Jurista, Ives Gandra Martins |
Por Ricardo Ferraz - Veja.com
"Se tornou comum, durante os discursos do presidente Jair Bolsonaro, em que ele insinua o rompimento da ordem institucional e a possibilidade de interferência em outros poderes, a claque responder com a frase "eu autorizo". A palavra de ordem remete ao artigo 142 da Constituição Federal, que trata do papel das Forças Armadas no país. Na interpretação dos apoiadores do governo, o chefe do poder Executivo, poderia evocar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica para interferirem em outros poderes e, assim, restabelecer a "aplicação da Lei e da Ordem".
Para o jurista, mesmo o presidente sendo o chefe das Forças Armadas, ele não poderia comandar uma intervenção caso a solicitasse. "Isso caberia exclusivamente aos comandantes de cada força, nem o ministro da Defesa poderia interferir", diz. "Essa interpretação [de que Bolsonaro poderia interferir no conflito entre os poderes] está completamente equivocada. O artigo 142 existe para ser usado em casos excepcionalíssimos, como último recurso", finaliza.
A postura de Ives Gandra, um conservador assumido com bom trânsito nas Forças Armadas – é professor da Escola Superior de Guerra e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército – causou decepção entre os advogados bolsonaristas que se mobilizam para oferecer apoio jurídico aos manifestantes no dia da independência. Em grupos de troca de mensagens, diversos operadores do direito disseram que ele "mudou de lado"."
Fonte: Veja.com
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