Por Dom
Walmor Oliveira de Azevedo
Felipe
Santa Cruz
José
Carlos Dias
Paulo
Jeronimo de Souza
"Constitui
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, entre
outros, “construir uma sociedade livre, justa e solidária, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação”. Isto está escrito com todas as letras
na nossa Constituição Federal de 1988 e é aspiração do povo
brasileiro. É preciso reafirmar, no momento atual do país, com
todas as nossas forças, que a democracia é o único regime político
capaz de implementar a sociedade prevista na Carta Cidadã.
A
democracia, considerados seus próprios limites, é um dom a ser
desdobrado em valores e dinâmicas que garantam a participação, a
liberdade e o incondicional respeito aos princípios de defesa da
vida e da dignidade de toda pessoa humana. Por isso, é incontestável
e merece defesa a democracia no Brasil, fruto sofrido e amadurecido
da redemocratização inspirada na ação de destacados atores
políticos, aos quais reverenciamos; entre eles, um povo que soube
reconquistar a liberdade e os direitos confiscados.
Foi
esse povo que também legitimou, por lutas sociais, os direitos
cidadãos registrados na Carta Magna de 1988, comprometendo a todos
na sua obediência irrestrita e práticas transformadoras, pelo dever
cidadão da edificação de nossa sociedade sobre os alicerces da
igualdade e da solidariedade, garantindo o tratamento de todos como
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
O
Brasil, por seus Três Poderes, segmentos e cidadãos todos, no
horizonte e nos parâmetros sacramentados pela Constituição
Federal, sobre os alicerces do Estado democrático de Direito, não
pode permitir o enfraquecimento de suas instituições democráticas
de poder-serviço, garantindo equilíbrio entre os Poderes da
República, considerados, especialmente, o papel institucional do
Poder Executivo, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal,
sem os quais a democracia mergulhará na escuridão e se pagará um
preço ainda mais alto. Os Poderes exercem funções diferentes, mas
nenhum é maior que outro. Sem eles, não há democracia.
É
necessário e urgente, por uma lúcida compreensão e práticas
democráticas, neutralizar e vencer as ameaças a essas instituições,
pela obrigação moral de todos de defendê-las e fortalecê-las. Não
se pode, absolutamente, fomentar o risco de levar os brasileiros ao
caos do enfraquecimento e até à destruição da nossa democracia.
É
no Estado democrático de Direito que se vai avançar na urgente
busca do indispensável equilíbrio para a sociedade brasileira,
detentora de todos os recursos para a superação dos vergonhosos
cenários de misérias, com tanta pobreza, corrupção, privilégios,
milhões de desempregados, com situações de crises humanitárias,
exigindo velocidade e lucidez em respostas novas na economia, na
educação e na saúde; avançar por meio de posturas adequadas no
tratamento do meio ambiente, já tão pressionado pelos interesses
econômicos; e avançar no cuidado prioritário dos pobres e pela
exemplaridade responsável no exercício da política.
Por
isso, preocupados com os riscos do clima de afrontas e de fomento à
intolerância, juntamos forças em nossas entidades para levar esta
mensagem ao povo brasileiro.
Marcados
pelo sentido da solidariedade, sintam-se todos convocados a gestos e
compromissos com a vida, superando bravamente as crises humanitárias,
efetivando ações que façam o conjunto da sociedade brasileira
trilhar os caminhos da Justiça, com lógicas e dinâmicas novas, na
verdade e pela paz!"
Dom
Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo
de Belo Horizonte e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil)
Felipe
Santa Cruz
Presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
José
Carlos Dias
Presidente
da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns -
Comissão Arns
Paulo
Jeronimo de Souza
Presidente
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Fonte: Opinião: 15/03 - FOLHA DE S.PAULO
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