segunda-feira, 29 de março de 2021

Ministro das Relações Exteriores pede demissão, Ernesto Araújo, como também o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva pediu demissão nesta 2ª feira

Ernesto Araújo deixou o governo Bolsonaro após pressão do Congresso Imagem: Gustavo Magalhães/Ministério das Relações Exteriores"


"O pedido de demissão de Ernesto Araújo da chefia do Ministério das Relações Exteriores fez o governo do presidente Jair Bolsonaro chegar à marca de 16 ministros substituídos do cargo para o qual foram inicialmente nomeados. Esta é a 1ª mudança no Itamaraty, já que Araújo tomou posse no 1º dia da gestão, em janeiro de 2019, e estava intocado até então. O Ministério da Saúde é recordista em número de trocas na atual presidência. Foram 4 alterações no comando da pasta.


O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) pediu demissão na manhã desta 2ª feira (29.mar.2021). O chanceler enfrentava forte pressão para deixar o cargo.

O pedido de demissão foi confirmado por fontes do Palácio do Planalto ao Poder360 e a algumas outras empresas de mídia. A decisão foi avisada por Araújo aos secretários do ministério por mensagem no WhatsApp. Não houve, até o momento, um anúncio  oficial.         

Bolsonaro conversou com Araújo e sugeriu ao diplomata que pedisse para sair, como é praxe nesses casos. O Poder360 ouviu de vários integrantes do governo nesta manhã que a demissão de Ernesto Araújo não seria tão simples. A saída, no entanto, aconteceu mais rapidamente do que se esperava.

O agora ex-chanceler criticou no domingo (28.mar.2021) a senadora Kátia Abreu (PP-TO), foi chamado de “marginal” pela congressista e contestado por vários outros senadores e deputados. Em publicações nas redes sociais, Olavo de Carvalho, Fabio Wajngarten, Abraham Weintraub e Eduardo Bolsonaro apoiaram o titular do Itamaraty no conflito.

NOVO MINISTRO

Nas últimas semanas foi aventado o nome do ex-presidente e senador Fernando Collor (Pros-AL) para assumir o posto chanceler. O Poder360 apurou que há poucas chances de isso acontecer. Há ainda mais 4 nomes citados como candidatos à vaga, mas todos no campo da especulação: os embaixadores Nestor Forster (Washington) e Luiz Fernando Serra (Paris), o almirante Flavio Rocha (secretário de Assuntos Estratégicos) e o deputado federal Luiz Philippe Orleans e Bragança (PSL-SP).

CRISE COM SENADORES

Ernesto Araújo vinha sofrendo crescente pressão para deixar o Itamaraty. Recebeu diversas críticas por manter um discurso anti-China e contra o que definia ser uma “agenda globalista” de organismos internacionais. Nas últimas semanas, a situação se deteriorou.

Pelo menos 5 senadores fizeram menções explícitas à troca de comando no Itamaraty em sessão da qual o próprio Araújo participou na última 4ª feira (24.mar). A leitura dos congressistas é que as posições brasileiras no exterior estariam prejudicando o país na tentativa de trazer vacinas para combater a covid-19, entre outros problemas.

No sábado (27.mar), um grupo de ao menos 300 diplomatas do Itamaraty escreveu uma carta com críticas a Ernesto Araújo. Esse tipo de manifestação é raro na pasta devido à disciplina imposta pela carreira diplomática.

CONFLITO COM KÁTIA ABREU

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e pelo menos outros 7 colegas se manifestaram a favor de Kátia Abreu (PP-TO) e contra Ernesto Araújo na noite de domingo (28.mar). Segundo Ernesto, a senadora pediu a ele um “gesto” em relação ao 5G, o que o pouparia das críticas de senadores.

De acordo com o chanceler, a congressista teria afirmado que isso faria dele “o rei do Senado”. A senadora rebateu. Afirmou que o ministro age de “forma marginal” e está “está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira”. E que defendeu que a licitação para a rede de 5ª geração não tivesse “vetos ou restrições políticas”.

Pacheco disse que “a tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal“. Diversos senadores foram às redes sociais nesse domingo (28.mar.2021) criticar as declarações do ministro Ernesto Araújo.

CRÍTICAS DE LÍDER DO CENTRÃO


O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), lamentou as falas de Ernesto. Essa foi a 2ª crítica do líder que compõe o Centrão a Ernesto Araújo em 3 dias. Na 6ª feira (26.mar), o congressista disse,  ao Poder360, que o Itamaraty “além de não ajudar, nos prejudicou muito” em relação à pandemia."


Mais um ministro pede demissão nesta segunda-feira (29)

Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva também pede demissão

"O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, anunciou a saída do governo Bolsonaro nesta 2ª feira (29.mar.2021). É a 2ª baixa na equipe de ministros no mesmo dia. Mais cedo, Ernesto Araújo pediu para sair da chefia do Ministério das Relações Exteriores.            

Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida” , escreveu Azevedo em nota oficial divulgada à imprensa (íntegra – 381 KB).

Azevedo e Silva teve reunião com o presidente Jair Bolsonaro às 14h, no Palácio do Planalto. Divulgou o comunicado logo depois. A exoneração ainda não foi publicada no DOU (Diário Oficial da União). Até a última atualização desta reportagem, o nome do substituto não havia sido divulgado.

ANIVERSÁRIO DO GOLPE

A saída do ministro da Defesa acontece às vésperas do aniversário do golpe militar de 1964, no dia 31 de março. Nesta data, completam-se 57 anos desde que o Congresso Nacional depôs o então presidente João Goulart e uma junta militar assumiu o poder, dando início ao período ditatorial que perduraria por 20 anos no país.

Em 17 de março, o TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região) decidiu que o Exército poderia realizar comemorações alusivas ao golpe. A decisão foi uma vitória para Bolsonaro, que pretendia realizar atos alusivos à data.

Em 2020, o Ministério da Defesa publicou no site institucional a “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964″. O comunicado celebrava a efeméride e dizia que aquele dia era considerado como um “marco para a democracia brasileira”.

MUDANÇAS NA ESPLANADA - 17ª SUBSTITUIÇÃO

A saída de Azevedo e Silva fez o governo  Bolsonaro chegar à marca de 17 ministros substituídos do cargo para o qual foram inicialmente nomeados. Esta é a 1ª mudança na pasta, já que Azevedo e Silva tomou posse no 1º dia da gestão, em janeiro de 2019, e estava intocado até então."

 

Fonte: Poder 360   

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