"Deputados do PSL afirmaram que o presidente Bolsonaro havia voltado atrás no contigenciamento, mas Planalto nega a informação"
Por equipe de repórteres do Correio Braziliense
“Na
véspera de uma paralisação dos trabalhadores de educação contra
cortes no orçamento das universidades federais, parlamentares da
base do governo e o Palácio do Planalto soltaram informações
contraditórias sobre como o governo deve agir com relação ao tema.
Mais
de um deputado do partido de Jair Bolsonaro afirmou, na noite desta
terça-feira (14/5), que o presidente havia telefonado para o
ministro da Educação, Abraham Weintraub, e ordenado que a pasta
voltasse atrás no corte de cerca de 30% nos orçamentos das
universidades. A informação foi confirmada ao Correio pela
deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e repetida até mesmo pelo líder
da legenda na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO).
Pouco
depois, no entanto, tanto os Ministérios da Educação e da Economia
quanto a Casa Civil desmentiram, por meio de notas, o que os
parlamentares diziam. "Não
procede a informação de que haverá cancelamento do
contingenciamento no MEC. O governo está controlando as contas
públicas de maneira responsável", afirmava o texto divulgado
pelo MEC e pela Casa Civil.
Já
a pasta chefiada por Paulo Guedes divulgou outro texto: "O
Ministério da Economia esclarece que não houve nenhum pedido por
parte da Presidência da República para que seja revisto
contingenciamento de qualquer ministério".
A
oposição aproveitou as informações desencontradas para criticar
novamente o governo. "Temos notícias desencontradas de que
teria havido um recuo do presidente em relação a esses cortes.
Ninguém sabe ao certo em que acreditar, em qual tuíte, em qual
telefonema. O fato é que mesmo esse recuo é insatisfatório.
Amanhã nós estaremos na rua", afirmou a deputada Margarida
Salomão (PT-MG).
'Decisão
tomada'
Depois
de ter sido desmentido pelo Planalto em relação ao recuo no corte
de verbas para a educação, o líder do governo na Câmara, Delegado
Waldir (PSL-GO), comentou que, ao negar a decisão, a Casa Civil
“está desmentindo o próprio presidente da República”. O
deputado falou sobre o assunto na Câmara, nesta terça-feira (14/5),
após ter visto a nota do governo.
Waldir
voltou a dizer que esteve no Palácio do Planalto com mais ou menos
10 líderes partidários nesta terça-feira (14/5), para “bater um
papo com o presidente”. Eles se reuniram a convite do líder do
governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). A ideia era conversar
sobre MP 870, reforma da Previdência e outros assuntos de interesse
do governo, mas eles aproveitaram a oportunidade para pedir que o
presidente Jair Bolsonaro recuasse na medida de contingenciamento de
recursos a universidades e institutos federais.
O
líder do PSL afirmou que o presidente atendeu “prontamente” ao
pedido, no que ele considerou um claro aceno ao Parlamento. “Pegou
o telefone, ligou para o ministro da Educação e disse: ‘ó, a
decisão tá tomada. Sem cortes e contingenciamento, não quero.
Decisão tomada’”, contou o deputado. O ministro da Educação,
Abraham Weintraub, teria tentado argumentar, mas, segundo Waldir,
Bolsonaro foi enfático na decisão.
O
ministro Onyx Lorenzoni não participou da reunião. “Chegou no
evento após a conclusão”, disse Waldir. “Talvez não tenha tido
tempo de estar com o presidente após o fato e lançou essa nota”,
ponderou, em relação à nota da Casa Civil desmentindo o recuo.
“Talvez ele (Onyx) desconheça essa decisão, mas isso nos foi
passado pelo presidente da República. Então, na verdade, a Casa
Civil está desmentindo não eu, mas o próprio presidente da
República."
Ministro
convocado
Pouco
antes, a Câmara havia imposto mais uma derrota ao governo e aprovado
a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao
plenário ,
nesta quarta-feira (15/5).
A visita foi marcada para o mesmo dia em que ocorrem as manifestações nacionais contra os cortes de verbas para universidades públicas e institutos federais, medida que ele precisará explicar aos deputados."
A visita foi marcada para o mesmo dia em que ocorrem as manifestações nacionais contra os cortes de verbas para universidades públicas e institutos federais, medida que ele precisará explicar aos deputados."
Fonte:
Correio Braziliense
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