajustes para pôr ordem o
desequilíbrio econômico que encontrou ao assumir em 2015.
A
a coalizão presidencial, Juntos pela Mudança, ao menos assegurou a
prefeitura de Buenos Aires com a reeleição de Horacio Rodríguez
Larreta, que obteve 55,51% dos votos. No entanto, o candidato
peronista Axel Kicillof superou María Eugenia Vidal por mais de 13
pontos e será o novo governador da província de Buenos Aires.
“Pressão
sobre o peso”
Os
investidores temem que a vitória de Fernández implique o retorno
das políticas intervencionistas do kirchnerismo (2003-2015).
Analistas se questionam ainda quem vai governar: Fernández, ex-chefe
de gabinete de Cristina e seu marido, o falecido Néstor Kirchner, ou
a ex-presidente de 66 anos.
Fernández
garantiu mais de uma vez que os depósitos bancários argentinos
estão a salvo e rechaçou que se volte a repetir o fantasma da crise
de 2001, quando foram congelados os depósitos e ‘pesificados’ os
que eram em dólares.
Mas
os argentinos já deram demonstrações de pânico. Desde as
primárias, houve saques em moeda americana que superaram os 12
bilhões de dólares. E só na sexta-feira, o Banco Central
perdeu outros 1,755 bilhão em reservas para frear a desvalorização
da moeda.
Nesta
segunda-feira, “haverá muita pressão sobre o peso e sobre os
bancos, mas os mercados já anteciparam os resultados. A reação não
será tão brutal como após as primárias de agosto”, afirma
Nicolás Saldías, pesquisador do Wilson Center.
“Confiança”
Em
meados de julho de 2018, em meio a uma corrida bancária, Macri
recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que concedeu ao
país um empréstimo de 57 bilhões de dólares em troca de um ajuste
fiscal que freou ainda mais a economia argentina. Restam a liberação
de 13 bilhões de dólares, mas a entidade espera o resultado das
eleições.
Fernández
assegurou em várias ocasiões que cumprirá com o pagamento. Mas
além dos mercados, precisa dar segurança aos milhões de pessoas
que votaram em Macri.
“Fernández
deverá restaurar a confiança no kirchnerismo. Nos próximos meses e
até assumir, Macri será o presidente e Fernández terá o poder”,
afirma Saldías.
“Têm
que dar sinais de que trabalham juntos, caso contrário, a situação
se tornará insustentável”, adverte.
Outra
interrogação é o que acontecerá com as dezena de processos
judiciais abertos por suposta corrupção contra Cristina Kirchner,
cinco deles com pedido de prisão preventiva. Alguns destes casos
também atingem os filhos da ex-presidente, que possui foro
privilegiado.”
Fonte:
Carta Capital