Mesmo não sendo projetados para isso, os fones de ouvido atenderam a quase todos os requisitos dos equipamentos médicos. [Imagem: Heng-Yu Haley Lin et al. - 10.1016 |
Por Redação Diário da Saúde
"Aparelhos auditivos
Alguns fones de ouvido vendidos no comércio podem funcionar tão bem quanto os aparelhos auditivos para quem tem audição subnormal. Isso pode ajudar uma grande proporção de pessoas com perda auditiva a ter acesso a aparelhos de amplificação de som mais acessíveis.
Os aparelhos auditivos profissionais são caros e exigem várias visitas a otorrinolaringologistas e audiologistas para serem ajustados a cada paciente. Esses fatores criam grandes barreiras para que muitos pacientes possam usufruir desses aparelhos. Há estimativas de que quase 75% das pessoas com perda auditiva não usam aparelhos auditivos.
"Há também um estigma social associado aos aparelhos auditivos," disse o Dr. Yen-fu Cheng, do Hospital Geral de Veteranos de Taipé (Taiwan). "Muitos pacientes relutam em usá-los porque não querem parecer velhos. Então, começamos a explorar se existem alternativas mais acessíveis."
A atenção dos pesquisadores imediatamente se voltou para os fones de ouvido, que a maioria das pessoas usa em conjunto com os telefones celulares.
Em 2016, a Apple lançou um recurso chamado "Ouvir ao Vivo" (Live Listen) que permite que as pessoas usem seus fones de ouvido sem fio, AirPods e iPhones para amplificação de som. O recurso torna os AirPods funcionalmente semelhantes a um amplificador de som pessoal, projetado para pessoas com audição normal para determinadas ocasiões, como observação de pássaros.
Cheng e sua equipe decidiram então investigar se os AirPods, que são dispositivos amplamente disponíveis, podem servir como aparelhos auditivos alternativos.
Fones para auxiliar audição
A equipe comparou o Airpods 2 e o AirPods Pro - o modelo com recurso de cancelamento de ruído - com um tipo de aparelho auditivo premium e um par de aparelhos auditivos básicos. Os aparelhos auditivos premium custam US$ 10.000, enquanto o tipo básico custa US$ 1.500. Ambos os modelos de AirPods são significativamente mais baratos que os aparelhos auditivos, com o AirPods 2 custando US$ 129 e o AirPods Pro custando US$ 249.
Notavelmente, o AirPods Pro atende a quatro dos cinco padrões de tecnologia exigidos dos aparelhos auditivos.
A equipe testou os quatro aparelhos em 21 participantes com perda auditiva de leve a moderada. Nos testes, os pesquisadores leram uma frase curta, como "As contas de eletricidade subiram recentemente", que os participantes deveriam repetir.
O AirPods Pro teve um desempenho muito semelhante ao dos aparelhos auditivos básicos em um ambiente silencioso, e um pouco inferior aos aparelhos auditivos premium. Os AirPods 2, embora tenham o desempenho mais baixo entre os quatro, ajudaram os participantes a ouvir com mais clareza, em comparação com a audição sem o uso de aparelhos auditivos.
Em um ambiente barulhento, o AirPods Pro apresentou desempenho comparável ao dos aparelhos auditivos premium quando os ruídos vinham da direção lateral do participante. Mas, quando os ruídos vieram da frente dos participantes, os dois modelos de AirPods não ajudaram os participantes a ouvir melhor.
"Duas razões podem explicar a diferença entre os dois cenários," diz Ying-Hui Lai, membro da equipe. "Isso pode estar relacionado às trajetórias pelas quais as ondas sonoras viajam, bem como ao algoritmo avançado de processamento de sinal dos aparelhos auditivos premium. Esperamos que essa descoberta inspire engenheiros a projetar aparelhos auditivos e produtos de amplificação de som pessoais que sejam mais sensíveis em determinadas direções."
Ele acrescenta que o AirPods Pro parece ter um desempenho melhor do que o AirPods 2 provavelmente por causa de seu recurso de cancelamento de ruído."
Artigo: Smartphone-bundled earphones as personal sound amplification products in adults with sensorineural hearing loss
Autores: Heng-Yu Haley Lin, Hoi-Shan Lai, Chii-Yuan Huang, Chih-Hao Chen, Shang-Liang Wu, Yuan-Chia Chu, Yu-Fu Chen, Ying-Hui Lai, Yen-Fu Cheng
Publicação: iScience
DOI: 10.1016/j.isci.2022.105436
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