“A
quimioterapia, apesar de ser uma das principais vias de tratamento de
diversos tipos de câncer, provoca fortes efeitos adversos por atacar
não só as células tumorais, mas também as saudáveis.
Para
minimizar esse tipo de dano à saúde já debilitada do
paciente, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e
Materiais (CNPEM) e Unicamp desenvolveram uma estratégia de ataque
direto às células doentes, por meio de nanopartículas que levam o
medicamento em altas concentrações até elas, evitando que as
demais sejam atingidas.
A
equipe usou nanopartículas de sílica carregadas de um candidato a
fármaco contra câncer
de próstata,
acurcumina,
um composto natural derivado do açafrão, e revestidas por uma
vitamina que é naturalmente atraída pelas células tumorais, o
folato. Nos testes em cultura de laboratório, as nanopartículas
mataram cerca de 70% das células tumorais de próstata, enquanto
apenas 10% das células saudáveis da mesma linhagem foram atingidas.
"A
célula tumoral, em função do seu metabolismo diferenciado, em
geral tem 200 vezes mais receptores de folato na sua superfície do
que as saudáveis. Dessa forma, as nanopartículas revestidas dessa
estrutura química 'driblam' as células que não precisam ser
atacadas, sendo atraídas pelo seu verdadeiro alvo e entregando a
carga de fármacos em maior concentração", explicou Mateus
Borba Cardoso, responsável pela pesquisa.
Barreiras
in vivo
Apesar
de driblar as células saudáveis e atingir as tumorais com grandes
quantidades de fármaco nos testes in
vitro,
as nanopartículas funcionalizadas enfrentariam outros obstáculos in
vivo para
representarem uma alternativa viável aos efeitos adversos violentos
da quimioterapia,
relacionados a proteínaspresentes no sangue que, em contato com
a sílica, recobrem sua superfície, impedindo a identificação do
folato.
Para
enfrentar esse desafio os pesquisadores trabalham na
funcionalização múltipla das nanopartículas, manipulando
moléculas em sua superfície para obter diversas funções ao mesmo
tempo.
"O
estudo das interações de proteínas presentes no sangue com a
superfície das nanopartículas nos permitirá propor métodos para
impedir que as substâncias adicionadas sejam de alguma forma
afetadas e percam sua função. Assim, a ação das nanopartículas
no organismo não seria obstruída, tornando-se uma alternativa capaz
de fazer frente à quimioterapia convencional, mas sem efeitos
adversos mais agravados", conta Mateus.”
Fonte:
Agência Fapesp
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