Por
Estadão Conteúdo
“A viagem, feita com aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), foi usada pelo presidente para justificar o aumento nos gastos sigilosos da Presidência neste início de ano”
“Com
uma fatura de cartão corporativo que representa o dobro de anos
anteriores, o governo de Jair Bolsonaro decidiu esconder até mesmo
quanto pagou em taxas aeroportuárias na operação que buscou 34
brasileiros na cidade de Wuhan, na China, em fevereiro, quando o país
asiático ainda era o epicentro do coronavírus. Embora o presidente
nem ninguém de sua família tenham viajado junto, os pagamentos
foram classificados como sigilosos pelo Gabinete de Segurança
Institucional (GSI).
A
viagem, feita com aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), foi
usada pelo presidente para justificar o aumento nos gastos sigilosos
da Presidência neste início de ano. Desde dezembro, o governo tem
ignorado uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e se recusa a
explicar como tem usado o dinheiro público via cartões
corporativos. A Presidência tem justificado, nos pedidos feitos via
Lei de Acesso à Informação, que a abertura dos dados e notas
fiscais poderiam colocar em risco a segurança do presidente e de
familiares.
O cartão Corporativo usado pelo executivo é pago por
cidadãos brasileiros
Como
mostrou o Estadão na
semana passada, a conta de janeiro a abril dos cartões vinculados à
Secretaria Especial de Administração da Presidência, que bancam as
despesas de Bolsonaro e de sua família, foi de R$ 3,76 bilhões, o
dobro do que gastaram, em média, seus antecessores no cargo, Michel
Temer e Dilma Rousseff. No dia seguinte à publicação da
reportagem, o presidente disse que a alta nada tinha a ver com gastos
pessoais, mas se devia aos custos da viagem à China, em que três
aviões da FAB vinculados à Presidência foram usados. No mesmo dia,
publicou nas redes sociais que pagou R$ 739,6 mil da operação de
resgate.
Segundo
o Palácio do Planalto, o valor se refere a taxas cobradas pelos
aeroportos em que os aviões pousaram e serviço de comissária aérea
da viagem - alimentação dos tripulantes das aeronaves. Questionado
quanto cada item representou na conta, informou não ser possível
detalhar as despesas, pois são sigilosas. A reportagem também
questionou o GSI com base em qual norma estes gastos - que não estão
vinculados ao presidente ou a seus familiares - foram classificados
como de acesso restrito, mas não obteve qualquer resposta.
Escalas
As
aeronaves usadas na operação de resgate dos brasileiros na China
saíram da Base Aérea de Anápolis, em Goiás, e fizeram quatro
paradas antes de chegar a Wuhan, na China. Com baixa autonomia em
comparação com aviões comerciais, os jatos presidenciais pararam
em Fortaleza, em Las Palmas, que fica nas Ilhas Canárias (Espanha),
na capital polonesa, Varsóvia, e na cidade de Ürünqi, já em
território chinês.
Com
exceção de Fortaleza, onde os aviões da FAB são isentos, em todos
os outros aeroportos são cobradas taxas aeroportuárias. O valor é
tabelado e leva em consideração o tempo de permanência das
aeronaves (maior custo), abastecimento de água, limpeza, e demais
serviços compreendidos no denominado "handling".
Na
operação foram utilizados dois aviões presidenciais Embraer 190
(VC-2) que trouxeram 17 repatriados cada e dois jatinhos de apoio
para troca de tripulação Embraer 135 Legacy 600 (VC-99B), da frota
do Grupo de Transporte Especial (GTE) - usados por ministros e
presidentes do Legislativo e do Poder Judiciário.
Documentos
do Comando da Aeronáutica revelados pelo Estadão em
março mostraram que a operação de resgate dos brasileiros na China
custou ao todo cerca de R$ 4,6 milhões aos cofres públicos - valor
que inclui gastos com o confinamento dos brasileiros na Base Aérea
de Anápolis e a estimativa baseada na "hora voo" de cada
aeronave."
Fonte:
notícias ao minuto /Estadão
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