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Descoberta das ossadas ocorreu em 1990, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina. |
"Hoje, 1 de abril, marca os 61 anos da implantação do regime militar no Brasil. Entre os muitos locais que carregam as marcas desse período sombrio, um dos mais impactantes é a Vala de Perus, no Cemitério Dom Bosco, na Zona Oeste de São Paulo.
Fonte: Instagram/@nabil bonduki
Nesse local, pelo menos 1.049 corpos foram enterrados de forma clandestina em um descampado nos fundos da administração. A descoberta das ossadas ocorreu em 1990, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina. Os restos mortais eram não só de presos políticos durante a ditadura militar, mas também de vítimas do Esquadrão da Morte – grupo de policiais ligados ao crime organizado que perseguia e executava pessoas de facções rivais e às vezes também opositores do regime –, além de pessoas em situação de rua e vítimas da epidemia de meningite que o governo militar tentou esconder da população.
O cemitério foi construído entre 1969 e 1971, durante a gestão de Paulo Maluf, então prefeito da cidade e apoiador do regime. A existência da vala clandestina só viria à tona em 1990, graças ao trabalho investigativo do jornalista Caco Barcellos.
A repercussão levou à abertura de uma CPI na Câmara Municipal, que motivou novas apurações e ações da Prefeitura. Entre os destaques desse processo, está Dalmo Dallari, então secretário de Negócios Jurídicos, que teve papel fundamental no início da identificação das vítimas.
Das mais de mil ossadas encontradas, apenas cinco foram identificadas. Durante a gestão Haddad, um convênio entre a Prefeitura e o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Unifesp, com participação da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, retomou os trabalhos de acondicionamento e identificação dos restos mortais. A tecnologia empregada visava a identificação e a criação de um banco de DNA para reconhecer indigentes. Esse procedimento deveria ter sido ampliado para todos os sepultamentos na cidade, mas nunca foi exigido pelo poder público.
A Vala de Perus é um símbolo dos crimes cometidos durante a ditadura militar e um lembrete de que não podemos permitir a anistia daqueles que, em 2023, atentaram contra a nossa democracia. DITADURA NUNCA MAIS! #semanistia #democracia #ditaduranuncamais"
Nabil Bonduki é vereador da capital paulista, é arquiteto e urbanista, prof. da Fau, USP
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