Em
entrevista exclusiva, imunologista Durvanei Maria diz que há muito o
que se estudar ainda sobre a substância, e que as regras da Anvisa
devem ser seguidas, mas defende que os pacientes já tenham acesso ao
composto — que, segundo ele, induz a morte de células cancerígenas
e inibe a metástase.
"Pacientes
que já utilizam a fosfoetanolamina sintética para o tratamento do
câncer devem ter assegurado o direito de continuar esse uso, ainda
que os testes clínicos para validar os efeitos da substância não
tenham sido realizados, segundo o imunologista Durvanei Augusto
Maria, que pesquisa a substância há cerca de dez anos no Instituto
Butantã, em São Paulo.
Em entrevista ao Estado, concedida na sexta-feira (1/4) em seu laboratório, Maria disse que é “favorável a todos os testes que a Anvisa preconizou”, e que muitos estudos ainda são necessários para avaliar o uso do composto como medicamento anticâncer em seres humanos. “Não sei quais são as relações medicamentosas, não sei qual é o comportamento desse composto numa criança, por exemplo. Tem muita coisa para ser feita, para ser estudada”, diz o cientista.
Por
outro lado, Maria diz ter confiança na segurança e nos efeitos
benéficos do composto — apesar de ele nunca ter sido testado de
forma controlada em seres humanos, como preconiza a Anvisa. Segundo
Maria, seus estudos mostram que a “fosfo” induz a morte de
células tumorais (estimulando um processo de morte celular
programada, chamado apoptose) e inibe a formação de metástases
(processo pelo qual células tumorais se espalham pelo organismo).
“Eu
nunca falei em cura e nunca falei em supressão de radioterapia ou
quimioterapia”, defende-se o pesquisador. “Acho que a fosfo pode
ser um adjuvante aos tratamentos que já existem.”
Perguntado
se recomendaria o uso da fosfoetanolamina a um paciente com câncer,
Maria disse que sim — desde que todas as outras alternativas
terapêuticas já tenham sido exauridas. “Acho que ele deve tomar.
Só que quem sou eu para julgar se ele deve ou não tomar?”
respondeu.
De
acordo com seu currículo na Plataforma
Lattes,
Maria tem 11 trabalhos publicados sobre a fosfoetanolamina
sintética em colaboração com o químico Gilberto Chierice, da
Universidade de São Paulo (Instituto de Química de São Carlos –
IQSC), que desenvolveu a síntese da substância no início dos anos
1990 e diz tê-la distribuído durante 20 anos para pacientes, sem
autorização da Anvisa ou da universidade. Todos os estudos foram
feitos in vitro ou com camundongos. Não há estudo com seres
humanos.
Veja
abaixo os destaques da entrevista.
Como
o senhor se interessou inicialmente pela fosfoetanolamina sintética
e começou a pesquisá-la, em colaboração com o grupo do Instituto
de Química de São Carlos?
Comecei
a trabalhar com a fosfo sem conhecer a fosfoetanolamina. Como? O
Renato Meneghelo* veio me procurar no laboratório e me trouxe um
composto para testar in vitro, falando que esse composto seria parte
da dissertação de mestrado dele. Falei para ele: Se funcionar você
fica, se não funcionar in vitro você tem de procurar outro
laboratório, porque não tenho condições de explorar substancias
que não tenham capacidade de inibir proliferação ou induzir morte
(celular).
Então nós começamos a trabalhar. O Renato fez todo o trabalho dele
aqui no laboratório. Quando eu conheci o Dr. Gilberto? No dia da
defesa (de
mestrado)
do Renato, que eu participei da banca.
(*Renato
Meneghelo foi aluno de mestrado do professor Gilberto Chierice no
Instituto de Química de São Carlos, de 2005 a 2007. A dissertação
dele, “Efeitos antiproliferativos e apoptóticos da
fosfoetanolamina sintética no melanoma B16F10”, pode ser baixada
aqui: http://goo.gl/bcG4OC)
Mas
o senhor disse que não conhecia a fosfo no início? Não te deram
nenhum background sobre o composto?
Ele
(Renato) trouxe um composto derivado de gordura. Como minha
área não é questionar o composto e sim a atividade biológica, eu
testei o que me foi entregue. Porque meu trabalho é assim: Eu não
sei qual é o composto; eu enumero o composto, com siglas ou números,
e faço os testes independentemente da origem ou das características
químicas que ele possui. É um estudo às cegas.
E
vou te falar uma coisa: Eu nunca falei em cura, e nunca falei em
supressão da quimioterapia ou radioterapia. Acho que a fosfo pode
ser um adjuvante aos tratamentos que já existem, porque nós já
fizemos testes aqui com os quimioterápicos em combinação com a
fosfo e a resposta também é satisfatória. Não tem porque não
agregar outro composto que tenha propriedades benéficas; acho que a
soma dos fatores poderia contribuir para uma melhor resposta
terapêutica, com menores efeitos colaterais. Essa é a proposta.
