Misturar com álcool ou triturar o comprimido comprometem eficácia da medicação
Tomar
o medicamento acompanhado de líquidos com sabor
POR CAROLINA
SERPEJANTE
Tomar
o medicamento acompanhado de líquidos com sabor
O
líquido mais indicado para acompanhar a ingestão de todos os tipos
de medicamentos é a água.
"Isso porque algumas medicações desencadeiam reações
químicas quando ingeridas com sucos, leite, refrigerantes, chás ou
café, que podem comprometer sua eficácia", explica a clínica
geral Fernanda Galvão, da Amil, em Brasília. De acordo com a
especialista, um bom exemplo são os antibióticos
com
tetraciclina na composição - essa substância reage na presença de
cálcio, e portanto tem sua eficácia comprometida se ingeridos com
leite.
Outra
combinação perigosa e muito conhecida é remédio e bebidas
alcoólicas. "O álcool pode tanto potencializar quanto
neutralizar os efeitos de um medicamento, em alguns casos ativando
enzimas que transformam o remédio em substâncias tóxicas para o
organismo", alerta a clínica geral Fernanda. Por isso, na
dúvida, sempre tome seus medicamento acompanhados de água apenas.
Misturar com antiácidos
Os
antiácidos também interferem na absorção de medicamentos, para
mais ou para menos, dependendo da interação. "Além de deixar
o estômago com pH alcalino - muitos remédios precisam da acidez
gástrica para serem aproveitados - os antiácidos podem conter
alumínio, que se ingerido com medicamentos que contenham citrato de
cálcio podem atingir níveis tóxicos no sangue, sendo perigosos
principalmente para os rins, que podem ter seu funcionamento afetado
e até sofrer graves consequências", explica a hepatologista
Marta Deguti, do Centro de Referência em Gastroenterologia do
Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
Ingerir o comprimido sem beber água
Assim
como não é recomendada a ingestão de medicamentos com outros
líquidos que não sejam água, tomá-lo a seco também pode trazer
malefícios. "Existe o risco da medicação ficar parcialmente
retida no esôfago, podendo haver irritação na mucosa em que o
comprimido se prendeu", explica a hepatologista Marta. Além
disso, um pouco da dose da medicação é perdida, já que passa a
ser absorvida enquanto está retida. "Um exemplo muito sério é
o alendronato, usado no tratamento da osteoporose, que pode causar,
se retido no esôfago, até mesmo perfuração do órgão",
alerta a especialista. Por isso, deve-se sempre ter muito cuidado com
as medicações, seguir as orientações do seu médico e tirar
dúvidas tanto com ele quanto com o farmacêutico devidamente
habilitado.
Retirar o conteúdo da cápsula
Muitas
pessoas optam por abrir a cápsula do medicamento e ingerir apenas o
pó, para tornar o processo de deglutição mais simples. No entanto,
essas cápsulas são concebidas com a função de proteger a mucosa
da boca e do esôfago do contato com a medicação, para que ela
possa agir de forma lenta, garantindo sua eficácia. ?Para alguns
remédios, a remoção da cápsula pode ter consequências como dor
no tórax, vômitos e esofagite?, diz a hepatologista Marta.
Triturar o comprimido para facilitar a digestão
Com
a justificativa de facilitar a deglutição, também é comum as
pessoas triturarem o comprido ou cortá-lo ao meio, prática que
também pode interferir na absorção pelo organismo. Segundo as
especialistas, os únicos comprimidos que podem ser cortados ao meio
são aqueles que possuem uma linha no meio, desenhada inclusive para
facilitar o corte. "Fora isso, os medicamentos devem ser
ingeridos inteiros, da maneira como vieram na cartela", diz a
clínica geral Fernanda. Os problemas nesse caso são muito parecidos
com o de ingerir o remédio fora da cápsula - o corpo irá
absorvê-lo mais rápido do que deveria, levando a uma intoxicação.
"O desenho do comprimido foi feito para facilitar a ingestão da
quantidade necessária de medicamento e o contato do comprimido com o
ácido gástrico deve dissolvê-lo e quebrá-lo em partículas que
serão absorvidas", afirma a hepatologista Marta. "Se
houver maior dificuldade para ingerir o comprimido, converse com o
seu médico para buscar formulações alternativas."
Ingerir o medicamento em gotas a seco
"As
medicações em gotas também são melhor absorvidas quando diluídas
em água, em vez de pingadas direto na língua ou dadas em colher",
explica Fernanda Galvão. Como geralmente são prescrições
pediátricas, essas já são fabricadas com sabor e aroma diferentes
para facilitar a ingestão pelas crianças. Devemos lembrar que os
medicamentos devem ser diluídos preferencialmente em água. "O
risco da diluição em outras bebidas é principalmente a perda da
eficácia terapêutica", diz Fernanda.
Tomar a medicação fora do horário
As
atividades do organismo variam ao longo do dia de acordo com nosso
relógio biológico, e cada medicamento é estudado minuciosamente em
relação ao tempo que leva para ser absorvido, o tempo de duração
do efeito e modo como é eliminado do corpo de acordo com essas
atividades fisiológicas. "Por isso, atrasar ou adiantar o
horário do medicamento pode reduzir a eficiência e até mesmo
provocar efeitos colaterais", afirma a clínica geral Fernanda.
A hepatologista Marta alerta para os antibióticos e antidiabéticos,
que podem trazer consequências mais sérias. "Se a pessoa está
tomando antibióticos e atrasa um período inteiro, a bactéria pode
tornar a se multiplicar e criar resistência ao antibiótico, já no
caso de antidiabéticos, os níveis de açúcar do sangue podem subir
ou descer demais, o que pode resultar até mesmo em coma", diz.
Preste atenção nas interações com alimentos
Muitos
medicamentos devem ser ingeridos em jejum porque
eles necessitam do ambiente mais ácido do estômago para que sejam
melhor absorvidos. "Já outros são absorvidos com mais eficácia
na presença de alimentos, ou são menos agressivos ao estômago
quando tomados desta maneira", explica a clínica geral
Fernanda. A especialista afirma que existem também substâncias que
possuem interação com determinados tipos de alimentos, formando um
complexo que o organismo não consegue absorver, diminuindo ou até
mesmo neutralizando a ação do medicamento. Por conta disso, o ideal
é perguntar ao médico e sempre seguir as instruções da bula.
Não avisar seu médico que toma anticoncepcional
No
geral, não existem grandes restrições na mistura de remédios com
anticoncepcionais. Mas é preciso estar atenta, pois existem
combinações que reduzem a eficácia do anticoncepcional ou da outra
medicação. A hepatologista Marta cita alguns exemplos: "Remédios
para micose de unha e candidíase, antibióticos, medicações para
epilepsia e para tratamento de tuberculose podem reduzir a eficácia
do anticoncepcional', diz. Além disso, o contraceptivo pode diminuir
a eficácia da aspirina, AAS ou de calmantes, e pode também
potencializar os efeitos do Diazepan, da cafeína, dos corticoides e
de alguns antidepressivos.
Fonte:
Minha Vida
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