Por Ricardo Galhardo
"A
Comissão Executiva Nacional do PT se reúne nesta quinta-feira, 4,
em São Paulo para definir a atuação do partido nas eleições
municipais de outubro. Segundo dirigentes, o impeachment da
presidente afastada Dilma Rousseff deve ficar em segundo plano na
reunião.
“A
pauta da Executiva vai ser mais a conjuntura eleitoral”, disse
Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do PT.
Nesta
quinta, a cúpula petista terá de avaliar a composição das chapas
e a posição do partido em 89 cidades onde haverá segundo turno.
Além disso, os dirigentes petistas vão julgar uma série de
recursos de candidatos cujas alianças foram barradas por instâncias
superiores do partido. Por isso, segundo eles, as discussões sobre a
manutenção do mandato de Dilma vão ficar para outro momento.
A
Executiva petista deve aprovar uma breve convocatória para o ato
“Fora Temer” marcado para amanhã na praia de Copacabana, no Rio
de Janeiro, com o objetivo de dividir as atenções com a abertura
dos Jogos Olímpicos. O partido deve convocar o Diretório Nacional
para retomar o tema do impeachment só na próxima semana.
“A
reunião da Executiva é para discutir eleição. Acho que não vai
dar nem tempo de falar sobre o golpe. Os ares de Brasília não têm
passado por aqui”, afirmou Francisco Rocha, o Rochinha, coordenador
da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do PT.
A
reunião da Executiva ocorre em um momento de tensão entre o partido
e a presidente afastada. Anteontem, Dilma defendeu uma
“transformação” do PT em função das denúncias de corrupção
reveladas pela Operação Lava Jato e do próprio afastamento da
Presidência, que desalojou a legenda do governo federal depois de
mais de 13 anos de gestões petistas no Palácio do Planalto.
Ela
já havia dito, na semana anterior, que, se houve caixa 2 em suas
campanhas, a responsabilidade seria do partido. As declarações
irritaram alguns setores do PT. “Concordo quando Dilma diz que é
preciso uma transformação do PT. Mas não adianta só falar. Ela
deveria ter ajudado muito mais com ações concretas. E não ajudou”,
afirmou Rochinha.
De
acordo com dirigentes petistas, o partido, de forma institucional,
vai continuar engajado na defesa do mandato de Dilma. O presidente da
legenda, Rui Falcão, senadores e deputados petistas e integrantes de
movimentos sociais ligados ao partido têm dialogado com frequência
com a presidente afastada para traçar estratégias que ajudem no
convencimento de senadores indecisos.
Carta
No
dia 10, Dilma deve apresentar uma carta à população na qual vai se
comprometer, caso volte ao poder, com a adoção de uma política
econômica diversa daquela adotada no segundo mandato, como aceno aos
movimentos sociais. A carta deve também fazer a defesa de um
plebiscito para realização de uma ampla reforma política e a
realização de novas eleições para presidente. O alvo são
senadores indecisos ou descontentes com o início do governo interino
de Michel Temer.
O
apoio, no entanto, é meramente formal. Quase ninguém no PT,
incluindo integrantes do círculo mais próximo de Dilma, acredita na
reversão do processo de impeachment."
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