Redação
do Diário da Saúde
“Os
metabolons, aglomerados quase míticos de enzimas, foram vistos ao
vivo e a cores pela primeira vez.
Usando
marcadores fluorescentes e microscopia - tecnologia de filme
molecular - os cientistas confirmaram a existência dos metabolons,
desbloqueando assim a caixa de ferramentas medicinais secreta das
plantas.
A
descoberta está sendo saudada como um "marco" no meio
científico - a revista Science chamou o feito de
"um marco decisivo na pesquisa do metabolismo".
"O
elogio vem do fato de que os cientistas têm procurado os metabolons
há 40 anos," disse Bjoern Hamberger, da Universidade Estadual
de Michigan (EUA). "Revelar os mecanismos de produção das
plantas é a chave para aproveitar os poderes
medicinais das plantas".
Metabolons
O
conceito de complexos celulares estrutural-metabólicos foi proposto
por um cientista russo (A.M.Kuzin) em 1970, mas o termo metabolon só
foi cunhado em 1985. O problema é que, até agora, ninguém havia
conseguido detectá-los experimentalmente.
E
a descoberta dessas estruturas é de fato de extrema relevância para
a saúde, uma vez que elas mostram como as plantas ativam mecanismos
complexos de forma coordenada - e não apenas vias moleculares
individuais - para responder aos desafios em seu ambiente.
Nas
últimas quatro décadas, os cientistas acreditavam que os metabolons
deviam existir porque não conseguiam explicar como as enzimas
trabalham juntas para defender as plantas de ataques com tanta
eficiência sem o "fator X" dos metabolons. Sua capacidade
de se juntar quando um alarme de ataque soa, combinada com a sua
capacidade para se dispersar assim que o trabalho está feito, vinham
impedindo que os metabolons fossem identificados e dissecados porque
eles surgem e desaparecem muito rapidamente.
"A
capacidade contínua dos metabolons para se montar e desmontar os
torna notoriamente difíceis de estudar," confirmou Hamberger,
que faz parte de uma equipe da Universidade de Copenhague que liderou
o estudo.
Agora,
usando proteínas de fusão fluorescentes, a equipe foi capaz de
iluminar os mecanismos e filmá-los em células vivas. Os filmes
moleculares concentram-se no retículo endoplasmático, ou ER, uma
estrada celular de membranas tubulares e sacos, e capturam os
movimentos rápidos de metabolons ao longo da ER.
Triptolida
e terpenoides
A
observação dos metabolons abre um novo campo de pesquisas.
Por
exemplo, a planta
do trovão de deus (Tripterygium
wilfordii,
ou lei
gong teng),
usada pela Medicina Tradicional Chinesa, contém triptolida, um
composto que se mostrou eficaz para tratar o câncer e a artrite em
estudos de laboratório de pequena escala.
A
equipe espera mapear o caminho metabólico da triptolida e criar uma
versão sintética, produzindo triptolida em grandes quantidades - só
assim será possível dispor do composto em quantidade suficiente
para testá-lo através de ensaios clínicos em centenas de
voluntários.
Mas
este é apenas um exemplo. As triptolidas fazem parte da família
terpenoide. Os terpenoides são
usados em vários tratamentos medicinais, como condimento em
alimentos e no desenvolvendo de fragrâncias. A versatilidade dos
terpenoides e a grande variedade de produtos que eles permitiriam
criar traz um novo alento para o campo da biologia
sintética.
"Um
dos objetivos do nosso campo é mudar o mundo, fazendo-o deixar de
ser uma sociedade baseada no petróleo para uma sociedade baseada em
bio," disse Hamberger.”
Fonte:
Diário da saúde
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