Acho que a fosfo pode ser um adjuvante aos tratamentos que já existem. Essa é a proposta”
O senhor acredita que a fosfoetanolamina, por si só, pode eliminar um tumor?
Partindo
do princípio que o câncer é uma doença multifatorial, isso vai
depender de várias situações: do tamanho do tumor, das condições
do paciente, do metabolismo do indivíduo — se ele tem defeitos de
metabolismo, a resposta também é parcial. Então é preciso estudar
essas interações, tanto do tipo de tumor, dos tipos de receptores
envolvidos na internalização e no processo metabólico para
entender porque um fosfolipídio tem potencial antitumoral.
Com
base nos estudos que o senhor já publicou, o que é possível
deduzir?
Nas
concentrações que eu usei*, o que essa substância faz é: Tem
capacidade de inibir a proliferação (de células tumorais),
induz apoptose (morte celular), altera o potencial elétrico
mitocondrial e libera ou induz a liberação de várias proteínas
pró-apoptóticas. Isso tudo in vitro, porque in vivo (em modelos
animais) tem outros mecanismos: Há redução do volume tumoral
em todos os modelos que estudei, e potencial de inibir a formação
de metástase. O que ocorre é uma inibição da progressão desses
tumores no modelo animal. Nunca trabalhei com humanos e nunca
prescrevi nada. Eu não trabalho com a cápsula da fosfo, trabalho
com uma solução injetável, e nós no laboratório já temos outras
formulações com maior especificidade e melhor efetividade. Eu
caminhei com os estudos, não fiquei limitado a uma solução que foi
dada inicialmente no final de 1999-2000 (no Instituto de Química
de São Carlos). Nós elaboramos outras apresentações
farmacêuticas, bem mais efetivas.
(*O
pesquisador questiona os resultados dos primeiros testes in vitro
realizados pela força-tarefa do Ministério da Ciência e
Tecnologia, com o argumento de que as concentrações usadas nos
experimentos eram muito baixas e, portanto, não havia como
funcionar. Ele divulgou uma nota de esclarecimento em um site de
apoio à fosfoetanolamina: http://goo.gl/fpG55E)
Nesses
experimentos in vivo, com camundongos, seria correto dizer que a
fosfo curou os animais? Eliminou o tumor?
Não;
ela reduz significativamente a carga tumoral; em média de 79% a 83%.
Não é uma redução de 100%. Não existe tratamento 100%. A
consequência dessa redução do volume tumoral é uma redução
expressiva da formação de metástase (processo pelo qual células
de um tumor primário se espalham pelo organismo, semeando novos
tumores em outros órgãos). É um processo de inibição da
progressão tumoral.
A consequência da redução do volume tumoral é uma redução expressiva da formação de metástase. É um processo de inibição da progressão tumoral.”
Quando
o Renato Meneghelo o procurou, o senhor tinha conhecimento que o
professor Gilberto Chierice já vinha distribuindo o composto para
pacientes, a partir do laboratório dele em São Carlos?
Não;
eu conheci o Dr. Gilberto na defesa da dissertação do Meneghelo.
Acho que ele também não tinha esse conhecimento, que antecede tanto
a presença do Renato quanto a minha inserção no grupo. É algo bem
anterior.
Agora
que o senhor tomou conhecimento da situação, qual sua opinião
sobre isso?
Eu
acho que todos os testes e todo o sistema de regulação tem que
existir. Sou favorável a todos os testes que a Anvisa preconizou,
porque eu faço esses testes no meu laboratório; entendeu? Eu faço
toxicidade, faço máxima dose tolerável, dose única. A nossa linha
de pesquisa é essa. A gente só não usa sistema de rastreabilidade,
mas essa adequação do laboratório vai chegar. A gente tem
expertise no que faz.
Mas
se o senhor é a favor das normas da Anvisa, então discorda da
distribuição do composto para paciente antes da realização dos
testes clínicos — como exige a regulação?
Não
é que eu discorde; eu não tenho essa capacidade porque não sou
médico. Quem pode distribuir ou prescrever é um médico. Eu só
assino aquilo que é da minha competência. Quem vai registrar o
medicamento e permitir que ele seja distribuído é a Anvisa; então
se ela autoriza, acho viável. Se ela não autorizou, acho que ela
tem que controlar; ou o ministério.
Uma
coisa eu acho importante: Se houve nesses 25 anos um benefício, acho
que tem de haver precaução para que os pacientes que foram
beneficiados, usaram ou estão usando o composto, sejam mantidos.
