Fonte: Lili Schwarcz
"Quem nunca viu esta famosa tela do pintor Pedro Américo? Um belo “Grito do Ipiranga”, cheio de pompa, com Dom Pedro em cima do cavalo, e em uma colina parecendo um pedestal.
Infelizmente, porém, a imagem serve mais para a celebração do que para a realidade. Em primeiro lugar, não foi coincidência o príncipe estar às margens do Rio Ipiranga. Documentos mostram que d. Pedro não estava muito bem de suas funções intestinais e precisava como mostram as fontes “apear-se”. E ele também não estava em missão oficial, mas sim voltando de uma visita à sua amante, a Marquesa de Santos; logo, não estaria trajando aquela roupa paramentada. Mais uma observação entre tantas: Estas viagens longínquas costumavam ser vencidas no lombo de burros, não em cavalos suntuosos. Por fim, não havia colina, mas apenas um terreno plano. Américo conscientemente sacrificou a geografia em nome da nação.
O resultado é que uma independência conservadora, que construiu um império e não uma república (como no resto do continente) foi elevada a ato revolucionário. Essa é mais uma face de nossa história muito masculina, branca e europeia. É preciso rememorar essa data com consciência cívica mais crítica, o que significa desejar uma Independência mais plural, com protagonistas mulheres, índios, negros.
Vamos usar a data para refletir: Afinal, que independência queremos celebrar?"
Fonte: canal da Lili Schwarcz
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