Ex-ministtro da Saúde, Eduardo Pazuello depõe na CPI da Covid |
Por Lauriberto Pompeu - Estadão
BRASÍLIA - "O depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira, 19, preocupa o Palácio do Planalto e tem potencial para desgastar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro na CPI da Covid. Os senadores pretendem questionar o general sobre o atraso na aquisição de vacinas, a defesa da cloroquina, o colapso em Manaus, o estímulo a aglomerações e até sobre a existência de um esquema de corrupção no ministério. Quando deixou a pasta, em março, Pazuello disse que políticos estavam insatisfeitos com ele por não terem recebido “pixulé”.
"Vamos abordar esses aspectos todos porque com Pazuello vêm a questão das vacinas, a maneira como o governo as recusou, a defesa da imunidade de rebanho e o incentivo à aglomeração. Tem tudo isso”, afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, ao Estadão.
Advogados do general têm receio de que senadores procurem cansá-lo com uma artilharia de perguntas para fazer com que ele se atrapalhe. “A estratégia mais utilizada por interrogadores em casos semelhantes é tentar cansar o depoente para que a mente falhe e o depoente se confunda, cometa erros. Ciente disso, o descanso da mente é sempre o melhor antídoto", escreveu Zoser Hardman, advogado de Pazuello, que recomendou a ele horas de repouso absoluto, nesta terça-feira, 18.
O ex-ministro conseguiu um aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar em silêncio diante de perguntas que possam incriminá-lo. Aliados do governo garantem que a medida é para evitar o que classificam como "abuso de autoridade" da cúpula do CPI. Argumentam, no entanto, que o general pretende responder todas as perguntas feitas pelos senadores. “Ele deve falar abertamente e com franqueza sobre todos os fatos que forem perguntados”, afirmou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), integrante da CPI e vice-líder do governo.
Conhecida como "Capitã Cloroquina", a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, também pediu ao Supremo autorização para ficar em silêncio na CPI, mas não conseguiu. Mayra vai depor nesta quinta-feira, 20. A secretária é apontada como responsável pelo aplicativo Tratecov, que estimula o tratamento da covid com medicamentos sem comprovação científica contra a doença, como cloroquina e ivermectina.
“O desejo da comissão não é encalacrar os depoentes nem embaralhá-los. A gente vai perguntar sobre fatos, sobre terceiros. A expectativa é que tenhamos depoimentos colaborativos”, disse Renan.
Além de Mayra, outro subordinado de Pazuello que teve a convocação aprovada pela CPI foi o coronel Elcio Franco, ex-secretário executivo da Saúde. Franco era responsável por conduzir o diálogo para a compra de vacinas contra a doença. A data do depoimento do ex-secretário ao Senado ainda não foi definida.
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