Por Equipe eCycle - eCycle
"Não é novidade que o ambiente sofre com a degradação, seja por conta das queimadas constantes, seja pela falta de chuvas, resultado das mudanças climáticas e da ação humana. Atenta aos desafios contemporâneos, a nova edição da revistaEstudos Avançados, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, publica o dossiê Energia e Ambiente, que propõe estratégias para o desenvolvimento sustentável, como destaca o professor Sérgio Adorno, editor da revista, que assina o editorial. Entre os problemas, aponta Adorno, estão o monitoramento da qualidade do ar, as preocupações com a infraestrutura verde para minimizar os impactos da poluição atmosférica e os recursos hídricos como forma de integração regional e transfronteiriça, além de outras questões, como energia eólica, urbanização, biodiversidade e ecologia política.
Em 2019, ano em que as Academias Nacionais de Ciências e Medicina da África do Sul, Alemanha, Brasil e Estados Unidos da América lançaram uma iniciativa político-científica para a redução da poluição atmosférica, a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu a poluição atmosférica e a mudança do clima, juntas, como o principal tema de atenção à saúde, escrevem Evangelina da Motta Vormittag, Samirys Sara Rodrigues Cirqueira, Hélio Wicher Neto e Paulo Hilário Saldiva, no artigo que abre o dossiê, tratando da questão a partir do contexto brasileiro. Segundo os autores, lideranças das nações foram convocadas a se comprometerem com a Iniciativa Ar Limpo (ONU, 2019), visando a alcançar uma qualidade do ar segura para a saúde de seus cidadãos e a alinhar as suas políticas de redução da poluição do ar e mitigação das emissões associadas às mudanças climáticas até 2030.
Será que o Brasil está preparado para os impactos da mudança climática? Foto: exame.com |
Outro debate diz respeito à chamada infraestrutura verde, tema do artigo seguinte, que apresenta a questão como forma de monitorar e minimizar a poluição atmosférica. O texto, assinado por vários autores, mostra que a capacidade natural da vegetação verde em capturar contaminantes transportados pelo ar tem sido reconhecida como um serviço ecossistêmico. Segundo os autores, diversos trabalhos científicos têm enfatizado quão necessária é a presença de árvores para reduzir os impactos negativos do processo de urbanização. Os estudos indicam que os benefícios das árvores ultrapassam os limites da qualidade ambiental, pois também melhoram o bem-estar físico e mental das cidades, informam.
Um estudo acerca da água é relatado em A Água como Elemento de Integração Transfronteiriça: o Caso da Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo, de Fernanda de Moura Fernandes, Gilberto Loguercio Collares e Rafael Corteletti, que trata da experiência de cooperação entre Brasil e Uruguai, originada na década de 1960, um caso pioneiro de arranjo intergovernamental voltado para o manejo de bacias hidrográficas transfronteiriças no âmbito da América do Sul. A cooperação estatal no caso da Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo foi fundamental na construção da gestão compartilhada da água transfronteiriça. O desenvolvimento de uma visão comum sobre o território, em torno dos múltiplos usos da água, tem um impacto direto no desenvolvimento regional e no adensamento das relações sociais e econômicas entre Brasil e Uruguai, escrevem.
O futuro passa pela biodiversidade
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