Isto é |
"Ainda que cada vez menor, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro é um daqueles mistérios inexplicáveis da política brasileira. Mesmo entre seus apoiadores, é grande a dificuldade em apontar alguma iniciativa construtiva nesses quase três anos de governo. Incitar a população a se armar parece ser a única coisa de concreto que o presidente fez. Isso faz todo sentido para alguém cuja estratégia de governo não inclui nenhum tipo de construção, mas, ao contrário, visa apenas a destruição das instituições brasileiras.
Hoje, 7 de setembro de 2021, é o dia da infâmia. O dia em que uma parcela de arruaceiros pequena, mas barulhenta, quer chamar a atenção para seu putrefato umbigo. A maioria dessa corja é formada por mentecaptos. O mais preocupante é ver a parte ignorante da elite brasileira unida em torno do caos. É aquele tipo de gente que compra quadro para combinar com o tapete e que joga lixo no chão em São Paulo, mas não em Miami. Não é uma questão política, é de caráter, mesmo. Graças a essa gentalha, rica de dinheiro e pobre de espírito, que o Brasil, um país considerado pária para o resto do mundo, hoje se olha no espelho e sente vergonha.
O País não se deu conta do perigo que era a eleição de Bolsonaro. Na época da campanha, durante o curto período que passou fora do hospital, o então candidato dava a impressão de ser apenas um tipo caricato, uma figura patética que alimentava sua claque de malucos com declarações estapafúrdias em programas de TV de quinta categoria. Não imaginávamos que o próprio Brasil seria transformado em algo muito pior: um reality show estrelado por Olavo de Carvalho, Paulo Guedes, zeros à esquerda e outros personagens menos ilustres e ainda mais exóticos.
Desde que assumiu, Bolsonaro tem um único objetivo: destruir o Brasil. É, provavelmente, o único caso na história de um presidente que tomou posse apenas para se vingar daqueles que o consideravam um maníaco psicopata – característica que ele tem comprado reiteradamente desde então. Pensando de maneira pragmática – se é que isso é possível no Brasil de 2021 –, devemos nos perguntar: o que quer Bolsonaro? Na verdade, a formulação mais adequada seria: Bolsonaro quer dar esse tal golpe para quê? Não há resposta simplesmente porque não há objetivo.
É o discurso pelo discurso. Não há um projeto no horizonte, nem sequer a vontade de realizar algo. Bolsonaro não quer trabalhar: quer apenas ter tempo livre para criticar quem quer. O presidente reclama do Legislativo, insulta o Judiciário, aterroriza oponentes políticos. Com qual objetivo? Isso não é uma pergunta retórica: o que Bolsonaro quer fazer que há tanta gente impedindo? A resposta é: nada.
Ele não quer fazer nada porque nunca quis fazer nada. Seu objetivo é o caos, a calamidade pública. Bolsonaro não tem um objetivo em si. Ou seja, não é que ele quer o poder para realizar reformas, melhorar a vida da população ou qualquer outra realização pontual e lógica que se espera de um homem público decente. Ele quer apenas destruir, porque é mais fácil. Para construir é preciso desejar criar algo. E essa criação exige uma empatia e um bom senso que está muito distante de sua personalidade. O golpe que ele sonha dar é para que seus filhos, aliados e comparsas possam continuar extorquindo funcionários públicos em paz, mentindo nas redes sociais sem problemas, saqueando o meio ambiente sem ninguém encher o saco. Só isso. O maior desafio do Brasil é reunir forças para puni-lo, assim como a todos os seus cúmplices. Sete de setembro: hoje é dia de gritar “Brasil ou Bolsonaro”."
Fonte: Istoé.com
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