O uso compassivo, que é o direito desses pacientes de ter acesso a
qualquer outro medicamento que não seja registrado, tem de ser
mantido. O grande problema de uma droga que tem efeito metabólico é
a supressão, porque o metabolismo pode ser revertido; então a
célula vai crescer em ritmo mais acelerado sem o tratamento.
Eu só assino aquilo que é da minha competência. Quem vai registrar o medicamento e permitir que ele seja distribuído é a Anvisa
Qual
sua opinião sobre a decisão do Congresso, de legalizar a produção
e o uso da fosfoetanolamina sintética como tratamento anticâncer, à
revelia da Anvisa?
Acho
que nesse sentido, de uso compassivo, o paciente tem esse direito. Só
para quem já está usando.
E
quanto a novos pacientes?
Acho
que as coisas podem ocorrer em paralelo. Assim, o que já foi
julgado, com petição judicial, deve ser atendido. Os novos casos
poderão ser atendidos à medida que os novos resultados das fases
pré-clínicas e clínicas que os ministérios estão executando
possam ser divulgados e compreendidos — sobre segurança, se tem
efeito colateral, se tem interações medicamentosas.
O
senhor questionou os primeiros resultados desses testes, divulgados
pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Questionei
os resultados in vitro, porque o ministério não foi contratado para
produzir novos testes, mas para reproduzir testes que já foram
feitos. Eu publiquei todos os dados nas concentrações que foram
testadas no laboratório; eu sei que concentrações abaixo disso não
funcionam, ou não têm um efeito da mesma magnitude que os
quimioterápicos têm.
Independentemente
dos dados científicos, a percepção pública é que a
fosfoetanolamina sintética pode curar o câncer. Essa percepção
tem fundamento científico? Os seus estudos corroboram essa
percepção?
Corroboram
num ponto, na diminuição do tumor e na diminuição da formação
de metástase. O paciente morre porque tem metástase, entendeu?
Então, se você dá uma esperança para o paciente, que ele vai
controlar a disseminação do tumor e aumentar a probabilidade de
sobrevida, acho que é um ganho importante, como qualquer outro
tratamento. Então, associar esse tratamento a uma quimioterapia,
onde há redução do tumor, e o paciente pode ter outras condições
terapêuticas, como a cirurgia para remoção do tumor, ele tem
cura! Porque você reduz o tumor, retira cirurgicamente e impede a
formação de metástase.
Mas
seus trabalhos (não foram
feitos com seres humanos)
…
Você
viu que nos meus trabalhos a conclusão é sempre essa: É um
composto que tem capacidade inovadora de promover melhoras. Não digo
que é uma droga antitumoral, nem que cura. Nunca usei esse termo
cura, em nenhum dos meus trabalhos, não só nos da fosfo como em
qualquer outro. Acho que é muito enfático.
É um composto que tem capacidade inovadora de promover melhoras. Não digo que é uma droga antitumoral, nem que cura.”É válido pular dos seus resultados in vitro e com camundongos diretamente para uso terapêutico do composto em seres humanos?
Não,
é algo que demoraria muitos anos. Tem muita coisa para ser feita,
estudada. Não sei quais são as relações medicamentosas, não sei
qual é o comportamento desse composto numa criança, por exemplo.
Ele precisa ser estudado. O que a gente quer — eu, particularmente
— é o avanço da compreensão dos mecanismos e das interações
que esse
composto tenha nos indivíduos ou nos diferentes tipos de tumor.
Preciso ter mais conhecimento.
Isso
significa fazer testes clínicos?
O
teste clínico não vai abordar os mecanismos e as interações
medicamentosas. Ele vai ser baseado em ter uma resposta (terapêutica)
e não ter efeitos colaterais. Os mecanismos precisam voltar para o
laboratório básico, para que a gente possa entender as interações
e os comportamentos das vias de sinalização envolvidas em cada
processo. Essa está sendo a minha função aqui.
O
paciente, em geral, não está preocupado com o mecanismo de ação;
ele quer saber se a droga funciona ou não funciona. Para isso ainda
é necessário fazer os testes clínicos, ou já é possível dizer
que a fosfo funciona em seres humanos?
Quem
vai poder responder isso é o médico, que poderá avaliar o que foi
nesses 25 anos que os pacientes tomaram, associado supostamente aos
meus trabalhos, que mostram os mecanismos. Eu não tenho nem a
capacidade nem a formação para responder esse tipo de pergunta.
Digamos
que um paciente com câncer procure o senhor perguntando se deve ou
não tomar a fosfo …
Minha
opinião? Acho que ele deve tomar. Só que quem sou eu para julgar se
ele deve ou não tomar? Primeiro, é um direito dele. Segundo, efeito
colateral não promove. Benefício, trará. Então acho que pode
tomar, visto que todas as outras alternativas terapêuticas foram
utilizadas e exauridas com resultados negativos.
