quinta-feira, 16 de setembro de 2021

"Risco de tsunami na costa brasileira após alerta de erupção de vulcão é remoto, dizem especialistas"

Ilhas Canárias - Tubos Vulcânicos — Foto: RPC
Por Ana Beatriz Rocha, G1 PB*

"Segundo ele, o que poderia causar uma tsunami seria uma erupção explosiva, ou seja, o desmoronamento de parte do vulcão. Isso porque, de acordo com ele, os sismos que costumam ocorrer na área do Cumbre Vieja são moderados, e o que pode gerar tsunamis são abalos sísmicos de alta intensidade.

Caso haja uma erupção capaz de desestabilizar a estrutura rochosa do vulcão, causando um desmoronamento, essa queda iria gerar um movimento de massas d’água. Esse movimento criaria altas ondas, que atingiriam toda a costa do Atlântico.

Ele compartilha a opinião do pesquisador paraibano e afirma que não há motivos para  preocupação com um Vulcão pode provocar tsunami no norte e nordeste do Brasil

Fonte: G1.com/Mundo

O coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aderson Nascimento, explica que nenhum alerta foi feito ao órgão.

“Essa chance é muito pequena de acontecer. A gente como órgão de sismologia,
ninguém soube e nenhum alerta que foi emitido pelo serviço geológico espanhol ou
algum órgão oficial dizendo que isso está acontecendo”.

"Apenas uma erupção explosiva, com desmoronamento de parte do vulcão, poderia  ser capaz de afetar o Nordeste brasileiro."


"Um alerta amarelo de risco de erupção do vulcão Cumbre Vieja emitido nesta quinta-feira (16) reacendeu a discussão de possibilidade de formação de tsunamis que poderiam atingir a costa brasileira. No entanto, especialistas em geociências e sismologia ouvidos pelo G1 afirmam que a chance do desastre acontecer é remota.

Localizado na ilha de La Palma, nas Ilhas Canárias, próximo à costa do continente africano, o vulcão, que estava adormecido há décadas, deu sinais de atividades sísmicas.

O alerta emitido pelo governo espanhol indica que não há certeza de abalos, mas que o cuidado se estende para os próximos dias ou semanas. Globo Repórter esteve na região no ano passado (assista os vídeos mais abaixo).

O Instituto Geográfico Nacional da Espanha detectou 4.222 tremores no parque nacional Cumbre Vieja, em volta do vulcão. Nos últimos dias, além de aumentar o volume de movimentos sísmicos, a intensidade aumentou com abalos que tiveram magnitude superior a 3.

Relembre abaixo outros vulcões em erupção este ano:

  • VÍDEO: drone sobrevoa vulcão na Islândia e mostra erupção de perto
  • Vulcão de lama entra em erupção no Mar Cáspio; veja vídeo
  • Vulcão entra em erupção em São Vicente e Granadinas, no Caribe
  • Em maio, o monte Nyiragongo entrou em erupção no Congo

  • Segundo o pesquisador Saulo Vital, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (NEUD), não existem estudos aprofundados com simulações numéricas sobre os impactos para a costa brasileira, então seria difícil especificar com clareza quais estados seriam afetados por um possível tsunami.

  • Porém, devido ao formato da costa brasileira, a proximidade do Nordeste com as Antilhas torna a região mais vulnerável, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

  • Alerta não é preocupação para o Brasil


  • O professor e pesquisador Saulo Vital explica que existem quatro níveis de alerta, o amarelo é o segundo nível, que trata-se, na verdade, de um estado de observação por causa dos pequenos sismos dos últimos dias. O pesquisador afirma que o alerta é importante, mas não é dos mais graves.

  • Segundo ele, o que poderia causar uma tsunami seria uma erupção explosiva, ou seja, o desmoronamento de parte do vulcão. Isso porque, de acordo com ele, os sismos que costumam ocorrer na área do Cumbre Vieja são moderados, e o que pode gerar tsunamis são abalos sísmicos de alta intensidade.

  • Caso haja uma erupção capaz de desestabilizar a estrutura rochosa do vulcão, causando um desmoronamento, essa queda iria gerar um movimento de massas d’água. Esse movimento criaria altas ondas, que atingiriam toda a costa do Atlântico.

O coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aderson Nascimento, explica que nenhum alerta foi feito ao órgão.

