Presidente Michel Temer |
“Valor
supera o empenhado pela ex-presidente Dilma Rousseff para tentar
barrar impeachment”
Por
Isadora Peron, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
- "Com a denúncia por corrupção passiva tramitando na Câmara, o
presidente Michel Temer reforçou a liberação de verbas para os
parlamentares. Somente em junho, o governo empenhou mais de R$ 1,8 bilhões em
emendas. O valor já supera o empenhado pela ex-presidente Dilma
Rousseff para tentar barrar o impeachment no ano passado.
No
acumulado do ano até maio, o governo havia empenhado apenas R$
102,5 milhõesem emendas. Ao todo, cada parlamentar
pode apresentar até 25 emendas individuais. O valor total previsto
para emendas este ano é de R$
6,3 bilhões.
A
liberação desses recursos é vista como uma espécie de moeda de
troca entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e costuma ser usada
pelo governo para garantir apoio em votações importantes. Para
barrar o seguimento da denúncia, Temer precisa do voto de pelo menos
172 dos 513 deputados.
Além
dos valores empenhados, que é uma espécie de promessa de pagamento
futuro, o governo também reforçou a liberação dos chamados restos
a pagar, recursos referentes a emendas de outros anos que ainda não
haviam sido pagas. Somente em junho, foram liberados cerca de R$
535 milhões, quase um terço do valor oferecido no
ano inteiro: R$
1,6 bilhão.
No
ano passado, Dilma também acelerou a liberação de emendas para
tentar barrar o impeachment no Congresso. Somente nos primeiros dias
de maio, o governo empenhou R$
1,4 bilhão em emendas para deputados e senadores.
O afastamento de Dilma, porém, foi aprovado pelos senadores em 12 de
maio.
Ranking. A
maioria dos recursos liberados por Temer em junho tem como foco
deputados e senadores da base do governo. Dos dez parlamentares que
encabeçam o ranking dos valores empenhados, apenas a deputada Alice
Portugal (PCdoB-BA) é de um partido de oposição. O primeiro
colocado é o deputado Jhonatan de Jesus (PRB-RR). Em quinto lugar,
aparece o atual ministro Bruno Araújo (PSDB-PE), que é deputado
licenciado e ameaçou deixar o cargo quando a delação dos
empresários do grupo J&F veio à tona, em 17 de maio.
Líder
do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE) negou que a
liberação das emendas tenha como objetivo ajudar Temer a derrubar a
denúncia. “Se toda vez que o governo liberar as emendas
impositivas, se entender que é um jogo de ação política para a
cooptação de parlamentares, para qualquer que seja a votação,
então nós não vamos mais poder liberar nada”, disse.
Segundo
ele, tanto parlamentares da base quanto da oposição estão sendo
contemplados e, como as emendas são impositivas, o governo tem a
obrigação de liberar, até o final do ano, o orçamento total
previsto para esse fim.
As
emendas parlamentares são os principais recursos destinados a
deputados e senadores para que eles possam viabilizar obras e
benfeitorias em seus redutos eleitorais.
Apesar
do esforço do governo, integrantes da base aliada têm reclamado da
falta de verbas para tirar do papel obras em seus Estados. Na
maratona de conversas que Temer teve com deputados esta semana, essa
foi uma queixa constante. A preocupação dos parlamentares aumenta
conforme o calendário avança, já que 2018 é ano de eleição."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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