Por Ricardo Brito, Erich Decat, Igor Gadelha, Daiene Cardoso e Isadora Peron
"O presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta tarde de
quinta-feira, 24, o adiamento da votação do parecer do pacote
anticorrupção no plenário da Casa para a próxima terça-feira,
29. "Ninguém pode se sentir ofendido por uma decisão onde o
plenário da Câmara é soberano. Isso (anistia do caixa 2) tem sido
dito para denegrir a imagem do Parlamento", afirmou. O projeto
anticorrupção que deve incluir perdão ao caixa 2 e punição a
juízes e procuradores por crime de responsabilidade. As duas
matérias são alvo de críticas de membros do Ministério Público,
que tem pressionado a relatoria do projeto para retirá-los.
Nas últimas horas,
deputados tentavam retirar a relatoria do texto no plenário das mãos
de Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Ele é acusado por deputados de não
estar cedendo aos pedidos da Casa, favorecendo assim apenas os
pleitos do Ministério Público.
O relator, no entanto,
conversou com o Broadcast Político após falar com Maia e afirmou
que não haverá mudança nenhuma no seu relatório. "Não tem
mudança nenhuma, anistia estou fora", disse ele, referindo-se à
tentativa de deputados de incluírem perdão a quem praticou no
passado caixa 2 eleitoral.
Questionado sobre o risco
de perder a relatoria do texto no plenário, Onyx respondeu: "Acho
que agora não", sugerindo que a sua permanência no posto ficou
garantida após a reunião com Maia. Na sequência, Onyx se dirigiu
para o plenário da Casa, onde dos deputados discutem um pedido de
urgência para o projeto.
Presente na reunião com
Maia, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), defendeu que haja ajustes
no parecer elaborado por Onyx e aprovado ontem. "Estamos
tentando achar pontos de acordo. Ajustes precisam ser feitos",
afirmou. Segundo ele, entre os pontos que podem ser alterados está a
inclusão de crime de responsabilidade para juízes e promotores. "A
lei tem que ser para todos", ressaltou Jovair. Os deputados
também discutem sobre a tipificação de caixa 2 eleitoral.
Reações. O juiz federal
Sérgio Moro divulgou nota pública nesta quinta-feira, 24, alertando
para os riscos que a eventual anistia dos crimes eleitorais de
corrupção e de lavagem de dinheiro pode trazer à Operação Lava
Jato e ao ‘futuro do País’. “Toda anistia é questionável,
pois estimula o desprezo à lei e gera desconfiança”, adverte
Moro, o juiz da Lava Jato.
É a primeira
manifestação pública de Moro contra as articulações dos
parlamentares. Para o magistrado, a anistia ‘deve ser prévia e
amplamente discutida com a população e deve ser objeto de intensa
deliberação parlamentar’.
O procurador da República
Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, também
deu declarações de repúdio à possibilidade de aprovação dos
dois temas. "Anistiar crimes como corrupção e lavagem sob um
título de 'anistiar caixa 2' anularia a mensagem da Lava Jato de que
estamos nos tornando, efetivamente, uma República, um lugar em que
todos são iguais perante a lei e se sujeitam a ela,
independentemente de bolso, cor ou cargo", afirmou Dallagnol.
“Está nas mãos do plenário da Câmara, agora, fortalecer as
esperanças dos brasileiros”, disse."
Fonte:
Estadão
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