"Não tem que perguntar ao pai ou responsável se quer militarização. Tem que impor", diz Bolsonaro em discurso |
“Bandeira de campanha,
programa visa alcançar 10% dos colégios do país até 2026.
Bolsonaro defende que modelo educacional cívico-militar seja imposto
às comunidades, embora MEC tenha previsto adesão voluntária.”
Por dw.com
“O presidente Jair
Bolsonaro lançou nesta quinta-feira (05/09), em cerimônia no
Palácio do Planalto, o Programa Nacional das Escolas
Cívico-Militares (Pecim). A meta é implantar esse modelo em 216
escolas de educação básica em todos os estados até 2023, sendo 54
por ano.
Segundo o governo, o
objetivo é promover a melhoria na qualidade do ensino na educação
básica, com maior vínculo entre pais, alunos, gestores e
professores.
As escolas
cívico-militares são instituições não militarizadas, mas com uma
equipe de militares da reserva no papel de tutores. Em julho, o
Ministério da Educação (MEC) havia anunciado a implementação de
108 escolas nesse modelo, no âmbito do Compromisso Nacional pela
Educação Básica. Agora, a meta foi dobrada.
A implantação das
escolas cívico-militares vai ocorrer preferencialmente em regiões
que apresentam situação de vulnerabilidade social e baixos índices
no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Entre as
premissas do programa estão a contribuição para a melhoria do
ambiente escolar, redução da violência, da evasão e da repetência
escolar.
As regras para adesão ao
programa das unidades de ensino dos estados e Distrito Federal foram
definidas em decreto assinado pelo presidente. A implementação do
projeto era uma das bandeiras de Bolsonaro na campanha eleitoral.
A adesão dos estados e
municípios ao programa é voluntária e, de acordo com o MEC, os
gestores deverão realizar uma consulta pública, através da qual a
comunidade escolar comunica se deseja a mudança.
Contudo, durante
discurso, Bolsonaro defendeu a imposição do modelo. Ele mencionou o
caso do Distrito Federal, onde o sistema foi adotado em quatro
escolas, em parceria com a Polícia Militar. "Vi que alguns
bairros tiveram votação e não aceitaram. Me desculpa, não tem que
aceitar não, tem que impor", disse. "Não queremos que
essa garotada cresça e vai ser, no futuro, um dependente até morrer
de programas sociais do governo."
"Se aquela garotada
não sabe na prova do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de
Alunos] regra de três simples, interpretar texto, não responde
pergunta básica de ciência, me desculpa, não tem que perguntar ao
pai e responsável nessa questão se quer escola com uma, de certa
forma, militarização. Tem que impor, tem que mudar",
ressaltou.
Bolsonaro criticou que,
nas últimas décadas, o ensino no país "democratizou-se",
e isso teria gerado uma situação de falta de hierarquia e
disciplina dentro das escolas.
O presidente argumenta
que o bom desempenho das escolas cívico-militares está ligado à
disciplina dos alunos. "Tem que botar na cabeça dessa garotada
a importância dos valores cívico-militares, como tínhamos há
pouco no governo militar, sobre educação moral e cívica, sobre
respeito à bandeira", sublinhou.
Bolsonaro disse ainda que
o que tira um país da miséria e da pobreza é o conhecimento, e que
o Brasil tem um potencial enorme para explorar, incluindo as riquezas
da Amazônia. "Tenho oferecido a líderes mundiais, em parceria,
explorar a nossa Amazônia, nossa biodiversidade, a descoberta de
novos seres vivos para a cura de doenças, darmos um salto naquilo
que o mundo está buscando. Temos um potencial enorme para isso, mas
precisamos de cérebros, temos que trabalhar esses cérebros",
ressaltou.
O ministro da Educação,
Abraham Weintraub, afirmou que escolas cívico-militares têm um
desempenho muito acima da média e são instrumento para a melhoria
da educação no país. Segundo ele, a meta é criar 216 escolas, mas
o desafio é ter 10% de todas as escolas brasileiras no modelo
cívico-militar até o final de 2026. Para o cálculo, Weintraub já
considera a reeleição de Bolsonaro em 2022.
"As famílias sentem
muito mais segurança em deixar seus filhos nas escolas, o ambiente é
muito mais seguro, a camaradagem entre os colegas é melhor, eu
realmente tenho virado fã desse modelo", disse o ministro.
Em entrevista após o
evento, Weintraub informou que a determinação do presidente de
impor o sistema será atendida. "Se o presidente falou, a
palavra do presidente é a última do Executivo. Então, tá falado",
disse.
De acordo com o MEC, os
militares atuarão na disciplina dos alunos, no fortalecimento de
valores éticos e morais, bem como na área administrativa, no
aprimoramento da infraestrutura e organização da escola e dos
estudantes. As questões didático-pedagógicas continuarão
atribuições exclusivas dos docentes, sem sobreposição com os
militares, e serão respeitadas as funções próprias dos
profissionais da educação, que constam na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional.
Neste ano, 54 escolas
deverão aderir ao programa, em formato piloto, duas em cada unidade
da federação. A indicação das instituições deverá ser feita
pelos estados até 27 de setembro. Os colégios devem ter de 500 a
mil alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e/ou médio.
O Ministério da Defesa
vai destacar militares da reserva das Forças Armadas para o trabalho
de tutores. Eles serão contratados por até dez anos e vão ganhar
30% da remuneração que recebiam antes de se aposentar. Os estados
poderão ainda destinar policiais e bombeiros para ajudar na
administração das escolas.
O MEC investirá 1 milhão
de reais por escola, para o pagamento dos militares, melhoria da
infraestrutura das unidades e materiais escolares.”
MD/ebc/ots
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Fonte:
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E os professores civis, que trabalham em Escolas Públicas vão se aposentar? Estamos a um passo da Ditadura Militar de novo! Já temos mais de 10 ministérios com militares. E agora? O que vamos fazer, estamos retrocedendo um século. Ele elogia o Brilhante Ustra, acaba com a Comissão Nacional da Verdade, ele desrespeita o Presidente da OAB, a Comissária da ONU pelos Direitos Humanos. Era isso que queríamos para o país?
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