Limite da Caixa para financiar imóvel usado fica menor que da concorrência
Em seis bancos consultados, limite permanece em até 80%.
Anefac fez
simulação de financiamento com as novas condições da Caixa.
Por Darlan Alvarenga
Com
a redução do teto de financiamento com recursos da poupança para
compra de imóveis usados pela Caixa Econômica Federal (de 80% para
50% na modalidade mais procurada), os bancos privados passaram a
oferecer, ao menos por enquanto, um teto maior que o oferecido pela
instituição que lidera o crédito imobiliário no país.
Ou
seja, o comprador que não tiver o valor mínimo exigido para a
compra de um imóvel usado pela Caixa pode conseguir na concorrência
– mas com taxas de juros, em geral, mais elevadas.
Consultados, os 6 maiores concorrentes da Caixa informaram que, por ora,
continuam financiando até 80% do valor do imóvel.
Veja
as condições de cada um mais abaixo:
Mudanças
na Caixa começaram a valer desde segunda-feira (4).
A
mudança vale apenas para imóveis usados financiados com recursos da
poupança – ficam de fora da mudança o crédito para a habitação
popular, como o programa Minha Casa Minha Vida, e os financiamentos
com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). O
banco detém 70% de todos os financiamentos de imóveis no país.
Pelas
novas regras, os financiamentos com recursos da poupança (Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo) terão uma redução do limite
do valor total financiado de 80% para 50% do valor do imóvel no
Sistema Financeiro de Habitação (SFH), e de 70% para 40% para
imóveis no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), pelo Sistema de
Amortização Constante (SAC).
Oportunidade
para a concorrência
Para o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a mudança deve fazer crescer a procura por financiamentos nos bancos privados.
"Num
primeiro momento, vai ocorrer uma migração. Há a possibilidade
deles [os bancos privados] pegarem um pouco desse mercado que até
então era cativo da Caixa. Vamos ver sim esses bancos crescerem as
suas carteiras, aproveitando a oportunidade", afirma Oliveira.
O
especialista avalia, no entanto, que, dependendo da demanda, esses
bancos poderão também seguir a Caixa e tomar algum tipo de medida
para restringir o crédito.
"A
princípio não devem fazer isso em razão do próprio ambiente da
economia. A inflação alta, a queda de renda, os juros em alta, o
medo do desemprego, tudo isso leva o consumidor a adiar o plano da
casa própria. E isso deve ajudar os bancos a suportar essa demanda
num primeiro momento", afirma.
Piores
condições de crédito
Apesar do maior estímulo à concorrência, o diretor da Anefac destaca que não há dúvida de que ficou mais difícil financiar um imóvel.
"As
condições de crédito pioraram muito. E só essa mudança da Caixa
(diminuição do teto) já deixa o crédito mais difícil, porque os
bancos privados são muito mais seletivos", afirma Oliveira,
citando tanto as mudanças nas regras da Caixa, a elevação das
taxas de juros e as mudanças na política econômica do Governo
Federal. "Quando se fala em financiamento habitacional, estamos
falando de valores altos, portanto qualquer qualquer pequena
alteração tem impacto forte no custo final do imóvel",
destaca.
A
restrição no crédito imobiliário da Caixa ocorre após a
caderneta da poupança ter registrado uma saída líquida (retiradas
menos depósitos) de R$ 11,43 bilhões em março, a maior fuga de
recursos da aplicação para todos os meses. Quando a captação da
poupança é reduzida, os recursos para empréstimos ficam mais
escassos.
No
primeiro trimestre de 2015, foram destinados R$ 24,1 bilhões à
compra e construção de imóveis, segundo pesquisa da Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip). O
resultado ficou 4,6% abaixo do verificado no mesmo período do ano
passado.
Os
imóveis usados representam a maior parte dos financiamentos feitos
no país. Em 2014, foram 202 mil imóveis usados financiados ante 142
mil imóveis novos.
