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"A Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (COP15), em Montreal, tem como objetivo preservar a diversidade de espécies. Mas por que a perda de ecossistemas é tão perigosa?"
"Biodiversidade define a diversidade biológica e genética de todos os seres vivos e ecossistemas do nosso planeta. Os seres vivos incluem mamíferos e plantas, bem como fungos e microrganismos no solo. Os ecossistemas são tão diferenciados quanto a Antártica, a floresta tropical, o Saara, os manguezais, a selva de faias vermelhas da Europa Central ou as várias regiões marítimas e costeiras do mundo.
Esses habitats abastecem o ser humano com um sem-número de coisas essenciais para viver, como água, comida, ar puro ou medicamentos. Ou seja, os ecossistemas prestam os chamados serviços ecossistêmicos − e estes também dependem da interação da biodiversidade. Se elementos individuais forem perdidos, por exemplo, porque espécies estão morrendo, no pior dos casos, também perderemos esse préstimo da natureza.
Como nossa vida depende do meio ambiente
Em outras palavras: sem algas ou árvores, não há oxigênio. Sem insetos para polinizar as plantas, dificilmente conseguiríamos colher alguma coisa, pois mais de dois terços de todas as culturas, incluindo muitos tipos de frutas e legumes, café e cacau, dependem de polinizadores naturais, como insetos. Mas um terço das espécies de insetos em todo o mundo já está ameaçado de extinção.
Embora não possamos sobreviver sem esses serviços da natureza, na maioria das vezes os consideramos óbvios, diz Dave Hole. O especialista em genética ecológica é coautor de um novo estudo para a organização ambiental Conservation International, que lida com serviços ecossistêmicos.
Segundo ele, até 70% das colheitas globais dependem direta ou indiretamente de pôlderes e manguezais intactos, em parte porque eles protegem as áreas cultivadas contra inundações. "Em geral, quando comemos uma tigela de cereais pela manhã, não pensamos muito sobre o que a natureza fez para que pudéssemos comer esses cereais", disse Hole à DW.
Biodiversidade global extremamente ameaçada
O Conselho Mundial de Biodiversidade da ONU (IPBES) estima que existam pelo menos 8 milhões de espécies. Mas, até 2030, até um milhão poderá se extinguir para sempre. A perda de biodiversidade já atingiu proporções extremas – uma espécie morre a cada dez minutos. Segundo a ciência, estamos no meio da sexta extinção global em massa de espécies.
Crocodilo-cubano, altamente ameaçado de extinção, vive no Pântano de Zapata em Cuba - Foto: ALEXANDRE MENEGHINI/REUTERS |
E, de acordo com Hole, a perda de diversidade biológica está acontecendo em uma velocidade vertiginosa – e essa velocidade está até acelerando.
A responsabilidade do ser humano
É consenso entre cientistas que, devido à agricultura, impermeabilização de solos, desmatamento, pesca excessiva, introdução de toxinas na natureza e disseminação de espécies invasoras por humanos, a taxa de extinção é agora até 100 vezes maior do que seria sem influência humana.
Elizabeth Maruma Mrema, secretária executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB), deixou bem claro na entrevista à DW: "As ações humanas levaram à degradação de 97% da biodiversidade global".
Os números listados pela chefe da CBD são assustadores. Assim, 75% da área terrestre e 66% dos oceanos estão danificados, 58% das charnecas estão ameaçadas ou já desapareceram e metade de todos os recifes de coral já morreu. Sendo que estes números nem consideram o lixo plástico acumulado no planeta, enfatiza Mrema
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