Na
posse ontem 16, novo ministro da Educação defende Estado laico
Por Julia
Lindner e Júlia Marques – Estadão
“Entidades
ligadas à educação esperam que o novo ministro aprofunde o diálogo
para a solução dos problemas, especialmente no contexto de desafios
impostos pela pandemia do coronavírus. "Estamos aqui na ponta,
precisamos ser ouvidos. Esperamos que o ministro nos escute e leve em
consideração nossos questionamentos", diz Cecilia Motta,
presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação
(Consed).
Segundo
Cecilia, um eventual retorno às aulas presenciais após um período
de mais de quatro meses com as escolas fechadas, exigirá uma série
de mudanças nas instituições de ensino. Ela cita desde a
necessidade de lavatórios até readequações no corpo docente para
contemplar professores com comorbidades. "Deverá haver aporte
financeiro do MEC. Temos de voltar e várias coisas terão de ser
adquiridas."
Para
Edward Madureira Brasil, vice-presidente da Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes),
também é preciso que o ministro estabeleça relação de confiança
com as universidades federais. "O que a Andifes espera é
diálogo, algo que foi muito difícil com o ministro nesse período."
A associação também pleiteia um alívio nas restrições
orçamentárias, para que as universidades consigam cumprir seu
papel. Durante a gestão do ex-ministro Abraham Weintraub houve
bloqueio de recursos das instituições de ensino superior, o que
motivou uma série de protestos.
"Com
o financiamento adequado, as universidades conseguem fazer muita
coisa. Esse não pode ser um ponto de preocupação. A universidade
tem de se preocupar com problemas reais, como o desenvolvimento de
vacinas e respiradores", diz o vice-presidente da Andifes e
reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele também espera
que seja respeitada a autonomia das universidades em relação à
nomeação de reitores. O MEC chegou a nomear reitores que não
haviam sido escolhidos pela comunidade universitária.
Para
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, é
urgente que o MEC se responsabilize pela coordenação de ações
"para minimizar impactos brutais na educação básica por causa
da crise provocada pela covid". Essa resposta educacional à
pandemia tem sido dada pelos secretários de Educação e pelo
Conselho Nacional de Educação. Além de ações emergenciais, há
ainda ações estruturantes como melhorar a formação inicial dos
professores e o apoio à educação de tempo integral.
Segundo
ela, até agora não só deixou de haver diálogo com outras
entidades que compõem a gestão pública da educação como as
"pontes foram explodidas". "O diálogo não é apenas
para dar maior legitimidade às ações - a articulação é
necessária porque a implementação das políticas passam por vários
atores que precisam ter alinhamento. Sem isso, a formulação perde a
força. O MEC se isolou esse tempo todo, poderia ser ator relevante,
mas abdicou do seu poder de influência e contribuição."
Em
relação ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica (Fundeb), cuja continuidade deve ser votada na Câmara dos
Deputados na semana que vem, o melhor que o MEC tem a fazer é apoiar
a aprovação do texto, diz Priscila. "Temos um texto muito
debatido, um consenso possível, com a participação até do
ministério da Economia”."
Fonte:
Estadão
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