terça-feira, 21 de setembro de 2021

Bolsonaro mente descaradamente na ONU sobre o meio ambiente, economia e ainda defende tratamento ineficaz contra a Covid-19

Bolsonaro no país das maravilhas                 Fonte: Greepeace
 Bolsonaro discursa na ONU como pode? Que vergonha para o país 
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 Fonte: g1.globo.com/Política

      

"Primeiro a discursar na abertura da Assembleia Geral, presidente se posicionou contra o chamado passaporte sanitário para vacinados e afirmou que não há corrupção no governo."


"Em discurso nesta terça-feira (21) na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Jair Bolsonaro usou dados distorcidos para exaltar a política ambiental e o desempenho da economia brasileira durante o seu governo e defendeu a adoção do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, cuja ineficácia é cientificamente comprovada.

No discurso, Bolsonaro também:

      se posicionou contra o chamado passaporte sanitário, que confere benefícios às pessoas que tenham se vacinado contra a Covid-19;

  • afirmou que não há corrupção no governo;
  • citou dados fora de contexto para dizer que o desmatamento na Amazônia diminuiu;
  • disse que as manifestações de 7 de Setembro foram "as maiores da história", o que não corresponde à verdade; 
    • disse que o desempenho econômico do Brasil neste ano é um dos melhores entre os países emergentes. Vale lembrar que a inflação é a pior nos últimos 25 anos.

Primeiro chefe de Estado a discursar, Bolsonaro disse não entender por qual motivo "muitos países, juntamente com grande parte da mídia", se opõem ao tratamento precoce contra a doença. Em função de ter sido comprovado pela ciência e medicina a ineficácia dos tratamentos propostos pelo "gabinete paralelo"  

"Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso 'off-label' [fora do que prevê a bula]. Não entendemos por que muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", disse Bolsonaro.

O tratamento precoce, por meio do uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, vem sendo defendido pelo presidente desde o ano passado. No entanto, estudos científicos já comprovaram a ineficácia desses remédios contra a Covid.

Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a cloroquina não deve ser usada como forma de prevenção; a Associação Médica Brasileira (AMB) diz que o uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid deve ser banido; e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que a cloroquina não tem efeito e deve ser abandonada.

Vacinação


Bolsonaro também disse defender a vacinação contra a Covid-19 e afirmou que, até novembro, todos os brasileiros que quiserem poderão se imunizar. Se tivesse comprado a vacina, quando lhe foi proposto, se não houvesse corrupção na compra de vacinas e se seu ministro da saúde, o médico Marcelo Queiroga não dissesse absurdos quanto a vacinação de adolescentes.

Entretanto, ele se posicionou contra restrições adotadas por países contra pessoas que se recusam a tomar a vacina.

"Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil serão atendidos. Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina", disse Bolsonaro.

Essa é a terceira vez que Bolsonaro discursa como presidente do Brasil — o representante do país é encarregado de abrir oficialmente a fala dos presidentes mundiais desde 1947.

Corrupção


Bolsonaro também disse que o Brasil "mudou" após a sua chegada ao Planalto e afirmou que não há corrupção em seu governo

"O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019. Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção".  

Apesar da declaração do presidente, autoridades encontraram indícios de corrupção no caso do contrato para a compra da vacina Covaxin. O governo, diante da suspeitas de irregularidades, cancelou o contrato.

O contrato da Covaxin se tornou alvo da CPI da Covid e do Ministério Público Federal. Não apenas na Covaxin, mas no contrato da Astrazeneca.

Um grupo de juristas coordenado pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior entregou recentemente à CPI da Covid um estudo sobre os possíveis crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia. O grupo citou o caso Covaxin e um possível crime de prevaricação, que fica caracterizada quando um funcionário público dificulta ou atrasa alguma obrigação de seu cargo.

Atos de 7 de Setembro


Bolsonaro também citou as manifestações em favor do governo que ocorreram no 7 de Setembro, quando, em ameaça golpista ao Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes.

O presidente disse ainda que "no último 7 de Setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história". Ele vai ver em 2 de outubro que será muito maior e não vamos ter "vim de graça". 

Os atos de 7 de Setembro não foram os maiores já registrados no país. Apesar de não haver um balanço nacional, as imagens registradas no dia revelam uma manifestação muito menor que as registradas contra a presidente Dilma Rousseff, por exemplo. E no caso das Diretas Já, que movimento nacional da sociedade civil contra a ditadura e que reuniu partidos de esquerda, centro-esquerda e até da direita. 

Meio ambiente


Bolsonaro dedicou parte do discurso à preservação da Amazônia, ponto em que o governo é criticado dentro e fora do país em razão da política ambiental e dos altos índices de desmatamento e queimadas.

O presidente afirmou que "na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior". Vale lembrar que 2020 era ele mesmo que governava o país.

Essa redução percentual é verdadeira: em agosto de 2020, houve 1.359 km2 da Amazônia Legal sob alerta de desmatamento, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em agosto deste ano, foram 918 km2 – a queda corresponde a 32%. Ele desgoverna o país desde janeiro de 2019, quando foi eleito pelas fakes news. 

