Por Raquel Drehmer - M de Mulher
“Os
números da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da
Saúde relacionados ao suicídio são superlativos. A cada 40
segundos, uma pessoa tira a vida no mundo; no Brasil, 30 pessoas se
matam por dia. São cerca de 800 mil suicídios por ano no planeta.
A
Microsoft News apoia a causa Setembro Amarelo, uma campanha de
conscientização e de prevenção ao suicídio da ABP, junto ao
Conselho Federal de Medicina.
É
importante entender a dimensão do problema e estar preparada para
lidar com a situação quando alguém próximo aparentemente estiver
com planos de tirar a própria vida, é preciso respeitar e não
menosprezar a dor que o outro está sentindo. Suicídio, hoje, é
considerado uma questão de saúde pública, e as possibilidades de
prevenção devem ser disseminadas pela sociedade.
Mas
nem sempre é possível agir ou mesmo perceber os sinais a tempo de
impedir um suicídio de uma pessoa querida – pode ser um parceiro
ou parceira, melhor amigo ou amiga, um familiar próximo. Ela se vai.
E você fica. Com muitas dúvidas, talvez algum sentimento de culpa e
depressão ou ansiedade como legados. Como lidar com o luto
pós-suicídio?
O
verbo do luto pós-suicídio: RESSIGNIFICAR
Em
primeiro lugar, deve-se ter a compreensão de que seus sentimentos
importam. Todos ficam em choque com o que aconteceu, é verdade, mas
você deve se levar em consideração, sim.
“Não
é egoísmo pensar em si e em como ir adiante depois de uma situação
extrema como esta. Para seguir em frente, é preciso resinificar quem foi aquela pessoa na sua vida, além de elaborar internamente
raiva, culpa, tristeza”, afirma a psicóloga Iara Santos, da
Clínica Maia.
A
psiquiatra Lívia Beraldo de Lima Basseres, mestre em psiquiatria
pelo IPS-FMUSP (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
USP), concorda e complementa: “É necessário ressignificar a
própria vida e reorganizar o dia a dia. Sempre respeitando seu
próprio ritmo, porque não existem regras de tempo de luto ou de que
passos seguir para se recompor.”
Mas
o que isso quer dizer na prática? Iara explica: “Ficam buracos, e
o luto tem que ser vivido. É saudável vivê-lo, tudo bem ficar
triste. Mas, ao mesmo tempo, se ocupar para preencher os vazios
deixados por quem cometeu o suicídio. Ir foi uma escolha do outro;
sua escolha é viver, e isso engloba procurar ser feliz novamente.”
Ou seja: a dor existe, e é natural que exista, mas, para o bem de sua saúde mental, seu viver deve continuar. De uma forma totalmente nova, ressignificada tanto no sentido da presença – agora ausência – da pessoa quanto no sentido´de compreender quem é você agora, sem ela.
Atitudes
simples para passar melhor pelo luto pós-suicídio.
Agora
vamos à parte que pode ser aplicada no dia a dia para tornar o luto
pós-suicídio menos dolorido e mais restaurador.
PROCURE:
– Fazer
planos de curto, médio e longo prazo. Passeios, viagens, lista de
livros para ler, de séries e filmes para assistir. Ocupar a cabeça
com os detalhes desses planos ajuda a não fixar o pensamento no que
passou e alivia a tristeza.
– Conversar
com pessoas queridas que você saiba que vão lhe ouvir sem lhe
julgar. Mesmo que elas não falem nada ou falem muito pouco que seja
útil na prática, desabafar lhe fará bem.
– Manter
sua rotina respeitando suas limitações emocionais. Se ir a algum
lugar lhe fizer mal, por lembrar da pessoa, não vá. Se algum
programa de TV lhe despertar tristeza, porque era algo de que ela
gostava, não assista. Mas procure voltar ao trabalho e aos estudos o
quanto antes, para manter a cabeça focada em outras coisas.
– Reconhecer
se precisa de ajuda profissional. Se essas ações não estiverem
surtindo efeito, pode ser que você precise de ajuda profissional
especializada. Procurar uma psicóloga, uma psiquiatra ou ligar para
o 188, número de telefone nacional do CVV (Centro de Valorização
da Vida), que funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana.
EVITE:
– Dar
trela para conversas que claramente só querem fazer especulação
sobre o suicídio cometido. Sejamos sinceras: muita gente não tem
interesse nos sentimentos de quem se matou ou de quem ficou e só
quer fazer fofoca. Sendo você uma pessoa próxima do acontecimento,
é natural que venham atrás de você para saber. Mas, diferentemente
do papo com pessoas queridas, essas conversas não fazem nenhum bem
para sua saúde mental. Corte mesmo, sem dó nem piedade e sem se
preocupar se está sendo indelicada: essas pessoas não pensaram em
delicadeza ao lhe abordar.
– Querer
colocar alguém no lugar da pessoa imediatamente. Fosse afetivo, de
amizade ou familiar, esse relacionamento vai deixar um lugar aberto,
que em algum momento será preenchido. Não tente colocar qualquer
pessoa no lugar à força: será sofrido para ela – que, de certa
forma e até inconscientemente, estará sendo “usada” – e para
você – que logo perceberá que não é a mesma coisa e ficará
frustrada.”
Fonte: Microsoft News e M de Mulher
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