Candidato centrista Emmanuel Macron participou de evento de campanha em Nantes, na quarta-feira (19) (Foto: David Vincent/ AP) |
Abstenção foi de
25,38%, a maior desde 1969. Le Pen venceu em apenas 2 dos 95 departamentos
metropolitanos.
“O centrista Emmanuel Macron venceu a
eleição presidencial na França neste domingo (7) e derrotou a candidata de extrema-direita Marine Le
Pen. Na prática, a escolha pelo jovem ex-ministro da Economia do até agora
presidente François Hollande é uma opção pela política de engajamento com a
União Europeia, uma de suas principais bandeiras e fonte de discordância com Le
Pen.
Manter essa política externa, de acordo com os
especialistas, deverá ser o menor dos problemas de Macron. No entanto, para
avançar em outros projetos, o novo presidente deverá esperar por um segundo
resultado importante: de 11 a 18 de junho ocorrem as eleições legislativas
francesas e, filiado a um partido pequeno e recente com menor probabilidade de
vencer, o En Marche!, ele deverá traçar uma estratégia para angariar apoio dos
mais tradicionais.
Principais impactos da vitória de Macron
· · engajamento com a União Europeia
· · continuidade na
política externa
· · ‘justa’
acolhida de refugiados
· · impactos
domésticos dependem de eleições legislativas
As chances de o En Marche! obter a maioria
legislativa são pequenas. “Seria um milagre se o partido do Macron conseguisse
maioria no Parlamento, porque as eleições legislativas seguem uma outra lógica,
em que os partidos tradicionais têm mais força. Então, Os Republicanos, segundo
as pesquisas, devem ganhar espaço nas eleições do parlamento no mês que vem”,
diz Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais da PUC-SP.
Ainda de acordo com Poggio, a questão do
engajamento junto à União Europeia não deverá ser um embate de Macron com os
partidos mais fortes da França, como Os Republicanos e O Socialista. Há uma
concordância com relação a isso e, de certa forma, nesse quesito, a vitória do
centralista representa “um alívio”.
No entanto, Macron deve enfrentar resistência no
Parlamento para avançar outros projetos, como suas propostas de política
doméstica e ações liberais.
“A margem de manobra vai depender de como ele vai
construir o seu gabinete pós-eleições legislativas daqui a duas semanas”, disse
David Magalhães, professor de relações internacionais da Fundação Armando
Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo.
Em sua campanha, Macron disse que quer reduzir o
imposto que incide sobre as empresas (de 33,3% para 25%) para tornar o país
mais competitivo e reduzir as despesas públicas progressivamente. Ele propõe
alterar a cobrança do imposto sobre grandes fortunas - visto como bandeira da
esquerda - e exonerar 80% dos lares franceses do imposto sobre moradia.
O novo presidente tem, ainda, a polêmica ideia de
mudar o seguro desemprego: os desempregados teriam que passar por uma avaliação
de competência e seriam obrigados a aceitar uma vaga de trabalho quando
recebessem uma segunda oferta. A maior parte dessas políticas não caiu no gosto
do Partido Socialista e, inclusive, de os Republicanos.
“Conseguir aprovar isso [essas propostas] vai
depender muito das habilidades de negociação do Macron, de que tipo de aliança
que ele vai ser capaz de fazer no Parlamento”, diz Poggio. “Mas o problema é
que ele é um candidato muito inexperiente, nunca foi eleito para nenhum cargo,
além de muito jovem, e não se sabe exatamente que tipo de experiência ele tem
com essas negociações políticas”, acrescenta.
Macron disse que deve assumir sua “justa parte” na
acolhida de refugiados diante da maior crise na imigração que o continente
enfrenta desde a 2ª Guerra Mundial. Ele defende uma reformulação das condições
de pedido de asilo e promete uma decisão em oito semanas para todos os pedidos.
Por outro lado, promete “tolerância zero” contra o
crime e o combate ao terrorismo. Para os próximos 5 anos, propõe reforçar a
guarda de fronteira, criar 10 mil postos de policiais e 15 mil vagas em prisões
para abrigar pessoas envolvidas com terrorismo.
Em relação às polícias externas, espera-se que o
governo de Macron dê continuidade às posições de Hollande. “No campo da
política exterior, me parece que há uma manutenção no que a França já havia
fazendo, tanto em relação à política na guerra ao terror, quanto à participação
do país no conflito na Síria. A gente pode esperar uma continuidade no conflito
independente do resultado nas eleições legislativas”, completou Magalhães.”
Fonte: G1.com
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