A
França
se
adiantou ao Brasil e condenou o deputado federal Paulo
Maluf (PP-SP)
a três anos de prisão por lavagem de dinheiro em território
francês de 1996 a 2005. A Justiça Federal e a do Estado de São
Paulo colaboraram com o caso, compartilhando provas de ações contra
o parlamentar no país.
Segundo
a sentença, proferida pela 11ª Câmara do Tribunal Criminal de
Paris no fim do ano passado, os valores investigados são decorrentes
de desvio de dinheiro público brasileiro. Junto com Maluf, foram
condenados também sua esposa e seu filho, Sylvia Lutfalla Maluf e
Flávio Maluf.
Os
três tiveram 1,8 milhão de euros confiscados pela Justiça
francesa, obtidos de contas e valores em espécie, e, juntos, terão
de pagar 500.000 euros em multas. A família já recorreu, e a
decisão está nas mãos da Corte de Apelação de Paris.
Informada
da condenação no último mês, a Procuradoria Geral da República –
que é responsável por duas ações do MPF contra Paulo Maluf –
pede agora que a ação seja transferida da França para o Brasil,
junto com a repatriação de valores, alegando que ele é brasileiro.
Nesse caso, a Constituição veda extradição para cumprir a pena no
exterior.
A
Justiça francesa ainda não se manifestou a respeito, mas já deixou
claro que o dinheiro lavado é oriundo de corrupção
e
peculato e foi enviado para empresas offshore e bancos no exterior. A
rota do dinheiro teria sido do Brasil a um banco de Nova York,
através de um doleiro que fez as remessas aos Estados Unidos. De lá,
ele foi redistribuído para paraísos fiscais e, depois, reutilizado
em parte para comprar ações de empresas da família Maluf no
Brasil, entre 1997 e 1998.
Vale
lembrar que a investigação sobre o depósito suspeito de US$ 1,7
milhão em conta do banco Crédit Agricole na França já levou à
detenção do político em Paris em 2003. Aqui, Maluf responde a
ações penais relacionadas a desvios cometidos quando era prefeito
de São Paulo. São várias as obras suspeitas nesses casos, entre
elas, a construção da Avenida Água Espraiada (hoje, Avenida
Jornalista Roberto Marinho), que, acredita-se, causou um prejuízo de
1 bilhão de dólares aos cofres públicos. Segundo afirma o MPF, os
fundos da família Maluf teriam movimentado um total de 172 milhões
de dólares.
Engenheiro
de formação, Paulo
Maluf,
hoje com 84 anos, é uma das figuras políticas brasileiras mais
emblemáticas, descrito popularmente como aquele que “rouba, mas
faz”. Foi por duas vezes prefeito de São Paulo (a primeira vez, de
1969 a 1971) e, no âmbito do Estado, foi secretário de transportes
(1971 a 1975) e governador (1979 a 1982).
Atualmente
em seu quarto exercício como deputado federal por São Paulo, ele
responde processo também nos Estados
Unidos,
é um dos brasileiros atualmente procurados pela Interpol (polícia
internacional). Em seu próprio país, nenhuma das ações em curso
chegou ao fim, portanto ele segue vivendo e trabalhando normalmente.
Fonte: El País - Brasil
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