Líder dos caminhoneiros diz que os intervencionistas abastecem os caminhoneiros com comida e água (Nelson Almeida/AFP |
Fabiana Futema - VEJA.com
“O governo federal diz que já chegou ao limite das
negociações com os caminhoneiros e
que atendeu as principais reivindicações da categoria. Uma delas é a promessa
de queda de 0,46 centavos no preço do diesel por
60 dias. Líderes dos caminhoneiros dizem que a questão agora não tem mais
relação com a categoria. Eles culpam os ‘intervencionistas’ pela continuidade
da greve da categoria, que entrou no nono
dia de paralisação nesta terça-feira.
Segundo eles, esses movimentos se infiltraram entre os
caminhoneiros para difundir ideias em favor do intervencionismo militar e derrubada
do governo Michel
Temer . “Existem aqueles que não encerraram a greve porque
querem intervenção e derrubar o governo. E existem também aqueles que se sentem
comprometidos com a população e passaram a defender também a queda do preço da
gasolina”, afirma Ivar Schmidt, líder do (Comando Nacional dos Transportes
(CNT).
Na avaliação de Schmidt, os caminhoneiros não podem se
comprometer com a pauta de toda a população. “Quando um professor faz greve,
ele para pelas causas dos professores. Não dá para uma única categoria querer
resolver os problemas da população toda.”
Schmidt
afirma que os intervencionistas conseguiram o apoio dos caminhoneiros, pois são
eles que abasteceram os grevistas com água e comida. “É fácil manipular o
caminhoneiro, eles estão desconfiados com as promessas do governo, pois nada do
que foi prometido na greve de 2015 foi cumprido.”
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou no fim da tarde desta segunda-feira,
28, que motoristas autônomos que querem voltar a trabalhar estão sendo
ameaçados de “forma violenta por forças ocultas” que impedem o fim da greve.
“São pessoas que querem derrubar o governo”, afirmou Fonseca, sem citar nomes
ou grupos políticos aos quais essas pessoas estariam ligadas. “Estão usando o
caminhoneiro como bode expiatório.”
O ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha , disse ontem que existe ‘infiltração’ política
dentro do movimento grevista dos caminhoneiros. “Vamos fazer de tudo para
que os infiltrados sejam retirados e, dessa forma, os caminhoneiros possam
voltar ao trabalho, afirmou.
Já Francisco Wilde Bittencourt Ferreira, presidente do
Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Volta Redonda e Região Sul
Fluminense (Sinditac-VR), diz que propostas feitas pelo governo federal
para encerrar a greve ainda não foram suficientes para acabar com os bloqueios
nas estradas. “O sindicato aguarda a definição da tabela com o referencial dos
valores de frete”, diz ele.
Além disso, segundo ele “existe um temor [dos
caminhoneiros], porque o Rio de Janeiro está sob intervenção, então o Senado
não pode votar medidas provisórias”. De acordo com o dirigente sindical, cerca
de 9 mil caminhoneiros atuam na região sul fluminense. “A maioria está parada.
Mas as rodovias estão liberadas, inclusive o acostamento”, diz.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos
(CNTA) afirmou que os pedidos da categoria já foram atendidos e que, “aos
poucos a greve se desmobiliza”. A CNTA não soube estimar, no entanto, quantos
caminhoneiros já voltaram ao trabalho.”
Fonte: Veja.com
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