Herança genética ou comportamento?
"Um
projeto global, que contará com a participação de três
instituições brasileiras, pretende mapear como a ocorrência do
câncer em todo o mundo é influenciada por fatores genéticos ou por
fatores ambientais, incluindo o comportamento das pessoas.
O
programa, chamado Grande Desafio (Grand Challenge), foi
lançado pelo Cancer Research UK, um órgão do Reino
Unido de pesquisas sobre o câncer, que vai investir cerca de R$ 390
milhões nesta iniciativa.
O
que se pretende com o projeto é entender, por exemplo, porque
determinados tipos de cânceres são mais comuns em certas regiões e
como os comportamentos considerados de risco, como os hábitos de
fumar e beber ou contaminações por produtos feitos pelo homem,
podem levar ao desenvolvimento da doença.
Para
que isso seja possível, os pesquisadores vão analisar e traçar o
perfil epidemiológico e as assinaturas genéticas de 5 mil pacientes
de cinco continentes, que desenvolveram tumores de rim, pâncreas,
esôfago ou intestino.
"O
câncer não é mais um problema de São Paulo, do Brasil ou dos
Estados Unidos, é um problema mundial. Existem vários fatores que
podem estar relacionados ao processo tumoral e temos que conhecer
todos esses fatores para conseguir resolver o problema mundialmente",
disse Vilma Regina Martins, superintendente de pesquisa do Hospital
A.C.Camargo, em São Paulo, que participará do programa.
"Quanto
mais dados você tiver, tanto em amostras quanto em diversidade de
amostras e de cérebros pensando a respeito do problema, aumenta a
chance de se fazer alguma coisa relevante", ressaltou."
Causas
desconhecidas do câncer
A
pesquisa pretende identificar também fatores ainda desconhecidos que
possam estar causando alterações na leitura do código genético do
DNA e influenciando o desenvolvimento do câncer.
Alguns desses fatores, como os que são provocados pelo tabaco, já
foram identificados, mas há dezenas de outros que provocam
alterações no código genético e que ainda não foram mapeados.
"Conhecemos
alguns desses agentes [tabaco, álcool, benzeno, vírus, agrotóxicos,
produtos químicos, entre outros] que são os mais clássicos e que
já foram estudados. Mas o ponto é: e quando há um perfil que não
está associado a nenhum desses agentes que conheço. Qual é esse
agente?", perguntou Vilma.
"Quando
se olha para a população mundial, vemos que alguns tumores são
mais incidentes em algumas regiões. Pode ser por um fator ambiental
como também por um fato genômico ou da genética daquela população,
que pode ter algumas alterações que aumentam ou diminuem o risco de
desenvolver determinado tumor. Provavelmente o que temos é uma
combinação dos dois: do meio ambiente e da genética dessas pessoas",
disse a cientista.”
O
projeto está planejado para durar cinco anos.
Fonte:
Diário da Saúde
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