Maconha
no cachimbo
Fumar
maconha em cachimbo pode reduzir significativamente a dor crônica em
pacientes com nervos danificados, revelou um pequeno estudo feito no
Canadá.
O
experimento, envolvendo apenas 23 participantes, também melhorou o
sono e reduziu a ansiedade entre os que fumaram a droga.
Em
artigo publicado na revista científica Canadian Medical
Association Journal, os cientistas disseram que são necessários
mais estudos, em larga escala e com a utilização de inaladores.
Dor
neuropática crônica
Comentando
o trabalho, especialistas britânicos disseram que a melhoria na dor
foi relativamente pequena, mas acrescentaram que o trabalho pode ter
implicações importantes.
Entre
1 e 2% da população sofrem de dor neuropática crônica - dor
resultante de problemas de sinalização entre os nervos -, porém há
poucos tratamentos disponíveis.
Segundo
relatos de alguns pacientes que sofrem dessa condição, fumar
maconha melhora seus sintomas.
Isso
levou pesquisadores a investigar se a ingestão de canabinoides - as
substâncias químicas presentes na erva cannabis -
em forma de pílula poderia produzir o mesmo efeito.
A
equipe da McGill University, em Montreal, disse, no entanto, que
faltam estudos clínicos com pacientes fumantes da erva.
Potência
da maconha
Durante
o estudo, foram usadas maconhas com três potências diferentes -
contendo 2,5%, 6% e 9,4% do ingrediente ativo tetrahidrocanabinol,
THC - e placebos.
Sob
supervisão de enfermeiros, usando cachimbos, os participantes
inalaram uma dose única, de 25mg de maconha, três vezes ao dia
durante cinco dias.
Depois
de um intervalo de nove dias, eles repetiram a operação até
completar quatro ciclos.
Comparados
aos pacientes que ingeriram placebos, os participantes que receberam
as maiores doses de THC sentiram menos dor, dormiram melhor e
sentiram menos ansiedade, concluíram os autores do estudo.
O
líder da equipe, Mark Ware, disse: "Até onde sabemos, este é
o primeiro estudo clínico com pacientes não internados usando
maconha fumada de que se tem notícia".
Ware
disse que estudos de longo prazo, com cannabis mais
potentes e usando inaladores especiais que permitem maior controle
das dosagens, são necessários para que se obtenha resultados mais
precisos e também para que se avalie a segurança do tratamento.
Repercussões
Segundo
o médico Tony Dickenson, do University College of London, vários
pacientes com dor crônica dizem se beneficiar da cannabis,
mas ele alerta que a automedicação é perigosa.
Dickenson
notou que a redução da dor revelada pelo estudo foi pequena, mas
acha que a droga pode fazer diferença para pacientes com dor crônica
que sofrem de insônia e depressão por causa de sua condição.
Também
valeria a pena investigar se inalar a droga seria mais efetivo do que
ingeri-la por via oral, ele acrescentou.
"Talvez
seja importante encontrar pacientes que respondam particularmente bem
(à cannabis) pois é possível que ela não seja
adequada para alguns grupos, como pacientes mais idosos".
"(Os
pesquisadores) não conseguiram tantos voluntários quando queriam
para os testes e isso demonstra como esse tipo de pesquisa é difícil
de realizar", acrescentou.
Outro
especialista, o neurocientista Peter Shortland, do St Bartholomew's
Hospital e da London School of Medicine and Dentistry, ressaltou o
fato de que "fumar a droga não produziu os efeitos mentais
comumente associados à cannabis de potência
total".
Para
ele, o estudo foi um passo importante e precisa ter continuidade.
Fonte: Diário da Saúde
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