“O
procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou ofício à
procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios, Fabiana Costa Oliveira Barreto, nesta
segunda, 4, pedindo a apuração das agressões sofridas por
jornalistas durante ato realizado em Brasília, neste domingo, 3, na
Praça dos Três Poderes. Apoiadores do presidente Jair
Bolsonaro agrediram
com chutes, socos e empurrões a equipe de profissionais
do Estadão que
acompanhava o ato pró-governo.
"Tais
eventos (as agressões aos jornalistas), no entender deste
procurador-geral da República, são dotados de elevada gravidade,
considerada a dimensão constitucional da liberdade de imprensa,
elemento integrante do núcleo fundamental do Estado Democrático de
Direito. Em razão disso, observadas as eventuais condições de
procedibilidade (art. 88 da Lei 9.099/1995), solicito a vossa
excelência a adoção das providências necessárias à apuração
dos fatos e responsabilização criminal dos seus autores",
afirmou Aras no documento.
Veja
mais no MSN Brasil:
- Moro aponta Heleno como testemunha de interferência (Correio Braziliense)
Na
manhã desta segunda, 4, o presidente Jair
Bolsonaro colocou
em dúvida a agressão agressão
sofrida por profissionais do Estadão em
ato realizado contra o Congresso e Supremo
Tribunal Federal (STF) do
domingo, 3, em Brasília, e disse que, "se houve", partiu
de "possíveis infiltrados". Bolsonaro esteve
presente na manifestação, mas disse que não viu a violência ao
fotógrafo Dida
Sampaio e
a outros membros da equipe de reportagem.
Também
hoje o ministro da Defesa, Fernando
Azevedo e Silva,
divulgou nota na qual afirma que 'qualquer agressão a profissionais
de imprensa é inaceitável' e que 'a liberdade de expressão é
requisito fundamental de um País democrático'.
Ministros
do Supremo, partidos políticos, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, e entidades como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
(Abraji) rechaçaram
os ataques.
Em nota, a direção do Estadão disse
que "trata-se de uma agressão
covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia".
O
fotógrafo do Estadão Dida Sampaio usava uma pequena escada para
fazer o registro das imagens do presidente quando foi empurrado duas
vezes por manifestantes, que desferiram chutes e socos nele. O
motorista do jornal, Marcos Pereira, que apoiava a equipe de
reportagem, também foi agredido fisicamente com uma rasteira. Os
manifestantes gritavam palavras de ordem, como 'fora Estadão' e
'lixo'.
Os
dois profissionais precisaram deixar o local rapidamente para uma
área segura e procuraram o apoio da Polícia Militar. Eles deixaram
o local escoltados pela PM. O repórter da Folha
de S.Paulo Fabio
Pupo também foi empurrado ao tentar defender o fotógrafo
do Estadão.
Júlia Lindner e André Borges, jornalistas do Estadão que
também acompanhavam a manifestação em outro ponto da Esplanada,
foram insultados, mas não sofreram agressões físicas.
Dida
e Marcos são citados nominalmente em nota divulgada pela
Procuradoria-Geral da República. O texto registra ainda que
repórteres de outros veículos de imprensa também relataram ter
sido alvos de ameaças e agressões verbais.
Vencedor
de dois prêmios Esso e três Vladimir Herzog, Dida Sampaio trabalha
no Estadão desde
1994. Do exato ponto da Praça dos Três Poderes em frente ao Palácio
do Planalto onde foi agredido por bolsonaristas, ele já captou as
tradicionais subidas pela rampa dos presidentes eleitos - Fernando
Collor (1990), Fernando Henrique (1995 e 1999), Luiz Inácio Lula da
Silva (2003 e 2007), Dilma Rousseff (2011 e 2015) e Jair Bolsonaro
(2019) - e de visitantes internacionais, como Bill Clinton (1997),
Nelson Mandela (1998), papa João Paulo II (1991) e Barak Obama
(2011).
'Estadão' condena ataque a profissionais do grupo; leia nota
A
diretoria e os jornalistas de O Estado de S. Paulo repudiam
veementemente os atos de violência cometidos hoje contra sua equipe
de jornalistas durante uma manifestação diante do Palácio do
Planalto em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Trata-se
de uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia.
A violência, mesmo vinda da copa e dos porões do poder, nunca nos
intimidou. Apenas nos incentiva a prosseguir com as denúncias dos
atos de um governo que, eleito em processo democrático , menos de um
ano e meio depois dá todos os sinais de que se desvia para o
arbítrio e a violência.
Dada
a natureza dos acontecimentos deste domingo, esperamos que a apuração
penal e civil das agressões seja conduzida por agentes públicos
independentes, não vinculados às autoridades federais que, pela
ação e pela omissão, se acumpliciam com o processo em curso de
sabotagem do regime democrático.”
Fonte: Estadão /MSN
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