Foto reprodução |
Se o presidente da república, Jair Bolsonaro tivesse no mínimo participado da elaboração da Constituição de 1988, aprovada em outubro de 1988, por sinal foi neste mesmo ano que ele entrou para ser deputado federal saberia que na Carta Magna do país existe um artigo, o 5º que repudia qualquer censura aos meios de comunicação e a liberdade de expressão.
Não haveria motivo, para censurar "Porta do Fundos", em primeiro lugar, assiste quem quer, é um "Especial de Natal", de natureza humorística em "uma TV por assinatura", não em TV aberta.
“A
Netflix pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda decisão
do desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (TJRJ), que mandou tirar do ar o "Especial de Natal" produzido
pelo “Porta dos Fundos”. Segundo a empresa, que chamou a decisão
de “censura judicial”, sua revogação é necessária para
resguardar a liberdade de expressão. O relator é o ministro Gilmar
Mendes, mas, como a Corte está de recesso, caberá ao presidente do
STF, Dias Toffoli, tomar uma decisão.
Segundo
a Netflix, o desembargador desrespeitou decisões tomadas pelo
próprio STF que preservaram o direito à liberdade de expressão.
“Não há dúvidas de que a recalcitrância da prática da ‘censura
judicial’ representa hoje uma das maiores ameaças às liberdades
comunicativas no cenário nacional”, diz trecho do pedido da
Netflix, destacando que a liberdade de expressão é “alicerce
fundamental do Estado Democrático de Direito”.
A
decisão do desembargador foi tomada no início da tarde de
quarta-feira, às 14h20. Vinte e quatro horas depois, o "Especial de
Natal" continua no catálogo da Netflix. A plataforma ainda não foi
notificada oficialmente da decisão e, por isso, manteve a produção
no ar. Por essa mesma razão, o pedido apresentado ao STF é chamado
de “reclamação” — o recurso só seria possível após o
recebimento da notificação.
Ao
decidir pela suspensão do filme, o desembargador afirmou que, nessa
fase do processo, ainda não há como decidir se houve incitação ao
ódio público por parte da produtora e “com quem está a razão”,
mas para “acalmar os ânimos” da sociedade entende ser “mais
adequado e benéfico” suspender a exibição. O magistrado
determinou ainda a suspensão de trailers, making of, propagandas,
“ou qualquer alusão publicitária ao filme” na Netflix e em
qualquer outro meio de divulgação. O pedido foi feito pela
Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.
No
STF, a empresa lembrou que a liberdade de expressão não protege
apenas opiniões que são majoritárias dentro da sociedade. “Nesse
contexto, a simples circunstância de que a maioria da população
brasileira é cristã não representa fundamento suficiente para
suspender a exibição de um conteúdo artístico que incomoda este
grupo majoritário. Até porque a obra audiovisual questionada não
afirma nada. Vale-se do humor e de elementos obviamente ficcionais
para apresentar uma visão sobre aspectos da sexualidade humana”,
argumentou.
Destacou
ainda que os assinantes da Netlflix são livres para escolher o que
querem assistir, contando inclusive com mecanismo de controle para os
pais impedirem os filhos de verem determinados conteúdos.
A
Netflix também recorreu da decisão de outro desembargador
fluminense, Cezar Augusto Rodrigues Costa. Em dezembro, ele negou um
pedido para suspender o especial de Natal, mas determinou que a
empresa incluísse “no início do filme e na publicidade do mesmo
um aviso de gatilho de que se trata de uma sátira que envolve
valores caros e sagrados da fé cristã”. Para a Netflix, isso é
uma restrição “sem qualquer previsão constitucional”.
“Nem
se alegue, ademais, que a imposição de apresentação de um aviso
de gatilho não gera restrições suficientes para legitimar a
intervenção judicial pela via reclamatória. O assunto está longe
de ser banal. Trata-se, em verdade, de uma porta de entrada para
intervenções estatais mais severas, sem qualquer respaldo
constitucional”, destacou.
Em
nota, o Porta dos Fundos afirma que é contra “qualquer ato de
censura, violência, ilegalidade, autoritarismo e tudo aquilo que não
esperávamos mais ter de repudiar em pleno 2020”. A empresa diz que
seu trabalho “é fazer humor e, a partir dele, entreter e estimular
reflexões”.
“Para
quem não valoriza a liberdade de expressão ou tem apreço por
valores que não acreditamos, há outras portas que não a nossa.
Seguiremos publicando nossos esquetes todas as segundas, quintas e
sábados em nossos canais. Por fim, acreditamos no Poder Judiciário
em manter a defesa histórica da Constituição Brasileira e seguimos
com a certeza que as instituições democráticas serão
preservadas”.
A
Netflix também enviou um posicionamento oficial sobre o caso à
imprensa: “Nós apoiamos fortemente a expressão artística e vamos
lutar para defender esse importante princípio, que é o coração de
grandes histórias”.”
Fonte:
O
Globo / blog da cidadania
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é sempre bem-vinda!