Ministro da Educação Abraham Weintraub (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado) |
“Há
um verdadeiro "apagão" na Ciência brasileira por conta
das políticas do governo Bolsonaro e especialmente pela destruição
que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem realizado no
ensino superior no Brasil. Especialistas indicam: está havendo uma
fuga de cérebros do país.
A
Ciência não vai bem no Brasil e isso está se refletindo nas duas
principais agências de fomento do país.
A
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) mantém congeladas pelo menos 8.692 bolsas de mestrado e
doutorado, enquanto o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), já não sabe se conseguirá pagar cerca de 80
mil bolsistas até o final do ano. Ambas as
instituições não têm garantias de
que conseguirão pagar novos bolsistas a partir de 2020.
O
impasse tem sido descrito como um "apagão" na Ciência
brasileira e preocupa
especialistas.
Alguns deles avaliam que a situação deve impulsionar a saída de
cientistas do Brasil para trabalhar em instituições estrangeiras.
Para
analisar a questão, a Sputnik Brasil entrevistou Rodrigo Lins,
jornalista, escritor e professor universitário. Lins realiza uma
pesquisa acerca da evasão da força de trabalho qualificada no
Brasil.
O
professor, que reside nos Estados Unidos, estuda a chamada
"internacionalização de carreiras profissionais" através
de dados da Receita Federal.
Os
dados mais recentes da Capes, mostram que em 2015 49.735
profissionais deixaram o Brasil em busca de oportunidades em
universidades estrangeiras. Os principais países de destino foram os
EUA, com 17.517 pesquisadores, a França, com 4.265 pesquisadores, e
a Alemanha, com 4.136.
Apesar
de não haver números divulgados sobre 2019, Lins acredita que a
"fuga de cérebros" aumentou".
"A
gente ainda não tem uma estimativa exata de quantos pesquisadores
vão retornar ao Brasil após esses cortes. O que a gente sabe é que
aumentou o número de profissionais presentes no exterior",
afirma o professor em entrevista à Sputnik Brasil.
Rodrigo
Lins também explica que geralmente esses profissionais buscam
formações temporárias com perspectiva de retorno.
"O
que a gente sabe é que de fato esses cortes vão impactar nessa
volta. Vários países de primeiro mundo oferecem vistos para que
profissionais altamente qualificados permaneçam legalmente,
trabalhando legalmente no país", conta o pesquisador.
Países ricos querem pesquisadores brasileiros que escolham ficar
O pesquisar Rodrigo Lins explica também que os países ricos tem meios para segurar os pesquisadores e que a situação da Ciência brasileira deve influenciar nesse processo.
"Esses
profissionais que já estiverem um pouco insatisfeitos com essa
questão de sucateamento do ensino superior, com essa questão
econômica, vão considerar esse retorno, vão adiar esse retorno,
porque eles têm a opção de ficar se eles quiserem. E é óbvio, os
países de primeiro mundo não vão dispensar essa competência, esse
talento internacional", afirma.
O
professor universitário também acredita que o cenário político
brasileiro pode pesar na decisão de pesquisadores de deixar o Brasil
de forma permanente.
"Além
dessa questão dos cortes, pontualmente, a gente tem um cenário de
insatisfação muito grande dos profissionais brasileiros, sobretudo
os profissionais ligados ao meio acadêmico, com relação a essa
condução política", aponta.
Para
o professor, essa realidade de corte de bolsas prejudica
a ciência brasileira,
uma vez que se investe dinheiro em profissionais que podem deixar o
país devido à condução da Ciência no Brasil.
"Essas
bolsas não podem ser consideradas um gasto, elas tem que ser
consideradas um investimento", conclui.”
Fonte: Sputnik Brasil e 247
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