Ministro Luis Roberto Barroso |
Com
a decisão, tarefa volta para a Funai
Por Carolina
Brígido
"BRASÍLIA
– O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal
(STF), concedeu liminar para suspender a validade da medida
provisória do presidenteJair
Bolsonaro que
transferiu para o Ministério da Agriculturaa demarcação
de terras indígenas .
Agora, essa tarefa voltará para a Fundação Nacional do Índio
( Funai ),
órgão vinculado ao Ministério da Justiça. Barroso pediu para o
caso ser pautado com urgência no plenário da Corte, que decidirá
se mantém ou não a liminar.
Em
janeiro, uma medida provisória anterior já previa, entre outros
pontos, que a demarcação de terras indígenas ficaria com a
Agricultura, e que a Funai seria ligada ao Mulher, Família
e Direitos Humanos. Mas, ao analisar a medida, o Congresso devolveu
essa função à Funai, e fez com que o órgão também voltasse
para o Ministério da Justiça.
Essa
medida foi vetada pelo Congresso Nacional. Mesmo assim, o presidente
editou uma nova medida com o mesmo conteúdo. A decisão foi tomada
em ações apresentadas à Corte pela Rede, pelo PT e pelo PDT. Para
os partidos, Bolsonaro foi autoritário ao insistir na transferência
e desrespeitar os parlamentares.
Os
partidos argumentaram que a legislação proíbe que uma MP seja
reeditada na mesma sessão legislativa, ou seja, no mesmo ano. A nova
medida provisória tem pontos diferentes - não leva a Funai,
por exemplo, para o Ministério da Mulher, Família e Direitos
Humanos -, mas tem outros que são idênticos, como o que diz
respeito à demarcação de terras indígenas.
Barroso
concordou com os partidos. “No caso em exame, a MP 870/2019 vigorou
na atual sessão legislativa. A transferência da competência para a
demarcação das terras indígenas foi igualmente rejeitada na atual
sessão legislativa. Por conseguinte, o debate, quanto ao ponto, não
pode ser reaberto por nova medida provisória”, apontou o ministro.
“A
se admitir tal situação, não se chegaria jamais a uma decisão
definitiva e haveria clara situação de violação ao princípio da
separação dos poderes. A palavra final sobre o conteúdo da lei de
conversão compete ao Congresso Nacional, que atua, no caso, em sua
função típica e precípua de legislador”, concluiu Barroso.
Ainda
segundo os partidos, a transferência da demarcação para o
Ministério da Agricultura levaria a um conflito de interesses na
pasta, uma vez que submeteria os interesses dos índios aos
interesses agrícolas. O ministro não abordou esse aspecto para
tomar a decisão.
“Bolsonaro:
'Quem demarca terra indígena sou eu, não é ministro'
"Na
quarta-feira, presidente editou medida provisória que transfere
atuação da Funai para Ministério da Agricultura”
Por
Gustavo
Schmitt
“SÃO
PAULO - Em meio à polêmica causada pela transferência das
demarcações de terras
indíginaspara
o Ministério da Agricultura, o presidente Jair
Bolsonaro disse
nesta quinta-feira que é ele quem manda no assunto. A declaração
foi dada após a participação
do presidente na Marcha para Jesus,
evento evangélico realizado na capital paulista.
— Quem
demarca terra indígena sou eu, não é ministro. Quem manda sou eu
nessa questão, entre tantas outras. Eu sou um presidente que assumo
ônus e bônus — disse Bolsonaro.
Na
quarta-feira, Bolsonaro editou uma medida provisória que tira a
competência pela demarcação de terras indígenas da Funai, ligada
ao Ministério da Justiça, e a transfere para o Ministério da
Agricultura.
A
medida foi criticada
nesta quinta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF),
que afirmou ter recebido a notícia com "perplexidade".
Segundo o subprocurador Antonio Carlos Alpino Bigonha, a medida
é inconstitucional porque o assunto já havia sido tratado em medida
provisória derrubada pelo Congresso.
Além
da questão da demarcação de terras indígenas, a medida provisória
de quarta-feira faz outras alterações na estrutura do governo, como
a transferência do conselho do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) para a alçada da Casa Civil e a
transferência da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
para a Secretaria-Geral da Presidência.”
Fonte:
O Globo
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