“Essa chance é muito pequena de acontecer. A gente como órgão de sismologia, ninguém soube de nenhum alerta que foi emitido pelo serviço geológico espanhol ou algum órgão oficial dizendo que isso está acontecendo”.

Ele compartilha a opinião do pesquisador paraibano e afirma que não há motivos para preocupação com um desastre tão grande no Brasil.

“A gente não tem essa preocupação no Brasil, porque esse evento é muito pouco provável”, diz. "Agora, eu não estou dizendo que a chance é zero de acontecer, eu estou dizendo que é muito baixa".

Falta de plano de contingência é preocupação


Apesar dos alertas não demonstrarem riscos iminentes, a ausência de plano de contingência preocupa os especialistas em desastres. A preparação para lidar com fenômenos naturais que resultam em grandes estragos é uma das agendas desses pesquisadores, que reafirmam as problemáticas do Brasil nesse sentido.

Para o pesquisador Saulo Vital, acreditar que as chances são baixas é importante para não gerar alarde, mas assumir que, quando se trata de natureza, o imprevisível é possível deve ser um motivo para que o poder público se atente a preparar as cidades e proteger a população.

“Não há, por exemplo, um plano de contingência para fenômenos assim em João Pessoa, assim como várias outras cidades, é necessário que haja essa preparação para reduzir os danos”, explica.

O vulcão, que estava adormecido há décadas, deu sinais de atividades sísmicas. — Foto: Nasa   

Pesquisa levantou a possibilidade de tsunami


A pesquisa mais conhecida sobre o fenômeno foi publicada pelo pesquisador Mauro 
Gustavo Reese Filho, da Universidade Federal do Paraná.

O trabalho observou que o Oceano Atlântico não é famoso pela sua capacidade de 
gerar tsunamis, mas que o vulcão ativo Cumbre Vieja poderia ser o agente 
responsável por um evento desta natureza na região.

Segundo o pesquisador, “uma próxima erupção poderia desestabilizar a encosta da 
ilha e gerar um tsunami que percorreria distâncias transatlânticas, que atingiria 
praticamente todos os países banhados pelo Oceano Atlântico”, atesta no estudo.

Apesar do risco, pesquisas publicadas no exterior indicam que casos como esse são
raros e nunca foram registrados na história. A distância entre João Pessoa e a Ilha de
Palmas é de 6.309,41 quilômetros.

As ondas inundaram até 4 quilômetros distantes da linha de costa, principalmente em locais com
influência de rios, nas proximidades da Ilha de Itamaracá (PE). Em Tamandaré a inundação foi de
até 800 metros. Já em Lucena foi de aproximadamente 300 metros.

Tsunami na costa do Brasil em 1755

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro encontrou evidências da chegada de
um tsunami em praias da costa brasileira em 1755, como resultado de um terremoto
que atingiu Lisboa. A onda gigante atravessou o Atlântico e causou estragos na costa
brasileira. O estudo foi liderado pelo professor Francisco Dourado, do Centro de
Pesquisas e Estudos sobre Desastres.


Ao todo, foram 270 quilômetros de trabalho de campo em 22 praias entre Rio Grande
do Norte e o sul de Pernambuco, com quatro pontos de coleta de amostras. Mas a
onda gigante atingiu toda a costa nordestina, com relatos de ter chegado também ao
Rio de Janeiro, no sudeste do País.


“No material coletado, a gente vê elementos químicos que não eram pra ser
encontrados ali. Eram pra ser encontrados em regiões com mais profundidade. Ou
seja, algo trouxe aqueles elementos até ali. Da mesma forma, há vestígios de
microanimais que não deveriam ser encontrados na praia”, afirmou o pesquisador à
UERJ na época da pesquisa.

Na região da praia de Lucena, na Paraíba, as ondas variaram entre 1,8 e 1,7 m de
altura. Na região de Pitimbu, no mesmo estado, a altura das ondas ficou entre 1,5 e
1,1 m; na região pernambucana de Tamandaré, variou entre 1,9 e 1,8 m. As ondas
não chegaram muito altas,
mas o volume de água foi grande.

As ondas inundaram até 4 quilômetros distantes da linha de costa, principalmente em
locais com influência de rios, nas proximidades da Ilha de Itamaracá (PE). Em
Tamandaré a inundação foi de até 800 metros. Já em Lucena foi de aproximadamente
300 metros...

Fonte: G1.com/Paraíba

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