“A
equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro foi informada por
integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU) que a contratação
exclusiva de militares para atuar no Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) é considerada inconstitucional e que, caso o governo
leve a ideia adiante, deverá promover um seleção de funcionários
que mescle militares e civis, sem canais próprios para os
aposentados das Forças Armadas. O alerta dado pelo TCU levou a novo
adiamento da publicação do decreto presidencial que vai
regulamentar artigo da lei que passou a permitir a atuação de
militares da reserva em áreas civis do setor público. A presença
desses militares em postos do INSS depende ainda de uma portaria
interministerial, sem data para ser editada.
A
contratação de sete mil militares da reserva foi a única solução
apontada até agora por Bolsonaro para a fila de quase 2 milhões de
requerimentos represados no INSS. A ideia do governo é colocar esses
integrantes das Forças Armadas no atendimento presencial nas
agências, o que liberaria entre 2 mil e 2,1 mil servidores do INSS
para a análise de benefícios. Eles se juntariam a 7,8 mil
funcionários que já estão atuando exclusivamente nessa função.
A
equipe econômica quer ainda que esses militares atuem no atendimento
a 3,8 milhões de pessoas que precisam revisar seus benefícios –
1,8 milhão precisarão provar a inexistência de irregularidades nos
benefícios e 2 milhões, fazer a revisão da perícia médica –,
como O GLOBO mostrou nesta quinta-feira. Os integrantes das Forças
Armadas permaneceriam nessa função por 12 meses, recebendo uma
gratificação de 30% do valor do salário pago. O custo estimado é
de R$ 14,5 milhões por mês, R$ 174 milhões no ano.
O
alerta do TCU foi repassado ao secretário especial de Previdência e
Trabalho, Rogério Marinho; ao secretário da Previdência, Leonardo
Rolim; à assessora especial do ministro Paulo Guedes, Daniella
Consentino; e ao procurador-geral da Fazenda Nacional, José Levi
Mello. Eles ficaram de analisar as ponderações manifestadas por
ministros do tribunal.
Um
dia depois da conversa entre ministros do TCU e integrantes da equipe
econômica do governo, Bolsonaro negou existir privilégios a
militares na proposta de contratação para o INSS.
— Está
tendo um equívoco. Por que militar da reserva? Porque a legislação
garante. Se você contratar civis, para mandar embora, entra na
Justiça, direito trabalhista, complica o negócio. O militar é
fácil. Eu contrato hoje e demito amanhã sem problema nenhum,
problema zero. Essa é a facilidade. E o pessoal está clamando por
aposentadoria. Não é privilegiar militar. Até porque não é
convocação, é convite. Facilidade que nós temos com esse tipo de
mão de obra – disse o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada
na manhã desta quinta-feira.
Bolsonaro
afirmou que o decreto que permitiria a contratação de sete mil
militares passa por ajustes junto ao TCU e deve ser publicado até
amanhã. O presidente disse que a publicação pode ocorrer ainda
nesta quinta-feira, com a sua assinatura, ou na sexta-feira, com a
assinatura do vice-presidente, Hamilton Mourão, que assumirá a
Presidência com a viagem do chefe do Executivo à Índia.
— Eu
já assinei o decreto ontem, mas mandei não publicar. Está faltando
um pequeno ajuste, junto com o TCU. Se o TCU der um sinal verde
(hoje), publica com a minha assinatura. Caso contrário, publica
amanhã com a assinatura do Mourão.
Para
integrantes do TCU, a contratação de militares da reserva só será
possível se houver ampla concorrência. A escolha de integrantes das
Forças Armadas é vista por ministros como uma “reserva de
mercado” e só seria admitida se houver uma única seleção
destinada a militares e civis.”
Fonte:
O
Globo e Blog da cidadania
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