“Decisão
de Luiz Fux foi proferida em ação que buscava derrubar mudanças
que ampliaram as punições e juízes e procuradores por abuso de
autoridade”
Por
Renan Ramalho e Mariana Oliveira, G1 e TV Globo, Brasília
14/12/2016
21h05
"O
ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta
quarta-feira (14) a tramitação no Congresso da versão desfigurada
do projeto de lei que reúne propostas do Ministério Público
Federal de combate à corrupção.
Com
a decisão, o projeto deverá ser novamente apresentado na Câmara e
iniciar seu andamento da estaca zero. No último dia 30, a Câmara fez
várias mudanças e aprovou a proposta retirando seis das dez
propostasapresentadas
pelo Ministério Público.
A
decisão de Fux foi tomada na análise de uma ação apresentada no
início do mês pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) que
buscava anular as mudanças feitas na Câmara, que, dentro do
projeto, ampliaram as punições e juízes e procuradores por abuso
de autoridade.
Fux
derrubou todas as mudanças feitas no texto original, na comissão da
Câmara e no plenário, por ver um erro na apresentação do projeto
no Legislativo.
"Todas
as alterações que foram feitas na Câmara têm que tirar, foram
anuladas, e o projeto volta à estaca zero", afirmou o ministro.
"Todas as alterações que foram feitas na Câmara têm que tirar, foram anuladas, e o projeto volta à estaca zero."
Segundo
o ministro Fux, o pacote anticorrupção da Câmara deveria ter sido
apresentado como proposta de iniciativa popular, pelo fato de ter
sido protocolado com apoio de mais de 2 milhões de pessoas.
As
assinaturas de apoio foram colhidas pelo próprio Ministério
Público, mas o protocolo do projeto na Câmara foi feito em nome dos
deputados Antonio Carlos Mendes Thame (PV-SP), Diego Garcia (PHS-PR),
Fernando Francischini (SD-PR) e João Campos (PRB-GO).
A
ação original de Eduardo Bolsonaro pedia somente a anulação da
votação na Câmara que inseriu novas punições por abuso de
autoridade para magistrados.
A
emenda sobre o assunto foi inserida no texto por iniciativa do
deputado Weverton Rocha (PDT-MA). Para Eduardo Bolsonaro, o projeto
inicial se referia exclusivamente no combate à corrupção.
Rodrigo Maia reage
Ao
tomar conhecimento da decisão de Fux, o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou durante a sessão no plenário que,
“em princípio, parecer uma liminar um pouco estranha”.
“A
assessoria da Casa está analisando a liminar, mas ela parece um
pouco estranha. A assessoria Jurídica da Casa está analisando a
liminar, mas, a princípio, parece uma liminar um pouco estranha,
então, temos que avaliar”, disse Maia ao ser questionado pelo
deputado Esperidião Amin (PP-SC) se já estava a par da decisão de
Fux.
“Qualquer
interferência na Câmara ou no Senado é um prejuízo a democracia”,
completou Maia.
Pouco
depois, o presidente da Câmara voltou a falar sobre a decisão do
ministro.
"A
princípio, a decisão do ministro Fux questiona a autoria do projeto
de lei, dizendo que nós registramos de autoria de um deputado e não
de iniciativa popular. E outro [ponto é] que incluímos matéria
estranha ao texto, como se não pudéssemos emendar a matéria. Isso
significa que, se ele tiver razão, a Lei da Ficha Limpa passaria a
não ter valor, porque foi de iniciativa popular e foi tratada da
mesma forma", disse.
"Me
parece uma intromissão indevida do Poder Judiciário na Câmara dos
Deputados", afirmou."
Fonte:
G1.com
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