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sexta-feira, 25 de março de 2022
Notícias locais: Educação – Em Poços de Caldas houve manifestação dos Educadores, assim como no Estado de Minas e na capital BH
Em frente à prefeitura de Poços de Caldas centenas de Educadores - Foto: Diney Lenon
Por Ana Lúcia Dias
Em Poços de Caldas também houve manifestações, na última segunda-feira(22) em frente à Prefeitura pelo Piso Nacional para Educação, lei aprovada pelo ex-presidente Lula em 2008, Lei nº 11738/08. Mas os educadores terão de esperar até 15 dias para que a Prefeitura de Poços de Caldas apresente o estudo de impacto. Daí a assembleia decidirá se aceita ou não a proposta.
Educadores em frente à prefeitura de Poços de Caldas. Foto Rubens Trevisan
Durante a manifestação, uma comissão foi chamada na Prefeitura para reivindicar os direitos junto à secretária de administração municipal, Ana Alice de Souza e o secretário de fazenda do município, Alexandre Lino Pereira. As Prefeituras receberam o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
Educadores de todo o Estado de Minas demoraram muito tempo, cerca de 14 anos para reivindicar o direito ao Piso Nacional, mas “antes tarde do que nunca”. Nossas crianças e jovens precisam de cada dia mais de professores capacitados para ensinar aos alunos como enfrentar um mercado de trabalho tão exigente e tão desigual em termos do ensino público no país, em especial em Minas Gerais, que é um Estado com 853 municípios, tão belo na natureza e com gente que preserva a gentileza como princípio.
A maioria dos Educadores são servidores públicos, ou seja, a maioria é concursada. E na Constituição vigente de 1988, o que concede a eles plenos direitos de estabilidade no emprego. Quer dizer, a paralisação ou greve em casos de não cumprimento de Leis federais é um direito. E a greve é um direito de todo trabalhador que sinta lesado em algum dos seus direitos. Isto também está na Carta Magna do País de 1988.
Foto: Tiago Mafra
Centenas de educadores foram à manifestação por melhores salários. Vamos pensar... Um professor ganhando o justo pode dedicar-se mais as aulas em só uma escola. Não é necesssário trabalhar nas demais escolas para complementar a renda como fazem quase todos os educadores nos municípios, divindindo seu tempo em escolas públicas e particulares para atingir um salário justo.
Os pais não imaginam o que ser professor em uma sala de 45 alunos
Imagine um(a) professor(a) tendo uma família, pois a maioria deles são casados, chegando em casa depois de trabalhar o dia inteiro com as nossas crianças e jovens, com cerca de 45 alunos por sala de aula. A valorização da Educação é fundamental! Se quisermos que o país cresça. E de quem estudou para isso, no caso, os professores, eles têm de ter Pedagogia como graduação. Isso foi exigido pelo Piso Nacional. Para receber o Piso Nacional é necessário a graduação em Pedagogia.
Temos de apoiar e respeitar os professores nesta luta para que nossas crianças e jovens tenham aulas de qualidade. Basta que os pais relembrem á época mais crítica da pandemia, quando as aulas foram paralisadas e tornaram-se híbridas, ou seja, que consiste na organização de atividades presenciais e virtuais de forma integrada nas quais muitos professores (as) tiveram de aprender como se realizava tal atividade.
Educador, professor e vereador Diney Lenon (PT) na manifestação
Com a palavra o professor e vereador mais votado, Diney Lenon: –"Na segunda-feira houve uma paralisação dos Professores que lutam pelo Piso do Magustério e como trabalhador fiz meu dever, participei, como sempre. A paralisação foi uma proposta de minha autoria aprovada pela Assembleia.
Acredito que se não surgisse essa proposta talvez teríamos mais ofícios, notinhas no jornal, paciência e espera diante da *injustiça contra os professores*.
Quem estava na Assembleia pode avaliar isso. Durante a manifestação solicitei a fala e pude, inclusive *elogiar a direção do sindicato* que, apesar de *não propor a paralisação*, respeitou a decisão da assembleia.
No final, após perceber que estávamos sendo enrolados pela administração, pedi a palavra novamente para fazer uma proposta de mais mobilizações, não necessariamente uma greve, mas organização da luta e me foi negada a fala. Isso é grave. *Censurar um trabalhador*, mais do que isso, um lutador de anos de militância ao lado da classe e não lhe permitir a fala para apresentar uma proposta é algo que me fez pensar: *de que lado estaria o sindicato naquele momento? Que estratégia mansa e pacata seria aquela?* Esperar, esperar, esperar...
Exigi com firmeza sim, o meu direito. Fui chamado de oportunista, alegaram que estava ali fazendo palanque político, fui ofendido por alguns com essas insinuações, mas percebi *amplo apoio*.
Não sou oportunista, não foi minha primeira manifestação e não aceito esse rótulo desmerecedor e desrespeitoso. Ao invés de valorizarem o apoio, alguns se sentiram ameaçados, talvez. A direção, com o monopólio da fala, com o *monopólio do microfone me negou o direito de falar* e apresentar uma proposta para a classe e sim, falei com firmeza.
Nunca vi um lutador ser censurado dessa forma. Que eu pudesse apresentar a proposta e se a maioria não concordasse democraticamente fosse ela votada e derrotada, mas não censurada.
Estava ali, *sem microfone, disputando sim a fala* com alguém que falava no *carro de som*. Manso não conseguiria superar a injustiça. Não é do meu perfil me calar diante da injustiça cometida contra alguém e ali eu era quem a sofria. Fui firme sim! O resto é tentativa de desqualificar nossa luta.
Vaidade? Peleguismo? Medo? Não sei, mas jamais vou reagir passivamente diante da censura. Só isso.
Machismo? Sou fruto de uma sociedade machista, não nego e como tal, procuro todos os dias aprender o respeito e procuro contribuir para a luta das mulheres no enfrentaremos da sociedade patriarcal, mas ali não houve machismo, não naquele momento, houve sim a revolta, a indignação de alguém que tentava usar a palavra para apresentar uma proposta de luta e estava sendo cerceado do seu direito. Era uma postura da direção que questionava.
Estranha é a firmeza de alguns para atacar um trabalhador que discorda da direção sindical, *que bom seria se houvesse esse empenho para defender a classe e enfrentar com a mesma determinação o patrão*. Os servidores me conhecem, os professores me conhecem e sabem que minha postura sempre foi de acolhimento, escuta, respeito e defesa dos oprimidos, mas com os opressores, com seus aliados e cúmplices jamais serei doce, terão sempre minha mais firme e absoluta resistência.
Continuo na luta, na trincheira onde sempre fiz minha história. *Estive em manifestações contra governos até do meu partido*, muitos sabem disso e nunca mudei de lado, essa história merece respeito.
Ninguém precisa ter medo, não vou me candidatar ao Sindicato, *não quero ocupar o lugar de ninguém*, assim, com o compromisso de representar a classe trabalhadora me mantenho, mesmo que pra isso tenha que enfrentar aqueles que, ao invés de avançarem na luta, estimularem a organização e o movimento social agem como amansadores, pois estes sim, fazem um desfavor para a luta de classes."
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