Cerca
de 30% dos microrganismos encontrados em moscas varejeiras
são capazes de
causar doenças em seres humanos.
Entre
as bactérias encontradas nos corpos dos insetos estavam a Yersinia
pestis, causadora da peste bubônica, a Helicobacter
pylori, associada ao surgimento de gastrite, úlcera e câncer
de estômago, e diversas espécies que podem provocar
gastroenterite, pneumonia e infecções urinárias.
A
conclusão é de um estudo feito por pesquisadores da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), da Pensilvânia, dos Estados Unidos,
e da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.
"Todo
o mundo sabe que moscas são insetos sujos, mas o índice de
bactérias patogênicas foi tão alto que ficamos assustados. É o
microbioma mais patogênico já descrito. Vamos iniciar agora alguns
experimentos para descobrir se elas apenas transportam os
microrganismos ou se podem, de fato, transmitir essas doenças para
as pessoas ao pousar na comida,
por exemplo", contou Ana Carolina Martins Junqueira, membro da
equipe.
Os cientistas analisaram
a microbiota encontrada no corpo de 127 moscas, de 19 espécies que
costumam ser atraídas por matéria orgânica
em decomposição. Os insetos foram coletados em 12 locais
diferentes do Brasil e dos Estados Unidos, incluindo um mercado de
comidas, hospitais, parques municipais, lixão, e também áreas
rurais.
De
acordo com a pesquisadora, o número de patógenos encontrados nas
moscas de ambientes urbanos foi muito maior que nas demais,
provavelmente porque nesse ambiente há maior quantidade disponível
de lixo e de matéria orgânica em decomposição.
"O
grande problema é que esses insetos comutam facilmente entre um
ambiente sujo, como um lixão, e o churrasco das nossas casas. Nas
moscas coletadas dentro do hospital, por exemplo, encontramos
bactérias responsáveis por dois terços das infecções
hospitalares do mundo,", disse Ana Carolina.
Além
das bactérias patogênicas para humanos, acrescentou a
pesquisadora, também foram encontradas espécies que podem causar
doenças em animais e em plantas.
"Defendemos
a hipótese de que esse tipo de inseto pode ser usado como sensor
ambiental e ajudar a predizer surtos, principalmente em regiões de
fronteira, portos, aeroportos. Poderíamos monitorar a contaminação
dos ambientes por meio da análise do microbioma das moscas",
afirmou a pesquisadora.
Fonte:
Agência Fapesp
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