Mulheres que trabalham mais de 60 horas por semana triplicam as chances de sofrer de doenças crônicas
Por Pâmela Carbonari
O estudo relaciona o tempo extra com o desenvolvimento precoce de doenças crônicas com risco de vida
Trabalhar demais aumenta o risco de câncer – e as mulheres são as mais afetadas
“Quem trabalha demais
pode estar encurtando os próprios dias. Rotina estressante, agenda
cheia e pouco descanso não estão entre as recomendações médicas
de quem quer uma vida saudável. Um novo estudo descobriu que
jornadas de trabalho maiores que 40 horas podem ser fatais para a
saúde, especialmente para as mulheres.
Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, e da Mayo Clinic queriam saber quais são os efeitos para a saúde daquelas horinhas extras no escritório. Eles analisaram os dados do Censo Nacional da Juventude (National Longitudinal Survey Of Youth) de 7.492 homens e mulheres e seus históricos médicos durante 32 anos.
O estudo foi focado na
relação entre jornada de trabalho dessas pessoas e incidência de
oito doenças crônicas: câncer (exceto câncer de pele), artrite ou
reumatismo, diabetes, doenças pulmonares, depressão, doenças
cardíacas e hipertensão.
Mais da metade deles
trabalhou entre 41 e 50 horas por semana, 13% tinha uma jornada
semanal de 51 a 60 horas, 3% ultrapassava as 60 horas – apenas um
pequeno grupo trabalhava por, no máximo, 40 horas.
O resultado da pesquisa
foi categórico: trabalhar demais eleva as chances de desenvolver
doenças crônicas – e os ficaram mais horas no trampo tiveram as
piores previsões. Quem extrapolou as 51 horas semanais no escritório
tem mais risco de sofrer de câncer e doenças cardíacas que aqueles
que foram para casa mais cedo. A possibilidade de desenvolver artrite
e diabetes também aumenta para aqueles que trabalharam mais de 40
horas por semana.
O
estudo é ainda mais alarmante para as mulheres. Os cientistas
notaram que as longas horas de labuta afetam ainda mais a saúde
delas: as que trabalharam mais de 60 horas por semana triplicaram as
chances de ter diabetes, câncer, doenças do coração e artrite. E
as que mulheres que passaram entre 51 e 60 horas no emprego
aumentaram os riscos de desenvolver hipertensão e asma.
Antes que alguém atire a
pedra de que “as mulheres são o sexo frágil”, a explicação
para essa diferença entre os gêneros é bastante simples: a jornada
de trabalho feminina não termina quando acaba. Inclusive os
pesquisadores levam isso em consideração no estudo. Grande parte
das mulheres não para de trabalhar quando sai do escritório. Elas
têm muito a ser feito para equilibrar vida pessoal, família,
filhos, casa com a carreira – a maioria delas é a principal
responsável pela organização do lar, então o acúmulo de tarefas
é muito maior. Como se isso não fosse o bastante, elas sentem
mais pressão por ter que superar questões sexistas no ambiente de
trabalho.
O professor da
Universidade de Ohio, Allard Dembe, acredita que as empresas e os
órgãos reguladores do governo devem estar cientes desses grandes
riscos, principalmente porque as despesas médicas diminuem e a
qualidade aumenta quando os empregados estão saudáveis. “Mais
flexibilidade, acompanhamento médico e suporte da empresa podem ser
um caminho para reduzir as chances de os trabalhadores ficarem
doentes ou morrerem de doenças crônicas”, afirma.
Mais uma boa razão para
pedir uma folga."
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