Durante os nove meses da gravidez, as mulheres passam por uma avalanche de estrogênio maior do que elas passarão pelo resto da vida. [Imagem: Inferis/Wikimedia] |
Com informações da BBC
Cérebro
na gravidez
“A
gravidez reduz a massa cinzenta em áreas específicas do cérebro
das mulheres para auxiliar a mãe a criar laços com o bebê durante
a gravidez e se preparar para as demandas da maternidade.
Esta
conclusão, apresentada por pesquisadores das universidades Autônoma
de Barcelona (Espanha) e Leiden (Holanda), está baseada na análise
de imagens de ressonância magnética feitas do cérebro de 25
mulheres. As imagens foram feitas antes, durante e dois anos após a
primeira gravidez.
Os
pesquisadores compararam essas imagens com as de cérebros de 19 pais
de primeira viagem, 17 homens sem filhos e 20 mulheres que nunca
engravidaram.
Embora
a amostra seja muito pequena para conclusões generalizáveis, a
análise sugere uma redução significativa de massa cinzenta nos
cérebros das gestantes. As mudanças foram identificadas em áreas
do cérebro que se acredita serem responsáveis pelas interações
sociais - a região que acionamos quando pensamos ou sentimos algo
por alguém, ou as chamadas tarefas da "teoria
da mente".
A
interpretação dos pesquisadores é que essas transformações
trariam vantagens às novas mães como ajuda para identificar as
necessidades do bebê, ficar mais atenta a potenciais ameaças
sociais e se aproximar mais do filho.
Adaptação
para a maternidade
Durante
a realização das imagens cerebrais, os pesquisadores fizeram várias
atividades com as mulheres.
Em
uma das tarefas, a atividade cerebral das mães era monitorada
enquanto elas olhavam fotos de seus bebês e de outras crianças. As
partes do cérebro ativadas quando elas viam as imagens dos filhos
eram muito próximas daquelas áreas onde a massa cinzenta havia sido
reduzida ou "afinada" durante a gravidez. Mas essas mesmas
regiões cerebrais não eram acionadas quando as mães olhavam fotos
de outros bebês.
"Nós
podemos especular que o volume de reduções (de massa cinzenta)
observado na gravidez representa um processo de especialização para
a futura maturidade dessa rede de teoria da mente que, de alguma
forma, serve como uma espécie de adaptação para a maternidade,"
afirmou Elseline Hoezkzema, uma das autoras do estudo.
Os
exames não mostram diferença nas alterações cerebrais entre as
mulheres que engravidaram naturalmente e aquelas que engravidaram com
fertilização assistida.
Memória
na gravidez
Durante
os nove meses da gravidez, as mulheres passam por uma avalanche de
estrogênio maior do que elas passarão pelo resto da vida.
Por
isso, os pesquisadores sugerem que as mudanças estruturais
no cérebro durante
a gestação são semelhantes às transformações que ocorrem na
adolescência e afetariam as gestantes até dois anos depois do
parto.
O
estudo não foi capaz de identificar influências das alterações
cerebrais sobre a memória das
mulheres. Apesar disso, muitas mulheres afirmam que esquecem
facilmente das coisas ou que se sentem mais emotivas durante a
gestação e geralmente citam a gravidez como
responsável."
O
trabalho foi publicado na revista Nature Neuroscience.
Fonte: Diário da Saúde
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