A conta pode ficar mais cara para quem aderir à nova tarifa, porém
Por Pedro
Peduzzi - Repórter da Agência Brasil Brasília
“Em
vigor desde o dia 1º de janeiro, a tarifa branca pode representar
uma economia na conta de luz para os consumidores disciplinados e
atentos aos horários e dias em que a energia custa mais barato.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alerta que a conta poderá ficar mais cara para aqueles que aderirem à nova tarifa, porém continuarem a usar chuveiro elétrico, ar-condicionado, ferro de passar e máquina de lavar roupa nos horários de pico – quando há mais consumo de energia e custo maior
Consumidor
deve avaliar se vale a pena aderir à tarifa branca de
energia Marcelo Camargo/Agência Brasil
A
tarifa branca é uma modalidade em que os valores cobrados varia em
função da hora e do dia da semana em que a energia foi consumida.
Nos horários de pico, a energia é mais cara. Nos horários de baixo
consumo, é mais barata.
De
acordo com a Aneel, não há uma fórmula nacional de horários e
dias em que a energia custa mais barato. Cabe a cada uma das 69
concessionárias de energia elétrica definir os valores a serem
cobrados dos clientes que aderirem à tarifa branca.
A
tarifa branca entrou em vigor para unidades que tenham uma média de
consumo mensal superior a 500 quilowatt/hora (kWh). Segundo a
agência, há 4,5 milhões de unidades com esse perfil, o que
corresponde a 5% do total. A média do consumo residencial brasileiro
é de 160kWh por mês.
Para
aderir à tarifa branca, é necessário comunicar à concessionária,
que terá prazo de 30 dias para mudar o medidor de energia.
Para
o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores
de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, as
concessionárias estão preparadas para atender essa demanda de
troca. “Nesse primeiro momento, não acreditamos que irá haver uma
adesão muito alta. O mais complicado, caso a demanda supere em muito
as expectativas, será para as empresas estatais, que dependem de
processo licitatório para fazer a compra dos medidores de energia”,
disse à Agência
Brasil.
Simulações
Antes
de aderir à tarifa branca, a recomendação é que o consumidor faça
simulações e conheça seu perfil de consumo. Para conseguir reduzir
a conta de luz, é preciso se informar sobre qual é a faixa de
horário mais barata, cobrada pela concessionária. Isso pode ser
feito de forma direta, com a própria empresa, ou por meio do site da
Aneel, onde também é possível fazer simulações de consumo para
ver qual é o modelo mais adequado para cada perfil de consumidor.
Uma
outra referência que pode ajudar na decisão é o histórico com o
consumo médio dos últimos 12 meses, disponível na fatura da conta
de luz.
Ciente
do horário em que a energia é mais barata, o consumidor deve
organizar o uso de aparelhos como ar-condicionado, chuveiro elétrico,
ferro de passar e máquina de lavar roupa - aparelhos que mais
consomem energia.
Hábitos
da família
O
consumidor deve levar em conta também se, em casa, tem muitos
aparelhos ligados 24 horas por dia – caso de geladeiras, freezers
ou equipamento de segurança eletrônica, por exemplo. Nesses casos,
pode não ser tão interessante a mudança para a tarifa branca.
Para
famílias grandes, com horários de banho diversos, e para quem
recebe muitas visitas, a tarifa branca deixa de ser atrativa.
No
caso de uma família em que os integrantes saem cedo e só retornam
ao final do dia, após o horário de pico, a adesão pode ser
vantajosa. Assim como para produtores rurais que podem adaptar o
horário de irrigação e para quem trabalha em casa e consegue
manter uma rotina nos horários de menor consumo.
Outro
ponto a ser considerado é o de que a tarifa branca só se aplica a
dias úteis, não valendo para finais de semana e feriados.
Um
outro alerta da Aneel é para que os consumidores fiquem atentos a
mudanças no horário de pico, pelas concessionárias, e também em
alterações nos horários em que a energia elétrica custa mais
barato.
A
previsão é de que essas mudanças sejam decididas durante a revisão
tarifária.
Conforme
resoluções que tratam de relação de consumo, deveres e direitos,
as empresas devem informar os clientes sobre eventuais mudanças
desses horários. A Aneel informa que “ficará atenta, de forma a
cobrar que seja dada [pelas concessionárias] a devida publicidade
sobre eventuais mudanças de horários, bem como para estabelecer a
forma como essa comunicação será feita”.
Impacto
da tarifa branca
Já
entidades do setor energético avaliam que a tarifa branca pode
significar queda do faturamento das concessionárias, e levar a um
aumento do preço da energia elétrica em futuras revisões
tarifárias.
“Não
dá para calcular em termos de reais [valor monetário] por enquanto.
O que se sabe é que haverá impacto. Se quem aderir [à tarifa
branca] tiver beneficio tarifário, de forma a pagar menos pela
energia consumida, isso certamente vai diminuir também a receita das
distribuidoras. Havendo essa queda de faturamento, a tarifa terá
de ser recalculada, de forma a compensar essa perda”, disse o
presidente da Abradee, Nelson Leite.
De
acordo com Leite, a atual aplicação da tarifa branca - com adesão
voluntária - não vai diminuir os custos das empresas. “Para
diminuirmos os custos, teria de haver uma coordenação para que
todos clientes reduzam de forma conjunta o consumo nos horários de
pico”, afirmou, ao defender a adesão obrigatória ao novo modelo
tarifário.
“Imagina
um congestionamento de trânsito. Aí você pede que, de forma
voluntária, apenas veículos com placa ímpar circulem pela cidade.
Certamente a adesão será pequena. É o mesmo com essa proposta de
tarifação voluntária. Certamente não terá o mesmo efeito
caso ela fosse obrigatória”.
Para
o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia
(Anace), Carlos Faria, o consumidor pode ser penalizado no futuro.
“Em outras palavras: se o consumidor for competente, fizer o dever
de casa e se adaptar aos horários mais baratos, ele poderá ser
afetado posteriormente com o aumento do custo da energia, na revisão
tarifária seguinte”, disse à Agência
Brasil o
dirigente da associação, que
reúne empresas dos setores industrial, comercial e prestação de
serviços.
No
entanto, Faria diz ver na tarifa branca “o primeiro passo de um
longo caminho para o consumidor um dia poder escolher a empresa que
lhe fornecerá energia elétrica, a exemplo do que já acontece com a
telefonia”.
Com
relação aos riscos de a tarifa branca resultar em aumentos
tarifários, ele diz que situação similar ocorreu em 2001 por conta
do apagão que resultou no racionamento de energia elétrica. Na
época, com a queda no consumo, diminuiu-se também o faturamento das
concessionárias, o que acabou resultando em aumento da tarifa nas
revisões tarifárias seguintes.
A
Aneel não se manifestou sobre as declarações dos representantes
das entidades.
A
partir de 2019, a adesão à tarifa branca se estenderá àqueles que
tenham consumo médio mensal entre 250kWh e 500kWh. A Aneel informa
que 15,9 milhões de unidades consumidoras têm esse perfil, o que
corresponde a 19,1% do total.
A
partir de 2020, todos poderão aderir à modalidade tarifária.
Atualmente, existem 83 milhões de unidades consumidoras no país, de
baixa e alta tensão.”
Edição: Carolina
Pimentel
Fonte: agência.ebc.com br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!