Cenas do filme "Pra frente Brasil" - Os choques elétricos aplicados pelos torturadores na ditadura militar de 1964-1985. Foram 21 anos |
Por Matheus Leitão
“O
Instituto Vladimir Herzog e o Conselho Federal da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) fizeram uma denúncia em caráter confidencial
nesta sexta-feira (29) à Organização das Nações Unidas (ONU) do
que definiram como “tentativa de modificar a narrativa sobre
o golpe
de 1964”,
que deu início à ditadura militar (1964-1985). Guerrilhas da memória
Segundo
o blog apurou, o documento afirma que houve instruções diretas do
Gabinete da Presidência ao mais alto comando militar para transmitir
uma mensagem positiva sobre o período, “desconsiderando as
atrocidades cometidas pelo respectivo regime”.
Na
segunda-feira (25), o porta-voz da Presidência da República, Otávio
Rêgo Barros, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro havia
determinado ao Ministério da Defesa a realização das "comemorações
devidas" pelos
55 anos do golpe.
A
OAB e o Instituto pedem que o relator do caso na ONU, Fábian
Salvioli, faça uma declaração pública por ocasião do dia 31 de
março de 2019, a fim de lembrar ao Brasil a importância de manter a
memória das atrocidades ocorridas durante a ditadura e prevenir a
recorrência ou tentativas de revisionismo.
As
duas entidades ainda pedem que seja solicitado à missão do Brasil
nas Nações Unidas, em Genebra, explicações sobre os fatos
alegados, além da publicação do caso na lista permanente do
Conselho de Direitos Humanos da ONU, caso o Estado brasileiro não
coopere com a solicitação do relator ou caso o relator o considere
oportuno.
Passeata com mulheres pela Cultura, no Rio de janeiro, em 1968 depois do AI-5 (Ato Inconstitucional Nº 5) |
O
documento cita Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo, e as
declarações de ambos de que não houve golpe no Brasil, além de
anexar convites de comandos militares regionais do país para as
“celebrações” do dia 31 de março.
Bolsonaro
autorizou a cúpula das Forças Armadas a produzir uma ordem do dia a
ser lida nas unidades militares. O documento,
intitulado "O 31 de Março de 1964" não
utiliza a expressão "golpe militar" e diz que a ação dos
militares na ocasião impediu uma "escalada em direção ao
totalitarismo". Segundo o presidente, o objetivo
não foi "comemorar" a
data, mas "rememorar" o episódio e identificar pontos
corretos e errados para o "bem do Brasil no futuro". Nesta
sexta, o comandante
do Exército, Edson Leal Pujol, participou de uma solenidade em
Brasília na qual foi lida a ordem do dia.
O regime militar deixou mais de 400 desaparecidos políticos. Um relatório do "Projeto Brasil: Nunca Mais" registra também os relatos de tortura no período: 1.843 pessoas fizeram 6.016 denúncias de violações de direitos humanos, das quais 4.918 contra homens e 1.098 contra mulheres.”
Fonte:
G1.com
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