Padre Wolfgang Rothe abençoa o casal Christine Walter (D) e Almut Münster na Igreja de São Bento em Munique, como parte de uma campanha nacional sob o lema "#liebegewinnt" (O amor vence) (Felix Hörhager/AFP)
Mais de 100 igrejas em todo país se inscreveram para organizar serviços religiosos neste dia 10 de maio, ou antes, sob o lema "o amor vence", como parte de um projeto lançado por padres, diáconos e voluntários.
Nos ofícios, todos os casais serão convidados a serem abençoados, independentemente de sua orientação sexual.
"Elevamos nossa voz e dizemos: continuaremos com nosso apoio àquelas pessoas que se comprometerem com uma associação vinculante e abençoem seu relacionamento", segundo nota no site criado para o projeto.
A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), o poderoso órgão do Vaticano responsável por preservar o credo da Igreja, decidiu em março que as uniões de pessoas do mesmo sexo não podem ser abençoadas, apesar de seus "elementos positivos".
O órgão alegou, que embora Deus "nunca pare de abençoar todos os seus filhos peregrinos neste mundo (...) não pode abençoar o pecado".
Alguns padres alemães reagiram a esse anúncio com uma hashtag on-line pedindo "desobediência".
Embora alguns proeminentes bispos alemães apoiem a atitude do Vaticano, outros acusaram a CDF de buscar sufocar debates teológicos que têm sido muito comuns entre os católicos alemães nos últimos anos.
Em março, 2.600 padres e diáconos alemães assinaram uma petição, solicitando que a decisão da CDF fosse ignorada, assim como 277 teólogos.
A data de 10 de maio foi escolhida para essas bênçãos por estar ligada ao envio de um arco-íris, por parte de Deus, a Noé. Este é o símbolo usado pela comunidade LGBT.
Inspiradas por esta iniciativa, igrejas em cidades como Berlim, Colônia, Hamburgo, Frankfurt e Munique celebrarão missas tradicionais, assim como serviços ao ar livre e atividades on-line.
"Devemos reconhecer, finalmente, enquanto Igreja, que a sexualidade faz parte da vida, e não apenas no casamento entre um homem e uma mulher, mas em todos os relacionamentos amorosos, fiéis, dignos e respeitosos", disse Birgit Mock, co-presidente do grupo de trabalho sobre sexualidade do Caminho Sinodal alemão.
Wolfgang F. Rothe, um padre de Munique, abençoou cerca de 30 casais no domingo, sob proteção policial após receber e-mails com ameaças.
"Sinto a necessidade de pagar a dívida da Igreja Católica para com os homossexuais que foram discriminados e excluídos durante décadas", disse o clérigo de 53 anos.
"A ressonância é enorme", afirmaram os organizadores do projeto, referindo-se aos muitos casais que responderam ao chamado. A iniciativa deve continuar nos próximos dias.
Tanja Hollas, gerente de sistemas, decidiu aproveitar a oportunidade para dizer sim na frente de um padre para sua companheira Claudia na igreja de Santa Agnès em Hamm, no oeste do país.
"Cada vez mais pessoas aspiram a uma Igreja mais aberta, mais livre e, acima de tudo, mais moderna", comentou a mulher de 47 anos.
"Nós duas somos muito religiosas (...) e é importante para nós que a nossa união não seja selada apenas na frente do prefeito", disse ela, acrescentando que "o amor não pode estar errado"."
Fonte: Dom Total/AFP
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