segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Poder medicinal das plantas


Redação do Diário da Saúde

Os metabolons, aglomerados quase míticos de enzimas, foram vistos ao vivo e a cores pela primeira vez.

Usando marcadores fluorescentes e microscopia - tecnologia de filme molecular - os cientistas confirmaram a existência dos metabolons, desbloqueando assim a caixa de ferramentas medicinais secreta das plantas.

A descoberta está sendo saudada como um "marco" no meio científico - a revista Science chamou o feito de "um marco decisivo na pesquisa do metabolismo".

"O elogio vem do fato de que os cientistas têm procurado os metabolons há 40 anos," disse Bjoern Hamberger, da Universidade Estadual de Michigan (EUA). "Revelar os mecanismos de produção das plantas é a chave para aproveitar os poderes medicinais das plantas".

Metabolons
O conceito de complexos celulares estrutural-metabólicos foi proposto por um cientista russo (A.M.Kuzin) em 1970, mas o termo metabolon só foi cunhado em 1985. O problema é que, até agora, ninguém havia conseguido detectá-los experimentalmente.

E a descoberta dessas estruturas é de fato de extrema relevância para a saúde, uma vez que elas mostram como as plantas ativam mecanismos complexos de forma coordenada - e não apenas vias moleculares individuais - para responder aos desafios em seu ambiente.

Nas últimas quatro décadas, os cientistas acreditavam que os metabolons deviam existir porque não conseguiam explicar como as enzimas trabalham juntas para defender as plantas de ataques com tanta eficiência sem o "fator X" dos metabolons. Sua capacidade de se juntar quando um alarme de ataque soa, combinada com a sua capacidade para se dispersar assim que o trabalho está feito, vinham impedindo que os metabolons fossem identificados e dissecados porque eles surgem e desaparecem muito rapidamente.

"A capacidade contínua dos metabolons para se montar e desmontar os torna notoriamente difíceis de estudar," confirmou Hamberger, que faz parte de uma equipe da Universidade de Copenhague que liderou o estudo.

Agora, usando proteínas de fusão fluorescentes, a equipe foi capaz de iluminar os mecanismos e filmá-los em células vivas. Os filmes moleculares concentram-se no retículo endoplasmático, ou ER, uma estrada celular de membranas tubulares e sacos, e capturam os movimentos rápidos de metabolons ao longo da ER.

Triptolida e terpenoides
A observação dos metabolons abre um novo campo de pesquisas.
Por exemplo, a planta do trovão de deus (Tripterygium wilfordii, ou lei gong teng), usada pela Medicina Tradicional Chinesa, contém triptolida, um composto que se mostrou eficaz para tratar o câncer e a artrite em estudos de laboratório de pequena escala.
A equipe espera mapear o caminho metabólico da triptolida e criar uma versão sintética, produzindo triptolida em grandes quantidades - só assim será possível dispor do composto em quantidade suficiente para testá-lo através de ensaios clínicos em centenas de voluntários.

Mas este é apenas um exemplo. As triptolidas fazem parte da família terpenoide. Os terpenoides são usados em vários tratamentos medicinais, como condimento em alimentos e no desenvolvendo de fragrâncias. A versatilidade dos terpenoides e a grande variedade de produtos que eles permitiriam criar traz um novo alento para o campo da biologia sintética.

"Um dos objetivos do nosso campo é mudar o mundo, fazendo-o deixar de ser uma sociedade baseada no petróleo para uma sociedade baseada em bio," disse Hamberger.”

Fonte: Diário da saúde

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