Então
o senhor defende que os pacientes possam tomar a fosfo desde já?
Devem
tomar junto com o tratamento quimioterápico — para diminuir a
dose, o número de sessões, os efeitos colaterais. Para o paciente
que veio me procurar e solicitou minha opinião, eu sou favorável.
Mas também sou favorável que esse paciente tenha acompanhamento
médico por um grupo que fará os testes clínicos, para que possamos
extrair informações precisas do comportamento farmacológico desse
composto, se ele está tendo benefícios, e quais benefícios.
O teste clínico tem de ser executado; o que não pode ser é moroso. Tem que ser feito num curto período de tempo.”
Favorável, então, mas dentro do contexto de um estudo clínico?
Tem
que ser dessa forma. O teste clínico tem de ser executado; o que não
pode ser é moroso. Tem que ser feito num curto período de tempo.
Nos Estados Unidos tem um princípio chamado “right to try”,
adotado em alguns Estados, pelo qual o paciente pode usar qualquer
alternativa terapêutica, em qualquer
condição de saúde, independentemente de ser terminal ou não, que
é uma grande diferença. Aqui no Brasil é uso terminal, compassivo,
para pacientes que não têm nenhuma outra alternativa de tratamento
ou sobrevida. Trazer uma nova esperança é importante. Se eu
estivesse nessas condições, eu também usaria os meus direitos de
escolha.
Nos
últimos dias começou a ser ventilada a possibilidade de se
registrar a fosfo como um suplemento, caso ela não seja aprovada
como medicamento. Qual a opinião do senhor sobre isso?
Ter
um suplemento é ter um composto que não tem controles farmacêuticos
de concentração e posologia. Acho que é complicado. Se os testes
clínicos mostrarem variações de resposta, isso poderá ser no
futuro um medicamento e não um suplemento. Como os testes clínicos
deverão conter também os estudos de dose escalonada, para
diferentes tipos de tumor, isso nunca poderá ser suplemento. O
grande problema do suplemento é não ter regulamentação de todos
os outros componentes, então as variações das apresentações
podem causar efeito lesivos. Por exemplo: se um composto tem 5 gramas
de cálcio e outro tem 10 gramas de cálcio, para o paciente que tem
câncer isso é significativo.
O
problema é que o composto seria liberado como suplemento, mas muitas
pessoas usariam como tratamento do câncer …
Esse
paciente com câncer precisa ter vários cuidados. Tem indivíduos
que têm alterações renais, hepáticas, ou renais e hepáticas;
então dar um suplemento para esse paciente é correr o risco de ter
efeitos colaterais. Não porque o composto é lesivo, mas porque o
paciente tem disfunções, em que a presença de um componente acima
do necessário — porque não tem posologia — poderia ter efeitos
colaterais. A medicina tem de ser individual, analisando a resposta
que cada paciente terá a cada droga. Deu para entender?
Não
exatamente. O senhor diz que as regras da Anvisa devem ser seguidas,
mas defende que as pessoas devem ter o direito de usar a fosfo antes
da conclusão dos testes clínicos, contrariando as regras da Anvisa
…
A
Anvisa deveria valorizar todos os estudos anteriores dos pacientes;
deveria recrutar as informações clínicas e montar um dossiê. É
algo possível de ser feito. É trabalhoso? É, mas a Anvisa tem
equipe para isso e o ministério, também. Então, deveria-se
resgatar isso! Colocar num dossiê os diversos pacientes, quanto
tempo o composto foi usado, como foi usado, as alterações, os
exames. Câncer não é tratado na farmácia nem por um farmacêutico,
é tratado por um médico oncologista num centro hospitalar. É
possível resgatar essas informações, ao mesmo tempo que esses
testes estão sendo realizados; é uma questão de logística
O professor Gilberto é uma pessoa brilhante. Ele não é curandeiro, é um químico.”
Qual
sua opinião sobre a atitude do Prof. Gilberto Chierice, de
distribuir o composto para pacientes antes da realização dessas
pesquisas?
Não
posso julgar porque não participei desse momento.
Mas
como cientista, o senhor acha correto distribuir uma substância para
pacientes sem comprovação científica da sua segurança ou
eficácia?
Difícil
dizer o que é correto ou incorreto, não é? Eu acho que precisa
haver transparência, não pré-julgamento. Acho que isso é o
problema. O professor é uma pessoa brilhante, porque produz e
sintetizou vários componentes, várias outras estruturas para outras
finalidades. Ele não é curandeiro, ele é um químico. Ele foi
professor titular, formou muitas pessoas, então ele propagou
conhecimento. Não foi um pesquisador omisso ou sustentado pela rede
pública."
O
pesquisador Durvanei Maria em seu laboratório, no Instituto
Butantan. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Fonte: Estadão / blogs HERTON ESCOBAR
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