Diagnóstico da depressão
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram uma nova técnica para ajudar a diagnosticar a depressão.
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram uma nova técnica para ajudar a diagnosticar a depressão.
"Geralmente, o diagnóstico da depressão e a avaliação dos resultados do tratamento são feitos mediante a aplicação de questionários-padrão. Esse tipo de instrumento tem a vantagem de estabelecer uma linguagem comum, universal.
"Mas
depende essencialmente daquilo que a pessoa fala. E negligencia um
outro aspecto, o da comunicação não verbal, que é exatamente
aquilo que a pessoa não fala. Nossa pesquisa teve por foco esse
outro aspecto," explica Clarice Gorenstein, que desenvolveu a
nova metodologia com sua colega Juliana Teixeira Fiquer.
Expressão
não verbal
A
expressão não verbal, que diz "aquilo que a pessoa não fala",
é definida por um amplo conjunto de parâmetros corporais, como
postura de ombros e cabeça; movimentos de cabeça, gerais ou de
concordância/discordância; curvatura da boca; sorriso (simétrico
ou assimétrico), movimentações de sobrancelhas (testa franzida;
levantar de sobrancelhas); contato ocular; corpo inclinado na direção
do entrevistador, silêncio, choro, entre outros.
"Esses
parâmetros podem ser observados de maneira genérica ou de modo
sistemático. Nossa pesquisa buscou exatamente definir uma
metodologia de observação sistemática - algo sobre o qual havia
muito pouco estudo, principalmente no Brasil", explicou a
pesquisadora.
A
diferenciação entre as pessoas com e sem depressão foi claramente
percebida quando os parâmetros corporais foram medidos de maneira
objetiva.
"Considerando
apenas alguns exemplos, em uma escala de pontuação de 0 a 10, foram
obtidos os seguintes resultados: sorrisos, 2,3 para o grupo-controle
e 1,0 para o grupo-depressão; contato ocular, 8,4 e 6,8. Já os
escores do grupo-depressão foram maiores do que os do grupo-controle
em relação às variáveis choro (0,8 e 0) e cabeça curvada para
baixo (1,8 e 0,7)", contou Clarice.
Resposta
automática
Além
disso, as comparações entre voluntários com e depressão sem
permitiu mostrar que a expressão não verbal pode confirmar ou
desmentir a expressão verbal, o que reforça o interesse em
incorporá-la ao processo de diagnóstico e avaliação.
"A
comunicação não verbal é uma resposta reflexa. E, a menos que
haja da parte do entrevistado uma determinação e uma capacidade
muito fortes de controlar a linguagem do corpo, esta tenderá a
expressar aquilo que não é exposto na fala, que não passa pelo
crivo da fala.
Comportamentos
sugestivos de interesse social e afetos positivos
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Comportamentos
sugestivos de desinteresse social, isolamento, afetos negativos
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Corpo
para frente (na direção do entrevistador)
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Ombro
baixo/encolhido
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Cabeça
Inclinada para a lateral
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Cabeça
curvada para baixo
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Cabeça
inclinada para cima
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Braço
cruzado
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Movimento
afirmativo de cabeça (Fazer "sim" com a cabeça)
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Movimento
negativo de cabeça (Fazer "não" com a cabeça)
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Gestos
ilustradores - movimentos com as mãos para ilustrar o que é dito
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Gestos
adaptadores - Movimentos com as mãos de automanipulação ou
manipulação de objetos, sem função clara.
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Contato
ocular com o entrevistador
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Boca
curvada para baixo
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Continuidade
da conversação - vocalizações
de interesse e concordância mediante a fala do entrevistador
(ex."hum – hum")
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Boca
apertada/achatada
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Sorriso
simétrico, considerado associado a emoções positivas genuínas
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Sorriso
com a boca "torta" (assimétrico), considerado
ambivalente, associado a emoções também negativas, como "estar
sem graça".
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Rir/
dar gargalhada
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Chorar
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Levantar
sobrancelhas
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Franzir
a testa
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Falar
|
Ficar
em silêncio
|
"Principalmente no contexto clínico, a pessoa pode querer mostrar uma melhora, que efetivamente não teve, ou pode tentar esconder uma melhora, com medo de perder o atendimento. A comunicação não verbal ajudará o avaliador a formar um quadro mais realista", concluiu a pesquisadora."
Fonte: Fapesp / Diário da Saúde
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