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"Moro disse que é importante que os empresários ofereçam oportunidades aos presos que buscam oportunidades"
“O ministro
da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, defendeu, hoje (6),
que as empresas brasileiras contratem pessoas que cumprem pena ou que
deixaram o sistema prisional. Para o ministro, é importante que os
empresários ofereçam oportunidades aos presos que buscam uma
oportunidade de se reinserir na sociedade por meio do trabalho e do
estudo.
"Temos
que acreditar na ressocialização do preso. Este é um objetivo
importante. Nunca podemos perder a fé e a esperança de que as
pessoas podem se redimir. E uma das melhores maneiras é dar uma
oportunidade para estas pessoas”, disse o ministro durante a
cerimônia de entrega do Selo Resgata a 198 empresas de 15 estados.
Juntas, estas empresas contratam 5.603 pessoas. No primeiro ciclo de
certificação das companhias, em 2017/2018, 112 instituições
receberam o selo. A maioria delas, órgãos públicos. A expectativa
do ministério é ampliar este número para mil empresas em 2020 e
atrair mais empresas privadas.
Lançado
pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública no fim de 2017, o
selo é uma estratégia federal de estímulo às empresas públicas e
privadas, bem como a órgãos públicos e empreendimentos de economia
solidária, para que contratem pessoas privadas de liberdade que
estejam cumprindo penas alternativas ou que já tenham deixado o
sistema prisional.
A
contratação dos presos é feita por meio de convênios que as
empresas habilitadas a apoiar o trabalho de ressocialização assinam
com os governos dos estados onde atuam. A certificação da
habilitação é a obtenção do próprio Selo Resgata. Para obtê-lo,
a empresa tem que contar com entre 1% e 3% de presos no total de mão
de obra contratada, mediante o que, recebem algumas vantagens, como
redução das despesas trabalhistas.
Presente
à cerimônia de habilitação de mais 198 empresas, o diretor-geral
do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon,
lembrou que a Lei de Execução Penal prevê que os presos trabalhem,
não podendo, em nenhuma circunstância, receber menos que 75% do
salário-mínimo (R$ 998), não tendo algumas das garantias
trabalhistas. Deste valor, um percentual pode ser descontado a título
de custeio das unidades prisionais, como já acontece em Santa
Catarina, apontado como um estado-modelo.
Para
Bordignon, o maior benefício para os presos é a possibilidade de
reduzir sua pena, já que, a cada três dias de trabalho, um dia é
abatido da sentença a cumprir. “A Lei de Execução Penal diz que
o preso condenado é obrigado a trabalhar. Claro que tratamos isto
como um direito, já que a maioria dos detentos do Brasil quer
trabalhar. A dificuldade é que dar trabalho para os presos dá
trabalho. Então, precisamos criar estruturas nas unidades prisionais
para que elas recebam parte deste trabalho”, comentou o diretor do
Depen, admitindo que um dos desafios à iniciativa é o convencimento
de mais empresas privadas.
“Temos
que romper um certo preconceito. Também precisamos classificar
melhor os presos para que as empresas saibam que podem recebê-los. A
Lei de Execução Penal prevê as Comissões Técnicas de
Classificação para fazer isso, mas, hoje, com as estruturas
prisionais, a deficiência de servidores e de sistemas
informatizados, isso é uma dificuldade”, pontuou o diretor-geral
do Depen.
Microempresário
do ramo da construção civil, José Geraldo Rosa Júnior era o
responsável por um dos estabelecimentos que receberam o selo. Embora
esteja afastado da direção da empresa, ele compareceu à cerimônia
e garantiu que repetiria a experiência encerrada em 2018.
“Para
nós, empresários, é uma maravilha; uma vantagem”, disse Júnior,
revelando à Agência
Brasil que
os custos com a contratação de um apenado podem chegar a ser 65%
inferiores aos de outro trabalhador. O que lhe permitiu, inclusive,
vencer licitações para fornecer serviço a órgãos públicos. “Eu
fiz um teste com alguns reeducandos e consegui êxito porque o meu
valor [do serviço] era menor porque minha mão de obra era mais
barata”, acrescentou o microempresário que chegou a ter sete
apenados entre seus funcionários.
“Nunca
tive problemas. Até porque, quando você dá uma oportunidade para
eles, eles te vêm como um amigo e dão o seu melhor. Eles costumavam
chegar antes do horário e, geralmente, eram os últimos a sair”,
comentou o microempresário, explicando que o contrato que assinou
com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), do Distrito
Federal, previa que, caso houvesse algum problema, a entidade
prestaria todo o auxílio necessário – o que nunca foi necessário."
Fonte:
Agência Brasil e Brasil ao minuto
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