Entenda nas perguntas e respostas
Restrição do foro vale para parlamentares, mas poderá no futuro atingir outras autoridades.
Por
Renan Ramalho, G1, Brasília
“A
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta-feira (3)
de restringir
o foro privilegiado de deputados e senadores não
acaba com esse instituto, que existe desde o Brasil imperial e foi
sendo ampliado até a atual Constituição, de 1988.
Saiba
abaixo, nas perguntas e respostas, o que muda com a decisão:
O
que muda com a decisão do Supremo?
No
julgamento, ficou definido que só permanecerão no STF os processos
cujos crimes ocorreram durante o mandato do parlamentar e estejam
ligados às funções do cargo. Os inquéritos e ações penais que
não se enquadrarem nesse filtro serão enviados à primeira
instância da Justiça Federal ou Estadual.
O
que não se altera com a decisão?
Por
ora, a decisão aplica-se somente aos 513 deputados federais e 81
senadores, deixando de fora os 29 ministros de Estado, os três
chefes das Forças Armadas e de 101 magistrados das Cortes superiores
de Brasília, cerca de 140 embaixadores, além de milhares de
autoridades estaduais e municipais.
Quem
vai ser atingido?
Ainda
não se sabe ao certo quais senadores e deputados serão atingidos,
porque caberá ao ministro relator de cada uma das investigações a
que respondem analisar se o crime se enquadra nos novos critérios
para sair do STF. A principal dificuldade, sujeita a questionamentos,
será definir se o delito está ou não relacionado às atividades
parlamentares.
Parlamentares
poderão ser presos?
Mesmo
com as investigações na primeira instância, por crime fora do
mandato e não ligados ao cargo, deputados e senadores continuam
sujeitos à prisão. Mas continuam com uma proteção especial: antes
da condenação, só podem ser presos se forem pegos em flagrante num
crime inafiançável, como racismo, tortura, tráfico de drogas e
terrorismo, por exemplo.
Mesmo
assim, a prisão poderá ser derrubada dentro de 24 horas pela Câmara
ou pelo Senado. Basta que a maioria dos deputados ou senadores votem
contra, para livrar os colegas. No caso de condenação, os
parlamentares ficam sujeitos à prisão para cumprimento da pena após
a confirmação da sentença pela segunda instância, como já ocorre
para os demais cidadãos.
Demais
autoridades podem perder o foro?
Apesar
da decisão do STF se aplicar somente a parlamentares, a Corte pode,
no futuro, decidir sobre a extensão da medida. Segundo o ministro
Luís Roberto Barroso, a decisão desta quinta deverá
levar à discussão sobre a restrição do foro para as demais
autoridades não
atingidas pelo julgamento.
No
julgamento, a aplicação dos novos critérios foi proposta pelo
ministro Dias Toffoli e apoiada por Gilmar Mendes, mas não obteve
maioria favorável entre os 11 integrantes do STF. Se fosse aprovada,
seriam atingidos mais de 38,5 mil agentes públicos federais,
estaduais e municipais, incluindo governadores, prefeitos,
secretários, conselheiros, delegados, entre outros.
No
Congresso, também tramita em fase avançada proposta mais radical,
para acabar com o foro em qualquer situação, exceto para os
presidentes da República, da Câmara, do Senado e do STF. Como
altera a Constituição, a proposta, no entanto só pode ser aprovada
quando após a intervenção federal no Rio de Janeiro, que termina
no dia 31 de dezembro.”
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