Simulação
para imóvel usado no valor de R$ 700 mil
Uma simulação feita pela Anefac mostra que, no caso de um imóvel usado no valor de R$ 700 mil, a entrada mínima para financiamento pela Caixa passou de R$ 140 mil para R$ 350 mil, levando em consideração que os recursos estariam aplicados mensalmente na poupança. Ou seja, uma diferença de R$ 210 mil. O que exigirá mais tempo de economia para reunir o valor exigido para a entrada.
ANTES
– Aqui, o banco estaria financiando o valor de R$ 80%
correspondente ao valor de R$ 560 mil e o consumidor precisaria ter o
restante de 20% (montante de R$ 140 mil)
– em 3 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 3.495,61
– em 5 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 1.945,40
– em 3 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 3.495,61
– em 5 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 1.945,40
AGORA
– Aqui, o banco estaria financiando o valor de R$ 50%
correspondente ao valor de R$ 350 mil e o consumidor precisaria ter
os outros 50% (montante de R$ 350 mil)
- em 3 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 8.739,02
- em 5 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 4.863,49
- em 3 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 8.739,02
- em 5 anos ele precisaria poupar mensalmente o montante de R$ 4.863,49
De
acordo com a Anefac, com as condições de crédito mais restritas
na Caixa, as taxas ficaram muito mais variáveis entre os bancos, o
que exige ainda mais pesquisa por parte do consumidor a fim de
comparar cada uma das propostas.
"Não
tem muito o que fazer. É barganhar e pesquisar muito porque agora
existe uma variação grande de taxa de juros", diz o diretor.
Regras
para financiamento de imóveis usados
Confira abaixo os limites, regras e taxas informadas pelos principais bancos:
Confira abaixo os limites, regras e taxas informadas pelos principais bancos:
CAIXA
Financia
até 50% do valor do imóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação
(SFH) e até 40% pelo Sistema Sistema Financeiro Imobiliário
(SFI)
Taxa balcão efetiva: 9,45% ao ano
Taxa balcão efetiva: 9,45% ao ano
Banco
do Brasil
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados
Taxa de juros referencial: 9,9% + TR
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados
Taxa de juros referencial: 9,9% + TR
Itaú-Unibanco
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados, com valor mínimo de R$ 50 mil
Valor da parcela deve comprometer até 35% da renda líquida do comprador
As taxas de juros são negociadas após aprovação de crédito
Bradesco
Financia até 80% do valor para imóvel novo ou usado
Prazo máximo do financiamento é de 30 anos
Valor da parcela deve comprometer até 35% da renda líquida do comprador
Taxa efetiva balcão para imóveis até R$ 750 mil: 9,60% ao ano
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados, com valor mínimo de R$ 50 mil
Valor da parcela deve comprometer até 35% da renda líquida do comprador
As taxas de juros são negociadas após aprovação de crédito
Bradesco
Financia até 80% do valor para imóvel novo ou usado
Prazo máximo do financiamento é de 30 anos
Valor da parcela deve comprometer até 35% da renda líquida do comprador
Taxa efetiva balcão para imóveis até R$ 750 mil: 9,60% ao ano
Santander
Financia até 80% do valor de imóveis novos e usados
Taxa de juros a partir de 9,6% ao ano + TR (condições de crédito variam de acordo com o perfil do cliente e seu relacionamento com o banco)
Financia até 80% do valor de imóveis novos e usados
Taxa de juros a partir de 9,6% ao ano + TR (condições de crédito variam de acordo com o perfil do cliente e seu relacionamento com o banco)
HSBC
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados
O prazo máximo do financiamento é de 30 anos
As taxas dependem do relacionamento com o cliente
Financia até 80% do valor de imóveis novos ou usados
O prazo máximo do financiamento é de 30 anos
As taxas dependem do relacionamento com o cliente
Citibank
Financia até 80% do valor para imóveis novos e usados
Taxa de juros de 8,90% ao ano + TR para clientes Citibank com relacionamento
Financia até 80% do valor para imóveis novos e usados
Taxa de juros de 8,90% ao ano + TR para clientes Citibank com relacionamento
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!