Os dados, entretanto, não traduzem toda a realidade ambiental e ignoram o contexto de avanço da destruição sob a gestão do atual governo.

Em 2021, por exemplo, a Amazônia teve o primeiro semestre com a maior área sob alerta de desmate em 6 anos

Apesar de ter havido uma queda de 5% no desmatamento da Amazônia entre as temporadas de 2019-20 e 2020-21, as áreas sob alerta nos dois períodos ainda são as maiores desde 2015, quando o Inpe começou a medi-las.

Bolsonaro disse ainda que 84% da floresta está “intacta” e convidou os presentes na assembleia a visitar a floresta.

Entretanto, de acordo com o Inpe, o desmatamento acumulado hoje na Amazônia corresponde a mais de 800 mil km2. A área original da floresta monitorada por satélite nos nove Estados da Amazônia Legal é de 3.994.454 km2. Ou seja, foram desmatados cerca de 20% da floresta, permanecendo 80% de pé."

No discurso, Bolsonaro também questionou, em tom retórico, "qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?". Nenhum país do mundo "deixa a boiada passar", como sugerido e aceito pelo ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles.

Outros biomas também têm tido perdas com a política ambiental brasileira: no Cerrado, por exemplo, houve a maior área sob alerta de desmatamento para agosto desde 2018. O número de focos de incêndio – considerados os números de janeiro a agosto – foi o maior desde 2012.

No Pantanal, houve recorde de queimadas em 2020. Um levantamento divulgado neste mês aponta que 17 milhões de animais vertebrados morreram por causa das chamas no bioma no ano passado.


Fonte: globoplay

Economia


Ao falar sobre economia, Bolsonaro distorceu informações sobre o desempenho do Brasil e sobre a criação de empregos no país. Ele esqueceu de falar de dizer que aumentou o desemprego no país, 14, 4 milhões que já temos pessoas desoladas (que são aquelas que já nem tem  mais esperança de encontrar emprego).

Bolsonaro afirmou que a estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2021 é de 5%. E que o Brasil tem um dos melhores desempenhos econômicos neste ano entre os países emergentes. Não é isso que o Banco Central afirma. Bolsonaro esqueceu de colocar o zero e a virgula na frente do 5%, isso chutando alto. A economia do país está falida. E quem é o ministro responsável pela pasta da economia, Paulo Guedes que foi colocado por quem? Bolsonaro.

"Lembro ainda que o nosso crescimento para 2021 está estimado em 5%", disse, no discurso. 

Outro absurdo ele diz que o auxilio emergencial foi de 800 dólares. Onde Bolsonaro?

Em um ranking de 48 países, o Brasil aparece em 38º em desempenho do PIB do segundo trimestre, atrás de países como México, China, Chile, Peru e Turquia.   

Bolsonaro afirmou ainda que, durante seu governo, o Brasil "recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos." Muito pelo contrário os investidores estrangeiros e empresas estão saindo do país, por exemplo, a Ford. O dólar subindo e a bolsa de valores caindo.

A bolsa brasileira de fato vem recebendo volumes recordes de investimento estrangeiro. Parte dessa entrada se deve, no entanto, à recente alta de juros, e ao enorme volume de recursos disponíveis lá fora, graças principalmente ao pacote bilionário de ajuda dos Estados Unidos.

Desemprego


Bolsonaro afirmou ainda no discurso que o Brasil terminou 2020 "com mais empregos formais do que em dezembro de 2019" e que isso ocorreu "graças às ações do nosso governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca de US$ 40 bilhões."

Havia mais empregos formais ao final de 2020 que no fim de 2019. No entanto, as vagas perdidas entre março e junho do ano passado não foram totalmente recuperadas.


Fonte: globoplay

Assembleia


Bolsonaro é o único dos líderes do G20 (grupo das 19 principais economias do mundo e a União Europeia) presentes à Assembleia Geral da ONU a dizer que não tomou a vacina contra a Covid-19. Será mesmo?

Jornais dos Estados Unidos e do Reino Unido noticiaram que o presidente brasileiro participaria da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sem ter tomado a vacina.

A sede da ONU fica na cidade de Nova York, onde há exigência de um comprovante de vacinação para que as pessoas entrem em ambientes públicos que são fechados (como o saguão onde acontece a reunião)

A Prefeitura de Nova York pediu para que os chefes de estado fossem obrigados a comprovar vacinação para entrar no prédio das Nações Unidas, mas o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a entidade não tem como exigir isso.

Na segunda (20), o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou uma foto em uma rede social em que Bolsonaro e parte da comitiva brasileira comem pizza na rua, em Nova York.

Bolsonaro e sua comitiva comendo pizzas na rua de Nova Iorque

A cidade exige, desde 16 de agosto, que as pessoas apresentem comprovante de vacinação contra a Covid-19 para frequentar lugares fechados, como restaurantes, cinemas, teatros e academias."

BOLSONARO NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU


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