Um veículo do Exército dos EUA na Síria DELIL SOULEIMAN AFP |
"Presidente declara derrota do Estado Islâmico, mas a retirada é vista como prematura no próprio Pentágono e rejeitada pelos ‘falcões’ republicanos"
Por
Amanda Mars
"Donald
Trump decidiu
não esperar mais e começará a retirar as tropas norte-americanas
da Síria por considerar derrotado o grupo terrorista
autodenominado Estado
Islâmico.
A retirada, que o presidente promete desde antes de chegar à Casa
Branca, gera receios dentro do próprio Pentágono, temeroso de um
recrudescimento terrorista e de uma maior influência iraniana na
região. Após
sete anos e meio milhão de mortos,
a guerra civil síria continua sendo um barril de pólvora, com
múltiplas frentes abertas, e um adeus de Washington deixa várias
questões.
Não
há, entretanto, informação clara sobre a data ou o ritmo dessa
retirada. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse em nota
que alguns militares já começaram a voltar para casa no marco de
uma “transição para a próxima fase desta campanha”. Enquanto
isso, um porta-voz do Pentágono ressaltou que por enquanto o
Exército continua trabalhando com seus parceiros na região. “A
coalizão liberou o território das mãos do EI, mas a campanha
contra o EI não acabou”, disse. O assunto tinha aparecido pela
manhã nas páginas do The
Wall Street Journal,
que antecipou a retirada dos efetivos no nordeste da Síria, onde,
junto com a área centro-norte, sob controle curdo, concentra-se a
maior parte do contingente norte-americano desde 2015. Depois, fontes
da Defesa informaram em diversos veículos de comunicação que a
decisão já estava tomada ou em consideração, mas que os
bombardeios contra o Estado Islâmico continuariam.
A
diferença de matizes e a falta de precisão quanto a prazos reflete,
sobretudo, uma divisão na Administração.
Vários falcões republicanos
no Congresso, como Marco Rubio e Lindsey Graham, também criticaram a
medida, qualificando-a como “erro colossal”. Altos funcionários
do Pentágono temem que uma retirada das tropas sirva para que o Irã
e a Rússia ganhem influência na zona e estimule um recrudescimento
do EI, porque, embora o califado fundado por Abubaker al Bagdadi
tenha sido derrotado, milhares de jihadistas permanecem no deserto
fronteiriço entre a Síria e o Iraque. Além disso, a retirada
norte-americana deixa em perigo as tropas curdas, aliadas do Exército
norte-americano, e as tropas árabes que compõem as chamadas Forças
Democráticas Sírias. A Turquia qualifica como terroristas esses
grupos curdos, que controlam um terço da Síria.
A
disputa interna em Washington já se mostrava evidente no mês de
abril. “Quero ir embora. Quero trazer nossas tropas de volta a
casa, começar a reconstruir nossa nação”, disse Trump,
garantindo que a decisão sereia iminente. No dia seguinte, porém,
a Casa
Branca matizou
que a presença militar norte-americana se manteria enquanto não
fosse erradicada a “pequena presença do EI” remanescente na
área.”"
Fonte:
El País
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