Tanto eleições diretas como indiretas são possíveis
Por Bruno
Leite (Advogado)
“Com as gravações feitas pelo dono da JBS, Joesley Batista, que atingem fortemente o presidente Michel Temer, tendo já alguns políticos, tanto da oposição como da situação, cogitando a sua saída, seja por uma possível renúncia ou pelo processo de impeachment, uma pergunta se espalha pelo país:
TEREMOS UMA ELEIÇÃO DIRETA? HÁ ESSA POSSIBILIDADE? OU O CONGRESSO ESCOLHERÁ DE FORMA INDIRETA O NOVO PRESIDENTE?
Como
já é sabido por parte dos operadores do direito e da população no
geral, o Art 81 de nossa Constituição deixa bem
claro que se a saída do presidente ocorrer nos últimos dois anos,
como é o caso atual do presidente Michel Temer, a eleição será
feita de forma indireta pelo Congresso, sendo esse novo eleito
designado para completar o período que resta:
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
E QUEM PODERIA SE CANDIDATAR NESSAS ELEIÇÕES INDIRETAS?
A
escolha segue a mesma linha das eleições diretas. Qualquer cidadão
que esteja parametrado com os requisitos legais, esteja filiado há
mais de 6 meses em um partido político, e seja escolhido por esse
para ser o candidato, ser brasileiro nato, ter mais de 35 anos,
requisitos que já conhecemos.
MAS
HÁ ALGUMA ALTERNATIVA PARA QUE O POVO POSSA ELEGER UM NOVO
PRESIDENTE DE FORMA DIRETA?
A
resposta é sim! E são duas!
A
primeira depende do poder
constituinte derivado
reformador e isso é simples de entender, basta haver uma emenda ao
Art 81 de nossa Carta Magna, que modifique o seu §
1º, e possibilite que mesmo passando os dois anos o povo possa
exercer o direito de escolher seu presidente, mas como sabemos, não
é um processo simples, nossa Constituição tem um modelo
rígido, de rito difícil, o que demorará para tal PEC ser aprovada.
Existe atualmente uma proposta do deputado Miro Teixeira (Rede/RJ)
que está na CCJ da Câmara, mas parada, acho que já está na hora
dos parlamentares começarem a correr, caso queiram o povo decidindo
novamente quem será o novo chefe do executivo nacional.
Outra
possibilidade depende do TSE. Há um processo contra a chapa
Dilma/Temer para ser julgado no tribunal, por abuso de poder
econômico nas últimas eleições, e caso seja confirmada a
condenação e a cassação da chapa, o povo poderá eleger um novo
presidente de forma direta, caso essa cassação não ocorra nos
últimos 6 meses do mandado, pois ai teríamos uma eleição
indireta.
O
problema é que o processo para termos essa cassação, é lento,
muito mais complicado que a primeira opção, pois caso o TSE condene
a chapa, essa decisão não será definitiva, os advogados ainda
podem interpor recurso ao próprio TSE, e se o recurso for negado
caberá recurso ao STF, um processo longo, excessivo, prolixo, que
não condiz com a situação de urgência do país.
E QUAL SERIA A SOLUÇÃO MENOS TRAUMÁTICA PARA O BRASIL?
E QUAL SERIA A SOLUÇÃO MENOS TRAUMÁTICA PARA O BRASIL?
Passando
a analisar a nossa conjuntura atual, tudo que vier depois da possível
queda do presidente Temer deixará a sociedade mais uma vez enrolada
no novelo das expectativas, e queira ou não, gera um desgosto em
nossa sociedade. Se o Congresso eleger um novo presidente, haverá
críticas, setores da sociedade não aceitarão, o país continuará
enfrentando uma crise política. Se o presidente puder ser eleito de
forma direta, ocorrendo uma das duas opções acima citadas, que
ressalto mais uma vez, são difíceis, teremos que embarcar em mais
um processo eleitoral, que é desgastante, e nesse momento gerará
receios, dúvidas; novamente eleger um presidente? Novamente ter que
aguentar uma campanha? Para quê? E se dessa vez ocorrer tudo
novamente? Impeachment?
Denúncias? O povo não suportará! Todos os caminhos se traduzem em
traumas.
Mas
darei uma opinião, que talvez seja a de muitos, acredito que o menos
dolorido e mais aceitável, menos traumático, e que pode ressuscitar
um fundo de esperança em nosso povo, seja a antecipação das
eleições, seja a aprovação da emenda que modifique o §
1º do Art 81 de nossa Constituição, mesmo que
isso demore e seja lento.
O
povo tem o direito de escolher novamente o seu presidente, tem a voz
soberana para decidir quem é o melhor para ele, tudo que fuja a isso
nesse momento é o fundo, do fundo de um poço que estamos cansados
de descer."
Fonte:
Jus.com.br
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