Alunos da rede municipal em escola de Campinas, no interior de São Paulo — Foto: Denny Cesare/Código19/Estadão conteúdo
"O
centro de contingência contra o coronavírus, comitê do governo de
São Paulo que delibera sobre a quarentena no estado, vai reavaliar a
volta às aulas programada para o início de setembro. O anúncio foi
feito nesta quinta-feira (16) após o coordenador-executivo do grupo,
o médico João Gabbardo, ser questionado sobre uma projeção
matemática que estima até 17 mil mortes entre crianças com a retomada das escolas em todo o Brasil.
“Em função dessas novas informações, a gente pediu para que o centro de contingencia, que tem discutido isso com o secretário da educação, faça uma reavaliação daquilo que já foi definido. Tão logo nós tenhamos essas informações, a gente vai trazer aqui para a entrevista coletiva”, disse Gabbardo.
“Nós
vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. A taxa de
mortalidade, embora possa estar estabilizada, está em um patamar
elevado. Temos algo em torno de 300 óbitos por dia no estado de São
Paulo. O que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão
de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso se prolongue até o ano
que vem”, afirmou durante debate virtual com especialistas
realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e o
Butantã.
Dimas
Covas faz parte do Centro de Contingência montado pelo governo de
São Paulo e já coordenou o grupo em um dos revezamentos de seus
membros. No entanto, apresenta posições diferentes das defendidas
pela gestão João Doria (PSDB).
São
Paulo planeja a retomada gradual das aulas a
partir de 08 de setembro para as cidades que tiverem mais de 28 dias
na fase amarela do Plano São Paulo de flexibilização, segundo o governo paulista. A
proposta prevê ainda combinação de aulas presenciais e virtuais
A
afirmação ocorre dois dias depois do seminário da Fapesp sobre
coronavírus no qual o matemático Eduardo Massad, professor titular
da Escola de Matemática Aplicada Fundação Getúlio Vargas (FGV),
criticou a retomada das aulas em SP e fez a estimativa de 17 mil
óbitos em todo o país.
No
mesmo evento virtual, o ex-coordenador do comitê de saúde estadual,
Dimas Covas, disse que as mortes diárias por coronavírus no estado
de São Paulo podem continuar em um “patamar elevado” até 2021.
Projeção sobre a volta às aulas
No
debate virtual com especialistas realizado pela Fundação de Amparo
à Pesquisa (Fapesp) e o Butantan, o matemático Eduardo Massad
afirmou que São Paulo e o Brasil não vivem um bom momento para
reabertura de escolas.
"As aulas absolutamente não podem voltar em setembro. Nós temos hoje no Brasil 500 mil crianças portadoras do vírus zanzando por aí. Se você reabrir agora em agosto, mesmo usando máscara, mesmo botando distância de dois metros. No primeiro dia de aula nós vamos ter 1.700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias e quadruplicar depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio", declarou.
Por
meio de fórmulas matemáticas, Eduardo Massad afirmou que, caso
aconteça uma reabertura precipitada das escolas no Brasil, o país
pode saltar de 300 mortes de criança abaixo de 5 anos para 17 mil
até o final do ano.
"300
e poucas crianças abaixo de 5 anos morreram no Brasil. Se a gente
reabrir as escolas, nós vamos chegar a 17 mil. São 17 mil crianças
que vão morrer e não precisariam morrer. Todo o resto dos problemas
vocês consegue dar um jeito e resolver. Nós estamos falando de
vidas. Se a gente abrir sem um planejamento muito preciso e um
controle muito grande, o que vai acontecer é que vai morrer 17 mil
crianças contra 300 e poucas no curso natural da epidemia, com as
escolas fechadas", afirmou.
No
mesmo seminário, Massad também criticou a utilização do platô
como meta de política pública.
"Alguns dirigentes têm usado esse platô como argumento pra dar sustento às suas políticas de relaxamento das medidas de isolamento social. Na verdade, é o que eu venho dizendo a algum tempo: o platô é a assinatura do fracasso. Toda curva epidêmica que se preze ela tem que atingir um pico e cair", afirmou.
Críticas à reabertura
As
mortes diárias por coronavírus no estado de São Paulo podem
continuar em um “patamar elevado” até 2021, segundo projeção
apresentada nesta terça-feira (14) pelo diretor do Instituto
Butantã, Dimas Covas.
O diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, durante apresentação em seminário em parceria com a Fapesp. — Foto: Reprodução/Youtube |
“Nós
vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. A taxa de
mortalidade, embora possa estar estabilizada, está em um patamar
elevado. Temos algo em torno de 300 óbitos por dia no estado de São
Paulo. O que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão
de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso se prolongue até o ano
que vem”, afirmou durante debate virtual com especialistas
realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e o Butantã.
Dimas
Covas faz parte do Centro de Contingência montado pelo governo de
São Paulo e já coordenou o grupo em um dos revezamentos de seus
membros. No entanto, apresenta posições diferentes das defendidas
pela gestão João Doria (PSDB)."
Fonte: G1.com/São Paulo
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